O Ita� Unibanco espera que a pandemia de coronav�rus encurte 'em alguns anos' seu processo de digitaliza��o. Envolvido em um projeto de revis�o do bra�o de varejo, o maior banco da Am�rica Latina teve de tra�ar um plano de travessia para socorrer pessoas f�sicas e empresas por conta da crise e j� trabalha na pr�xima etapa, batizada de day after, dia seguinte na tradu��o livre.
"O dia seguinte tamb�m j� est� sendo preparado. Dentro do cap�tulo de digitaliza��o, estamos tomando coragem para fazer testes importantes para aumentar a velocidade e a intensidade da nossa digitaliza��o", diz o diretor executivo respons�vel pelo Banco de Varejo do Ita� Unibanco, Andr� Rodrigues.
Nesta quarta-feira, 22, o banco anunciou uma nova etapa na agenda de gest�o da turbul�ncia, na qual tra�ou, nas �ltimas semanas, um programa para apoiar a sa�de financeira de seus clientes. Al�m de aumentar o prazo de car�ncia, de 60 para at� 120 dias para pessoas f�sicas e 180 dias para empresas, o banco esticou os prazos das d�vidas para cinco ou seis anos, mantendo os mesmos juros.
O Ita� tamb�m est� disposto a conceder cr�dito novo, considerando que fam�lias e empresas necessitar�o de f�lego maior para superar os estragos da pandemia em sua vida financeira. Foram mapeados 8 milh�es de clientes e empresas com faturamento at� R$ 30 milh�es por ano. No todo, as medidas devem alcan�ar a maior parte dos clientes do banco, em um total de 20 milh�es de pessoas e mais de um milh�o de pequenas e empresas e R$ 180 bilh�es em cr�dito - considerando pessoas f�sicas e jur�dicas.
O Ita� n�o abre, contudo, o quanto espera emprestar, mantendo sob sigilo o tamanho de seu apetite na crise. Desde o estopim da pandemia no Pa�s, as institui��es financeiras viraram alvo generalizado de cr�ticas por restringirem o cr�dito e mudarem o rating dos clientes diante da deteriora��o do cen�rio econ�mico, o que sustentou o aumento dos juros. Os bancos, por sua vez, t�m refor�ado o discurso de que s�o a 'solu��o' e n�o o 'problema' nesta crise e, a cada semana, t�m feito novos an�ncios para apoiar pessoas f�sicas e empresas.
Essa agenda de travessia da crise, conforme Rodrigues, deve ganhar for�a nos pr�ximos meses com as novas medidas divulgadas hoje. Elas, por sua vez, devem ajudar o banco a controlar o impacto do aumento da inadimpl�ncia.
Em paralelo, o Ita� prepara o dia seguinte, quando espera que sua opera��o, de mais R$ 1,7 trilh�o em ativos, seja mais digital. Nos �ltimos anos, o Ita� j� colheu frutos. O n�mero de correntistas que usam os canais digitais no banco de varejo subiu de menos de 10 milh�es, em 2017, para 12,5 milh�es no ano passado.
Apesar de ter causado reviravolta na vida de empresas e pessoas, a pandemia do novo coronav�rus 'turbinou' as tr�s alavancas essenciais para que o banco se torne mais digital: aumentou a propens�o dos clientes a se digitalizarem; ampliou a capacidade de entrega do banco e a forma de trabalho. Um exemplo pr�tico � o salto nas renegocia��es de d�vidas por meio de canais digitais, cuja parcela passou de 2% para 40% em meio � crise.
"A gente poderia encurtar eventualmente em anos. O que seria uma janela de desenvolvimento natural de tr�s a cinco anos pode vir muito mais para um, dois anos", diz Rodrigues.
Segundo ele, � um ganha-ganha tanto para a institui��o quanto para os clientes. Enquanto os correntistas ganham comodidade do mundo digital, o banco gere custos.
Apesar de ag�ncias f�sicas representarem mais da metade das despesas dos grandes bancos, Rodrigues diz que a institui��o est� satisfeita com a rede, que sofreu baixa de 400 ag�ncias no ano passado. Sobre as unidades que fecharam as portas durante a pandemia - ao menos outras 400 -, ele afirma que todas ser�o reabertas ainda. Segundo fontes, por�m, o banco j� est� entregando alguns pr�dios alugados.
De acordo com Rodrigues, o banco teve de fechar cerca de 800 ag�ncias em meio � pandemia por duas raz�es. Primeiro, porque foi obrigado por decretos estaduais e municipais. Fechou, com isso, mais de 400 ag�ncias. Al�m disso, decidiu reduzir o atendimento presencial nos lugares em que n�o era necess�rio a oferta do servi�o e representava risco para seus funcion�rios.
Ao fim de dezembro, o Ita� contava com 3.158 ag�ncias f�sicas no Brasil. "Temos mais ou menos um quarto das nossas ag�ncias fechadas... Do que est� fechado agora, 100% ser� reaberto (ap�s a crise)", diz Rodrigues.
O diretor do banco diz que s�o apenas "casos pontuais" com alguns inquilinos. "As ag�ncias continuam funcionando, os caixas eletr�nicos e a retaguarda tamb�m", afirma o diretor comercial do Ita�, Carlos Vanzo.
O banco investiu cerca de R$ 80 milh�es para aparelhar ag�ncias durante a pandemia. Os recursos foram destinados, dentre outras medidas, para a aquisi��o de �lcool em gel, divis�rias acr�licas e equipamentos de prote��o individual (EPIs) para quem est� na linha de frente.
Para o m�dio e longo prazo, por�m, � natural impacto no sentido de fechamento de ag�ncias, diz Rodrigues. Por ora, afirma, essa n�o � agenda do Ita� e um �ltimo rescaldo de redu��o da rede f�sica n�o chegaria � metade do n�mero de unidades encerradas no ano passado.
Atrelado � revis�o do banco de varejo, o Ita� preparava uma repagina��o das suas ag�ncias f�sicas. No fim do ano passado, foram inauguradas duas novas ag�ncias modelo. Mais 550 devem passar pelo mesmo processo e v�o atuar como "pulm�es" para outras unidades e, consequentemente, para a opera��o do Ita�.
"O movimento � muito mais de reocupa��o das ag�ncias", afirma Rodrigues. Al�m de novas instala��es, ter�o um atendimento mais especializado, com especialistas em �reas como seguros e investimentos.
A mudan�a ocorreria ainda no primeiro semestre deste ano, mas foi paralisada por motivos �bvios. O Ita� espera, contudo, retom�-la em breve, t�o logo a pandemia d� uma tr�gua no Brasil.
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