Ruas vazias e lojas fechadas. Neste s�bado (28/03), o cen�rio dos �ltimos dias se repetiu em Belo Horizonte. A determina��o de evitar aglomera��es vem sendo seguida pela maioria da popula��o. Por outro lado, os poucos comerciantes que abriram seus estabelecimentos sentiram no bolso a estagna��o da economia.
M�rcio Parreiras, de 55 anos, � dono de uma loja de manuten��o de eletrodom�sticos na Avenida Par� de Minas, no Bairro Padre Eust�quio, Regi�o Noroeste da capital. Depois de passar uma semana sem trabalhar, ele abriu as portas. “Tenho muito medo, n�o � pouco n�o. Estou vindo trabalhar por falta de dinheiro. O arroz, feij�o, a��car e caf� est�o acabando. Ent�o, infelizmente, tive que vir”, afirmou M�rcio, que sustenta a mulher, de 40, e o filho, de 15.
Com olhos marejados e voz embargada, ele desabafou: “Sei que estou arriscando, tenho quase 60 anos, mas a �nica carreira que tenho � essa aqui.” O isolamento social abalou emocionalmente o comerciante que, em 30 anos de trabalho, jamais parou de trabalhar por mais de uma semana.
"Tenho muito medo, n�o � pouco n�o. Estou vindo trabalhar por falta de dinheiro. O arroz, feij�o, a��car e caf� est�o acabando. Ent�o, infelizmente, tive que vir"
M�rcio Parreiras, dono de loja de manuten��o de eletrodom�sticos
“O povo tem de ficar em casa, mas como � que eu fico em casa? Vim ver se consigo pelo menos uns R$ 100 pra fazer uma comprinha. Sou um cara forte, n�o choro perto da fam�lia para n�o enfraquecer, mas estou emocionado de te dar essa entrevista porque a coisa t� feia. Mas sou forte. Isso a� vai passar. Deus � poderoso”, disse
Ao lado da loja de M�rcio, outro comerciante abriu as portas, mas por outro motivo: n�o se conforma com as medidas de preven��o recomendadas por �rg�os ligados � sa�de. “Quero que o com�rcio volte a trabalhar. Isso � politicagem. O aposentado tem de ficar em casa mesmo, porque tem o sal�rio dele todo m�s. N�s, trabalhadores, dependemos da renda do nosso trabalho”, disse Volnei Fernandes dos Reis, de 40, propriet�rio de uma loja de roupas.
Com manequins � mostra no passeio, o empres�rio prev� preju�zo de cerca de R$ 2 mil durante a quarentena. H� vendas, mas elas se reduziram. “Aqui n�o tem perigo, tem �lcool gel, fazemos a higieniza��o normal”, diz.
Lojas fechadas ou vazias formavam o cen�rio da Avenida Pedro II, conhecida pelo com�rcio intenso de pe�as, servi�os e revenda de autom�veis. Na Avenida Silva Lobo, Regi�o Oeste de BH, as manh�s comumente agitadas deram espa�o para o sil�ncio. S� se ouvia o som vindo de pessoas que caminhavam na pista de cooper. O clima era o mesmo na Regi�o Centro-Sul. S� havia uma padaria funcionando na antiga Pra�a Jos� Cavalini, no Bairro Cora��o de Jesus.
Na Avenida Prudente de Morais, um jovem comerciante teve de se reinventar. Dono de uma loja de artigos de presente e papelaria, Daniel Ferreira da Silva, de 25, passou a vender �lcool em gel e m�scaras de tecido. “O movimento de todos os dias est� bem fraco. Optamos pela retirada dos produtos no balc�o, fazemos entregas e trabalhamos com hor�rios reduzidos”, contou.
DEMISS�O Propriet�rio da loja h� seis anos, ele tem medo do coronav�rus e prev� demiss�es. “S�o quatro funcion�rios, estamos todos preocupados. Tem de ter apoio do governo, diminuir os impostos. Pago aluguel e n�o sei como vai ficar”, lamentou. Na porta da loja para atrair o cliente, a embalagem de 420ml do �lcool em gel custa R$ 29,90, o que causa espanto na freguesia. “Isso n�o me salva, porque vem com pre�o muito alto do fornecedor”, afirma Daniel.
O secret�rio de Estado de Sa�de, Carlos Eduardo Amaral, ressaltou a necessidade da quarentena em casa para conter o avan�o do coronav�rus em Minas. “Neste momento, o isolamento � essencial. Entendemos as press�es do setor econ�mico”, afirmou, garantindo que assim que houver a sinaliza��o de que as medidas est�o tendo resultados, novos procedimentos ser�o avaliados.
O que � o coronav�rus?
Coronav�rus s�o uma grande fam�lia de v�rus que causam infec��es respirat�rias. O novo agente do coronav�rus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doen�a pode causar infec��es com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.
Como a COVID-19 � transmitida?
A transmiss�o dos coronav�rus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secre��es contaminadas, como got�culas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal pr�ximo, como toque ou aperto de m�o, contato com objetos ou superf�cies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.
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Como se prevenir?
A recomenda��o � evitar aglomera��es, ficar longe de quem apresenta sintomas de infec��o respirat�ria, lavar as m�os com frequ�ncia, tossir com o antebra�o em frente � boca e frequentemente fazer o uso de �gua e sab�o para lavar as m�os ou �lcool em gel ap�s ter contato com superf�cies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.
Quais os sintomas do coronav�rus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas g�stricos
- Diarreia
Em casos graves, as v�timas apresentam:
- Pneumonia
- S�ndrome respirat�ria aguda severa
- Insufici�ncia renal
Mitos e verdades sobre o v�rus
Nas redes sociais, a propaga��o da COVID-19 espalhou tamb�m boatos sobre como o coronav�rus � transmitido. E outras d�vidas foram surgindo: O �lcool em gel � capaz de matar o v�rus? O coronav�rus � letal em um n�vel preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar v�rias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS n�o teria condi��es de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um m�dico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronav�rus.
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