O Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES) desembolsou R$ 55,314 bilh�es em 2019, queda real, j� descontada a infla��o, de 23,4% ante 2018. � o menor valor real desde 1996, quando o banco liberou R$ 49,477 bilh�es. Em 2019, os desembolsos do banco de fomento equivaleram a 0,76% do Produto Interno Bruto (PIB), o menor n�vel da s�rie hist�rica compilada pelo BNDES, iniciada em 1995.
Os dados foram divulgados no mesmo dia em que o BNDES informou lucro l�quido recorde de R$ 17,72 bilh�es ano passado, com resultado puxado pelas vendas de participa��es acion�rias em empresas como Fibria, Petrobras e Vale.
A diretoria capitaneada pelo presidente Gustavo Montezano assumiu em julho com a miss�o de seguir reduzindo o BNDES - em rela��o � carteira de participa��es, a meta � diminu�-la em cerca de 80% at� 2022. Em 2019, o movimento de redu��o do banco se juntou com a lentid�o na retomada dos investimentos.
Para Montezano, que assumiu o cargo propondo transformar o BNDES no "banco de servi�os do Estado brasileiro", a mudan�a de tamanho e papel implica mudar a forma de medir o desempenho. Olhar para os desembolsos seria seguir a forma de racioc�nio dos "bancos privados".
"Nossa fun��o � melhorar a qualidade de vida do brasileiro, n�o estamos preocupados com volume de desembolsos", disse Montezano, em entrevista coletiva para comentar os resultados financeiros, nesta quarta-feira.
A mudan�a de tamanho e papel do BNDES significa tamb�m aumentar cada vez mais o foco no setor de infraestrutura e nas pequenas e m�dias empresas. No primeiro caso, a prioridade � estruturar projetos de concess�o que atraiam investimentos com capital e fontes de financiamento privados, embora o banco possa financiar os casos em que h� poucas op��es.
Com isso e com a lentid�o para tirar do papel o programa de concess�es em infraestrutura, o setor desembolsou R$ 24,407 bilh�es em 2019, queda de 23% ante 2018. Ainda assim, os valores liberados ficaram acima dos R$ 8,816 bilh�es para a ind�stria, um tombo de 31,2% na compara��o com 2018. O valor desembolsado para os empr�stimos � ind�stria � o menor da s�rie hist�rica do BNDES, iniciada em 1995.
O valor liberado para o setor de com�rcio e servi�os foi de R$ 6,222 bilh�es, a metade do registrado em 2018, enquanto os financiamentos para a agropecu�ria receberam R$ 15,870 bilh�es, 4% acima dos desembolsos de 2018.
Os dados divulgados nesta quarta-feira tamb�m mostram uma freada na aprova��o de novas opera��es, que somaram R$ 63,077 bilh�es em 2019, valor 36,2% abaixo de 2018. Na s�rie estat�stica, as aprova��es de 2019 s� n�o ficaram abaixo das registradas em 1995, quando o valor ficou em R$ 54,396 bilh�es.
Os n�meros tamb�m refletem a lentid�o na retomada dos investimentos, pois as consultas somaram R$ 61,781 bilh�es em 2019, queda de 39,9% ante 2018. O valor (o menor da s�rie estat�stica iniciada em 1995) ficou t�o baixo que � tamb�m a primeira vez que ficou abaixo do registrado nas aprova��es de novos empr�stimos - em todos os outros anos desde 1995, as consultas superaram as aprova��es.
A consulta por empr�stimos � o primeiro passo no processo de pedido de cr�dito ao BNDES. Tradicionalmente, esse dado serve como indicador indireto do apetite do empresariado por financiamento de longo prazo, para investimentos, mas mudan�as operacionais dos �ltimos anos podem afetar esse comportamento. Por exemplo, o primeiro passo do processo de pedido de cr�dito passou a ser feito para a empresa como um todo e n�o projeto a projeto.
Al�m disso, o fato de Taxa de Longo Prazo (TLP), introduzida em 2018, n�o embutir subs�dio em rela��o aos juros de mercado, vem tornando outras fontes de financiamento, como o mercado de capitais, t�o atrativas quanto o BNDES.
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