Mesmo antes do isolamento social, que vem reduzindo a demanda por combust�veis de maneira dr�stica no Brasil e no mundo, a produ��o de derivados de petr�leo j� registra recuo. Dados de fevereiro da Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) mostram quedas de produ��o de gasolina de 7,7% e de 12% do querosene de avia��o (QAV) em rela��o a janeiro, derivados mais afetados pela redu��o da mobilidade em meio � pandemia do coronav�rus.
J� o diesel usado pelos caminh�es, respons�veis por 80% do transporte da carga no Brasil, teve queda de produ��o de 1,2% em fevereiro, e dever� ser um dos menos afetados durante a crise do coronav�rus pela necessidade do transportes de alimentos, medicamentos e outros itens necess�rios � manuten��o da sobreviv�ncia da popula��o.
Al�m da queda da demanda, o setor de derivados sofre tamb�m com a queda de pre�os. Os postos de abastecimento do Pa�s tiveram as vendas reduzidas pela metade em mar�o, segundo o presidente da Fecombust�veis, Paulo Miranda Soares.
A brusca redu��o do pre�o da commodity, que esta semana registrou o menor valor em duas d�cadas, acendeu o alerta vermelho no setor, que espera apoio do governo para evitar "uma quebradeira geral", segundo informou Soares ao Broadcast (sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada.
At� o momento, por�m, nada de concreto foi anunciado. S� na ter�a-feira o Minist�rio de Minas e Energia (MME) criou comit� para estudar medidas de emerg�ncia para o setor de petr�leo e g�s, que j� vislumbra uma queda maior ainda em mar�o.
De acordo como o analista da FCStone Thadeu Silva, as refinarias j� n�o tem mais onde estocar petr�leo e derivados e a tend�ncia � realmente reduzir ainda mais a produ��o. Por este motivo, ele prev� que o petr�leo possa cair para um patamar ainda menor, em torno dos US$18/US$ 16 o barril do tipo Brent, atualmente oscilando por volta dos US$ 22 o barril.
"Tem que cortar pre�o para reduzir a oferta, porque n�o tem mais onde enfiar (petr�leo), � uma dificuldade muito grande voc� estocar, � um custo extra e a produ��o come�a a ficar negativa", explica Silva.
J� a coordenadora de pesquisa da Funda��o Get�lio Vargas Energia (FGV Energia), Fernanda Delgado, lembra que a China, maior importadora mundial de petr�leo j� reduziu as importa��es em 3 milh�es de barris por dia no in�cio de mar�o, quase o mesmo volume produzido pelo Brasil.
Em artigo para a FGV, Delgado afirma que a queda do pre�o do petr�leo n�o � boa para ningu�m, e pode impactar inclusive os projetos de energia renov�veis, j� que o combust�vel f�ssil dever� ficar mais tempo nas matrizes energ�ticas e adiar projetos de energia limpa, "T�o importantes ao mundo hoje em �pocas de aquecimento global e mudan�as clim�ticas", concluiu.
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