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Estado de Minas ECONOMIA

Importante � mostrar para mercado que voc� voltar� 'aos trilhos', diz Campos Neto


postado em 09/04/2020 17:33

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta quinta-feira, 9, em entrevista ao portal UOL, transmitida ao vivo pela internet, que o Brasil precisa sinalizar claramente que, ap�s a crise do novo coronav�rus, voltar� aos "trilhos" do ajuste fiscal e do controle das contas p�blicas. Do contr�rio, avisou, h� risco de reflexo na curva de juros.

No dia em que a C�mara dos Deputados discute um projeto de socorro a Estados e munic�pios que tem sido classificado como uma "bomba fiscal" por economistas, Campos Neto tamb�m frisou que as vota��es no Congresso Nacional t�m reflexo nessa percep��o de risco sobre o Pa�s.

"� medida que voc� tem essas medidas fiscais e, por exemplo, dias em que aparecem projetos muito criativos no Congresso, o que acontece com a curva de juros? Ela sobe, exatamente porque volta a precificar essa incerteza", disse Campos Neto, sem mencionar especificamente nenhuma proposta em tramita��o no Legislativo.

Segundo Campos Neto, um dos fatores que permitiu a queda da taxa de juros no Brasil foi a percep��o de que o Pa�s come�ou a embarcar num "mundo de menos p�blico e mais privado". Nesse contexto, o teto de gastos (mecanismo que limita o avan�o das despesas � infla��o) e a reforma da Previd�ncia foram acontecimentos importantes para abrir caminho � redu��o dos juros.

"A din�mica fiscal � muito importante, porque ela muda a taxa neutra. E hoje, obviamente, voc� tem dois componentes. Uma agenda que vinha sendo tocada e num momento de emerg�ncia n�o vai sair da pauta, mas ela sofre um atraso. E tem um outro ponto que � essa sa�da do trilho que n�s temos que fazer, e � importante, para garantir o emprego, a sobreviv�ncia das pessoas e garantir a estabilidade do Pa�s, ela tem um custo fiscal. Ent�o voc� vai terminar com um equil�brio fiscal um pouco pior", disse Campos Neto. "Aqui o mais importante n�o � a sa�da do trilho, o desvio. O maior importante � mostrar para o mercado, ter dispositivos que fa�am com que o mercado acredite que voc� vai voltar pro trilho na frente. Ent�o quanto mais separado for a administra��o, quanto mais separado for os or�amentos de crise, quanto mais claro ficar que n�s vamos voltar (para o trilho), menor vai ser o custo", afirmou o presidente do BC.

Apesar do alerta, Campos Neto disse entender que o Brasil tem capacidade de responder � crise "saindo e voltando para o trilho".

Aux�lio emergencial

O presidente do Banco Central avaliou que o aux�lio emergencial lan�ado pelo governo, que prev� o pagamento de R$ 600 por m�s, por tr�s meses, a trabalhadores de baixa renda, � uma oportunidade para as institui��es que t�m n�vel alto de capilariza��o. Neste sentido, ele citou a Caixa Econ�mica Federal como o banco com mais capilaridade.

O benef�cio, que come�ou a ser liberado pelo governo nesta semana, � voltado para trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), aut�nomos e desempregados. A Caixa � a respons�vel pela opera��o. Campos Neto lembrou ainda que 54% das pessoas que est�o nas classes D e E n�o t�m conta em banco.

Concentra��o

O presidente do Banco Central afirmou que trabalha para que a crise gerada pelo coronav�rus n�o resulte em um sistema banc�rio mais concentrado. Este foi um dos efeitos da crise financeira global de 2008, que reduziu o n�mero de institui��es e concentrou o mercado em v�rios pa�ses, incluindo o Brasil. "Todas as grandes crises trocaram estabilidade por sistema mais concentrado", pontuou Campos Neto. "Estamos trabalhando para que isso n�o ocorra."

Neste sentido, ele lembrou a��es que est�o em andamento, como a do estabelecimento do open banking - sistema que permitir� o compartilhamento de dados de clientes de bancos e, com isso, aumentar� a oferta de servi�os financeiros.

"A tarefa � n�o deixar que a crise nos leve a um ponto anterior", disse Campos Neto. "Nosso sistema, apesar de concentrado, � relativamente competitivo. Precisamos continuar a fomentar as fintechs (empresas de tecnologia financeira), o cooperativismo", acrescentou.

O presidente do BC reconheceu, no entanto, que existe a preocupa��o em evitar a maior concentra��o banc�ria ap�s a crise provocada pela covid-19.

Contratos

Campos Neto disse que o formato e a velocidade de recupera��o do Brasil ap�s o choque da pandemia do novo coronav�rus dependem de uma s�rie de fatores, entre eles a manuten��o de contratos. Ele afirmou ainda que alguns setores est�o sofrendo baques maiores, mas avisou que o BC n�o ajuda diretamente empresas, apenas por meio do cr�dito. "O formato da nossa volta vai depender de muitos fatores, mas tem um fator que tem me preocupado e acho muito importante passar a mensagem, que �: todos n�s temos que cumprir contratos. � importante cumprir contratos na economia", comentou.

E avisou: "N�o quer dizer que n�o possa renegociar, �s vezes as duas partes podem negociar. Mas se os governos permitirem quebra de contrato, se as grandes empresas come�arem com conversa de querer quebrar contrato, a� a gente vai ter uma recupera��o da economia muito mais lenta e mais sofrida."

O Congresso Nacional chegou a aventar propostas para suspender pagamentos de alugu�is. A medida, por�m, acabou ficando de fora das medidas votadas pelo Legislativo.

Campos Neto disse ainda que o impacto da crise na economia atinge setores de maneira distinta. Alguns estavam "indo bem" e foram prejudicados, outros estavam "em situa��o delicada" e pioraram, e "alguns poucos s�o vencedores".

Ele afirmou que a houve melhora ligeira nos setores de supermercados, farm�cias, enquanto o segmento de com�rcio online est� praticamente est�vel. J� os setores a�reo e de autom�veis est�o sentindo impactos mais duros, afirmou Campos Neto. "Tem outros setores que eram mais problem�ticos e v�o sofrer", afirmou.

No diagn�stico tra�ado por ele, grande parte dos servi�o deve ter problemas nos pr�ximos meses. "O Banco Central n�o d� dinheiro, n�o ajuda diretamente as empresas, s� atrav�s do cr�dito", ponderou.


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