
Fl�vio Machado Vilela � propriet�rio de um restaurante self-service no Funcion�rios, regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte. Ele conta que as taxas cobradas pelos aplicativos s�o altas, que impactam bastante na margem de lucro em cima dos produtos. � o principal motivo dele n�o adotar o delivery em seu estabelecimento. Geralmente � cobrado do comerciante 27% do valor de uma marmita, por exemplo. Vamos supor que ela custe R$ 30. O valor destinado � empresa do app, neste caso, � de R$ 8,10.
No primeiro dia de validade do decreto, Fl�vio abriu as portas e serviu marmitas a alguns clientes de empresas ao redor do estabelecimento. No entanto, v�rios deles j� informaram ao propriet�rio que ir�o trabalhar de casa a partir da pr�xima segunda (23). Com uma queda de 90% no movimento, Vilela pensa em manter o restaurante fechado, por enquanto. Com alguns funcion�rios de f�rias, o empres�rio manteve alguns colaboradores, sobretudo do setor de limpeza. Mas ao que tudo indica, n�o trabalhar�o por muito tempo. “Pretendo vender marmitas na segunda, mas n�o vale a pena ficar aberto para vender 10 marmitas, por exemplo”, lamentou.
Quem tamb�m n�o concorda com a pol�tica de taxas dos aplicativos � Juliana Nyrrha. Propriet�ria de um self-service, ela destacou a alta concorr�ncia nos apps. O estabelecimento dela est� cadastrado em um desde semana retrasada, e n�o registrou nenhum pedido por l�. Mas para driblar a crise durante a quarentena volunt�ria da popula��o, Nyrrha escalou um de seus funcion�rios que possui moto para fazer as entregas.
“Desde o decreto, fizemos um contato direto com os clientes para entregar. Escalamos um de nossos gar�ons que tem moto para fazer as entregas. O valor da entrega varia dependendo da dist�ncia. Tem outros estabelecimentos que trabalham com delivery. Mudei meu neg�cio em 12 horas. � toda uma log�stica. Hoje (sexta) foi bom, tive alguns problemas, mas todos entenderam”, disse Juliana, satisfeita com os resultados obtidos no primeiro dia da restri��o.
“Eu vendo uma m�dia de 180 pratos e vendemos 60, at� o momento. Foi at� bom para o primeiro dia”, ressaltou.
Maki Samgawa tamb�m prefere apostar em um servi�o de delivery fora dos aplicativos. Dono de um bar de comida japonesa sem peixe cru, no Carmo, ele confessa que passou dificuldades para implementar o sistema de entregas a domic�lio em fun��o da n�o experi�ncia. O empres�rio contou com a expertise de um entregador para dar fluidez aos pedidos.
A expectativa para os pr�ximos dias, no entanto, � incerta. Foram apenas 13 pedidos na �ltima quinta. Maki analisa medidas para tentar sobreviver no mercado. “Est� tudo sendo conversado e estudado. Dependendo da semana que vem, estudo a possibilidade de colocar todo mundo em aviso pr�vio”.
Nessa sexta, a reportagem do Estado de Minas flagrou a Guarda Municipal na porta de um restaurante na avenida Get�lio Vargas. Os agentes orientavam o propriet�rio do estabelecimento, Adilson Souza Carvalho, sobre o funcionamento depois da valida��o do decreto. Apesar de concordar com a atitude da prefeitura como cidad�o, Adilson lamentou a queda brusca de receitas.
“Proibiram de abrir, e minha receita a partir de hoje cessa. Mas n�o cessou o IPTU, apenas postergou. Ent�o n�o tem como quitar as despesas porque minha receita acabou. O problema maior � que eu tenho 16 empregados. O que fazer com eles? At� para demiti-los eu tenho um custo. � caro. Minha folha de pagamento gira em torno de 35 mil por m�s, mais 20 mil reais de custos fixos. Eu tenho que vender durante o m�s para bancar tudo isso”, desabafou.

E para quem entrega?!
Tiago Aredes, de 27 anos, percorre as ruas da regi�o da Pampulha em dias �teis para entregar pedidos, enquanto a regi�o da Savassi � a preferida dele para trabalhar nos fins de semana. No entanto, o jovem, que atua em tr�s aplicativos, percebeu queda nas entregas.

“No nosso caso, por mais que tomamos precau��o, tem restaurantes que acumulam um monte de entregadores na porta. Tem vez que ficam 20 esperando pedido. Ainda n�o � uma medida 100% eficiente. Tem servi�os que n�o podem parar, como supermercados, mas o delivery � complicado. N�o vejo como um servi�o de extrema import�ncia. Se for para juntar entregador na porta de estabelecimento, � arriscado. Eu tomo meus cuidados: afasto uns dois metros da pessoa, evito de ter contato direto, como aperto de m�os, ficamos um pouco suspeitos com dinheiro. Mas infelizmente n�o � todo mundo que tem essa consci�ncia”, concluiu.