A crise do coronav�rus fez dos bancos tradicionais o principal meio de os brasileiros receberem aux�lios governamentais em forma de repasses financeiros ou empr�stimos subsidiados. A afirma��o � do presidente e fundador do Nubank, David V�lez, justamente a mais conhecida fintech do Brasil, que participou na quarta-feira, 22, da s�rie de entrevistas ao vivo Economia em Quarentena, do jornal O Estado de S. Paulo. Ele questiona, no entanto, se esse movimento do setor ser� de longo prazo: "Para mim n�o ficou muito claro se os bancos fizeram uma mudan�a t�tica nessa crise ou se isso representa uma mudan�a mais sist�mica da cultura".
O executivo diz que o Nubank e outros bancos digitais merecem parte do cr�dito pela mudan�a de atitude, ainda que tempor�ria, dos gigantes do setor: "Eles (bancos) t�m reagido admiravelmente nesta crise e inovado em atender os clientes. De alguma forma, a gente se sente parte respons�vel por essa rea��o. Temos batido h� sete anos nessa tecla sobre a forma de se diferenciar e de oferecer servi�o".
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.
V�rias fintechs t�m demitido na crise. Como a turbul�ncia est� afetando o Nubank?
Estamos retendo funcion�rios. Fomos uma das primeiras a trabalhar em home office, e estamos atendendo a 23 milh�es de clientes no Brasil e no M�xico. Oferecemos uma combina��o de solu��es, como refinanciamento de faturas, com corte de at� 85% nos juros do cart�o de cr�dito. Criamos um fundo de R$ 20 milh�es para ajudar nossos clientes a obter telemedicina e aux�lio psicol�gico. Com esse dinheiro, fizemos ainda parcerias com iFood e Rappi para entregar fraldas aos que n�o podiam comprar esse produto.
As fintechs vieram para desafiar os bancos tradicionais. O sr. acha que os bancos t�m recuperado parte da imagem arranhada durante essa crise?
Com certeza. Eles t�m reagido admiravelmente e inovado em atender os clientes. De alguma forma, a gente se sente parte respons�vel por essa rea��o. H� sete anos temos batido nessa tecla sobre a forma de se diferenciar e oferecer servi�o. A gente provocou essa mudan�a no mercado. As fintechs t�m essa vantagem, dado que elas nasceram e cresceram num ambiente hostil. Para mim, n�o ficou muito claro se os bancos fizeram uma mudan�a t�tica nessa crise ou se isso representa uma mudan�a mais sist�mica da cultura.
Diante dessa crise, o cliente n�o pode ficar mais inseguro de p�r seu dinheiro numa fintech?
Depende muito. Hoje as fintechs que atuam como banco digital t�m garantia do Fundo Garantidor de Cr�dito (FGC). Em geral, vejo a ind�stria muito forte em regula��o.
As fintechs poderiam ter maior participa��o no repasse dos recursos feitos pelo governo?
Existe espa�o para usar as fintechs para acelerar esse tipo de distribui��o. Conversamos com o Minist�rio da Economia, Caixa e Banco Central para tentar ajudar. Mas n�o vejo as fintechs com o mesmo n�vel de interlocu��o de grandes bancos com o governo.
Como o sr. avalia as medidas anunciadas pelo governo e como o Nubank poderia ajudar neste momento?
A gente v� ainda muita necessidade de cr�dito para pequenas e m�dias empresas. O grande problema � que existe muita volatilidade. Vira um risco muito grande conceder cr�dito. Ent�o, acredito que o BNDES poderia fazer esses financiamentos aos pequenos e m�dios empres�rios, que s�o de 8 milh�es a 9 milh�es de empresas no Brasil.
O governo de S�o Paulo anunciou o fim gradual do isolamento social. Como o sr. v� essa decis�o para a economia?
Vejo que a retomada j� come�ou. Nos primeiros dias do isolamento, chegamos a ver as nossas transa��es caindo 50%. Hoje, j� tem recuperado bastante. Nos �ltimos dias a gente teve mais transa��es em cart�o de d�bito do que nos primeiros dias do ano. Pensando no �ngulo de sa�de, isso n�o � melhor. O �timo teria sido um lockdown completo, como nos pa�ses que t�m administrado a crise melhor, como Coreia do Sul e Cingapura. Espero que depois de 11 de maio seja um processo gradual. A gente tem de achar um ponto ideal para garantir que a curva de infec��o seja achatada.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
Publicidade
ECONOMIA
'Bancos tradicionais ficaram mais �geis na crise. Mas ser� que isso dura?'
Publicidade
