Mais de 4 mil empres�rios assinaram at� o in�cio desta semana um manifesto em que se comprometem a n�o cortar funcion�rios por ao menos dois meses, apesar dos reflexos da pandemia da covid-19 na economia. Ainda que o abaixo-assinado, publicado h� mais de dez dias, n�o tenha valor jur�dico, apenas simb�lico, a expectativa dos organizadores � preservar at� 2 milh�es de empregos.
Criado no �ltimo dia 3, por iniciativa da �nima Educa��o, o site naodemita.com conta com assinaturas de empresas de grande porte, como as varejistas Magazine Luiza e GPA (das redes P�o de A��car e Extra), os bancos Santander e Ita� Unibanco e fabricantes de cosm�ticos, como Natura e Botic�rio.
Quando a ideia surgiu, 40 empresas se interessaram pela iniciativa, conta o presidente do conselho da �nima Educa��o, Daniel Castanho, que lan�ou o projeto. A empresa tem mais de 8 mil colaboradores.
Nos dias seguintes, Castanho passou a estimular empresas de todos os portes a aderirem.
"Escrevi um manifesto, mas o n�mero de pessoas que se interessaram foi t�o al�m das expectativas que acabou virando um movimento", conta o executivo. "A ideia era provocar outras empresas. A responsabilidade do empres�rio � fazer com que o impacto na economia agora seja o menor poss�vel."
Como o valor do abaixo-assinado � simb�lico, quem aderir e descumprir corre o risco de ser exposto nas redes sociais pelos pr�prios funcion�rios, diz Castanho. "Mas a inten��o de todos � positiva. As empresas t�m de entender que fazem parte de um ecossistema em que a sa�de de todos os neg�cios depende da manuten��o dos empregos."
No in�cio do m�s, o Santander divulgou estudo prevendo que o pior momento da crise econ�mica no mercado de trabalho deve acontecer no fim do segundo trimestre.
O banco � um dos que assinam o manifesto. "Em 23 de mar�o anunciamos nosso compromisso p�blico de n�o demitir funcion�rios durante o per�odo cr�tico da pandemia. Na semana anterior, j� hav�amos divulgado a decis�o de antecipar todo o 13.� de nossos funcion�rios para pagamento em 30 de abril", conta Vanessa Lobato, vice-presidente de Recursos Humanos do banco no Brasil.
O "N�o Demita" ocorre na contram�o da postura de empres�rios como Junior Durski, dono da rede de restaurantes Madero, que declarou logo no in�cio das medidas de isolamento social que cortaria mais de 600 funcion�rios por causa da perda de faturamento causada pela pandemia da covid-19.
Readequa��o
J� � esperado que a crise causada pela pandemia tenha impacto profundo na atividade econ�mica do Pa�s. Um relat�rio divulgado pelo Banco Mundial aponta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve cair 5% este ano, o pior resultado em 120 anos.
A pandemia adiou projetos e fez com que as empresas brasileiras lan�assem m�o do caixa para evitar cortar funcion�rios.
Segundo Castanho, da �nima, � preciso refor�ar que as medidas de isolamento social, recomendadas pela Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) s�o importantes, mas que a crise ser� superada e as empresas devem rever a estrutura de custos, ver as medidas anunciadas pelo governo que podem auxiliar e abrir m�o dos resultados deste trimestre, para evitar demitir.
"Da mesma forma que � imposs�vel ter um isolamento de 100% e v�rios servi�os precisam continuar, nem todo mundo vai poder deixar de demitir. Mas quem pode manter empregos deve honrar tanto o compromisso que tem com as pessoas que trabalham na sua empresa quanto o que j� havia sido acordado com fornecedores, para n�o ter demiss�o indireta."
O executivo tamb�m lembra que, al�m do compromisso social, as empresas que aderirem ao "N�o Demita" devem ser recompensadas pelo consumidor quando a crise passar e que a rela��o com os pr�prios funcion�rios dever� ser melhor.
No caso da cal�adista Bibi Cal�ados, as �ltimas semanas t�m sido de faturamento quase zero. Ainda assim, a empresa reviu custos de produ��o, abriu m�o de projetos que havia desenhado no in�cio do ano e assinou o manifesto para n�o demitir seus mais de 1,2 mil funcion�rios durante a pandemia.
"A partir desta semana, parte dos funcion�rios em f�rias coletivas v�o ter jornada reduzida e uma parte contrato de trabalho suspenso. Estamos usando esse refor�o, previsto pelo governo, agora, e a prorroga��o de impostos tamb�m. A inten��o � evitar ao m�ximo demitir", diz Andrea Kohlrausch, presidente da fabricante ga�cha.
Com 900 funcion�rios, a Cultura Inglesa adotou o trabalho remoto e as licen�as remuneradas durante a quarentena. "Adequamos nosso modelo de ensino ao cen�rio atual, mudando as aulas presenciais para o formato ao vivo pela internet, sem alterar hor�rios nem professores", conta Marcos Noll Barboza, presidente da escola. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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