�s moscas, lojas do Mercado Central aderem ao delivery e demitem funcion�rios
Em meio � pandemia do novo coronav�rus, comerciantes relatam queda de mais de 90% no faturamento, mesmo com a ativa��o do servi�o de entregas
postado em 24/03/2020 11:52 / atualizado em 24/03/2020 22:22
Corredores do Mercado Central vazio. No local, costumavam circular 31 mil pessoas por dia. Das 400 lojas do estabelecimento, 110, do segmento de bares e restaurantes, est�o est�o fechadas, por conta do decreto baixado pelo prefeito Kalil, que determinou o fechamento de grande parte do com�rcio. Medida visa conter a pandemia de coronav�rus (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Fundado em 1929, ano da maior crise do capitalismo financeiro, o Mercado Central de Belo Horizonte resiste de portas abertas ao forte impacto econ�mico causado pela pandemia de coronav�rus. Mas sente o baque.
Nos corredores do estabelecimento onde, segundo a administra��o central, costumam transitar 31 mil pessoas por dia, o clima nesta ter�a-feira (23) era de deserto. �s 11h – hor�rio em que o Estado de Minas percorreu o local – alguns comerciantes relataram que ainda n�o haviam feito uma venda sequer. “Nem v�rus entra aqui ultimamente”, comentou o feirante Jos� Vitor Silva, propriet�rio de uma barraca de frutas.
Para tentar driblar a fuga de clientes, o microempres�rio passou a oferecer delivery, estrat�gia adotada por boa parte das 290 lojas em funcionamento no mercado – outras 110, do segmento de bares e restaurantes, tiveram que fechar em virtude do Decreto Nº. 17.297, estabelecido pelo prefeito Alexandre Kalil para conter o surto de COVID-19. O problema, conta Jos� Vitor, � que os pedidos n�o chegam.
“Nenhum fregu�s me ligou ou mandou mensagem at� agora. Ontem, eu ainda atendi uns cinco. Mesmo assim, os que mandaram buscar a mercadoria, porque at� motoboy est� dif�cil de encontrar”, falou � reportagem.
Demiss�es
No estande de latic�nios e doces onde o jovem Willian Pascoal trabalha, o servi�o de entregas tamb�m n�o parece fazer muito sucesso. Ao longo de toda a manh�, o funcion�rio afirma ter feito apenas uma venda via WhatsApp, e quatro presenciais. “O faturamento aqui caiu 90%. Para evitar a perda dos produtos mais perec�veis, reduzimos pre�os. O pacote de p�o de queijo, que era vendido a R$ 12,90, est� saindo a R$ 4, valor de custo. O queijo meia cura, nosso carro chefe, est� 30% mais barato”, relata.
Segundo Pascoal, em virtude da crise, cinco de seus colegas foram demitidos. “O propriet�rio desse neg�cio � dono de um total de cinco lojas dentro mercado. Mandou embora um empregado de cada unidade. No caso, os que tinham menos tempo de carteira assinada”, diz o empregado.
Dono de 7 lojas no Mercado Central, Welbert Machado diz que ainda n�o precisou demitir nenhum de seus 60 funcion�rios: "Dei f�rias para todos eles" (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
Propriet�rio de sete barracas de produtos naturais, como farinhas sem gl�ten e alimentos diet�ticos, Welbet Machado optou por manter apenas um estande aberto. Ele afirma que, at� o momento, n�o fez cortes no quadro de colaboradores. “Tenho 60 funcion�rios. Dei f�rias para todos eles e vim para c� atender a freguesia junto com a minha s�cia”.
Ao fim da manh�, o movimento na loja era fraco. A reportagem observou a presen�a de apenas tr�s compradores. A mobiliza��o em torno das vendas no delivery, no entanto, era mais intensa. “N�s j� t�nhamos esse servi�o ativo h� algum tempo. Ent�o, quem comprava conosco via WhatsApp, continuou comprando. Devo ter feito perto de 15 entregas hoje. De qualquer maneira, o impacto da pandemia no or�amento aqui foi muito grande. Diria que estou faturando 5% do que ganho normalmente”.
F�
E no momento em que que muitos recorrem � f� para encarar as dificuldades, o lucro das lojas de artigos religiosos n�o parece ter decolado. Segundo Leandro Pereira, vendedor de um estande de artefatos de umbanda e candombl�, nem os banhos de prosperidade t�m tido sa�da. O empregado diz que, diante do cen�rio ruim, teme perder o emprego.
Leandro Pereira, vendedor de um estande de artigos de Umbanda e Candombl�, conta que nem os banhos de prosperidade tem sa�do nesse momento de crise. (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A Press)
“Muita gente perdeu. O patr�o n�o vende e continua cheio de despesas, como energia, �gua, aluguel… S� o aluguel desse espa�o aqui, com menos de 10 metros quadrados, � R$ 7 mil. Isso torna a manuten��o do neg�cio dif�cil, ent�o o empres�rio sai cortando cabe�as. � complicado”, pondera o profissional.
Rotina alterada
Por causa da pandemia, o Mercado central teve o hor�rio de funcionamento restrito. Agora, abre de 8 �s 17h e fecha aos domingos.
O surto viral tamb�m fez com que a administra��o do estabelecimeto reduzisse a escala de trabalho dos funcion�rios pela primeira vez em 91 anos. De acordo com a superintend�ncia do mercado, 90 dos 170 colaboradores est�o afastados, em f�rias coletivas. "A gente come�ava o dia om 2.200 pessoas aqui dentro, entre empregados do mercado e das lojas. No momento, n�o abrigamos mais que 300", conta o superintendente Luiz Carlos Braga.
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O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19: