Um quarto das usinas de a��car e �lcool em opera��o no Pa�s corre o risco de fechar as portas at� o fim do ano por causa da crise do coronav�rus, segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo. Sem capital de giro para pagar as contas de curto prazo, parte dessas empresas tem sido abatida pela forte queda de demanda pelo combust�vel. O caso foi ainda mais agravado pelo derretimento do pre�o do petr�leo - a cota��o do etanol tem como refer�ncia a gasolina. "S�o dois choques. A principal � a queda do consumo e, depois, a de pre�os", diz Pl�nio Nastari, s�cio da consultoria Datagro.
Com cerca de 350 usinas sucroalcooleiras em opera��o no Pa�s, o setor viu as cota��es do �lcool recuarem de R$ 2 para R$ 1,30 o litro (valor l�quido) e a demanda cair mais do que 50%, diz Uni�o da Ind�stria da Cana-de-a��car (�nica). Grupos mais capitalizados t�m f�lego para armazenar sua produ��o de etanol e at� mudar o mix da ind�stria, passando a produzir mais a��car, para passar o momento mais agudo da crise.
Mas este n�o � o caso de quase uma centena de unidades produtoras, que n�o t�m condi��es de estocar etanol - e acabam vendendo a baixos pre�os - e tamb�m n�o apresentam sa�de financeira para aguentar os pr�ximos meses. "Um quarto das empresas do setor vai passar por muita press�o para garantir sua sobreviv�ncia", avalia Pedro Fernandes, diretor de agroneg�cios do Ita� BBA.
Na regi�o Centro-Sul (Centro-Oeste, Sudeste e Sul), que concentra a maior parte da produ��o do Pa�s, a moagem de cana teve in�cio em abril. Contudo, j� h� d�vidas se muitas empresas v�o ter f�lego para continuar. H� duas semanas, o grupo Adecoagro, que tem tr�s usinas - duas no Mato Grosso do Sul e uma Minas Gerais -, divulgou um comunicado a seus colaboradores informando que iria suspender os contratos de parte deles sul-matogrossense.
A situa��o fica ainda mais delicada para usinas que s� possuem destilarias. Das 267 unidades produtoras do Centro-Sul, 80 usinas s� produzem etanol. Do total de cana colhida no Pa�s em 2019/20, cerca de 35% foram para a produ��o de a��car, explicou Ant�nio de Padua Rodrigues, diretor da Unica. Neste ano, a fatia poder� chegar a 45%.
Com receita de cerca de R$ 100 bilh�es, o setor sucroalcooleiro conseguiu reduzir nos �ltimos anos seu endividamento - hoje est� em torno de R$ 90 bilh�es.
Um grupo grande de usinas acumula a maior parte dessas d�vidas. No Brasil, h� 104 unidades produtoras em recupera��o judicial, das quais 81 no Centro-Sul, segundo a �nica. Desde 2005, 95 usinas foram fechadas na regi�o. Com as incertezas provocadas pela pandemia, boa parte das empresas que j� est�o em dificuldades financeiras vai para o mesmo caminho.
Revers�o do otimismo
At� fevereiro deste ano, o setor tinha um cen�rio positivo pela frente: os pre�os de a��car e etanol estavam competitivos. As usinas mais capitalizadas j� tinham travado as cota��es do a��car (hedge) e a demanda pelo combust�vel estava firme. "Os pre�os do a��car estavam em 15 centavos de d�lar por libra-peso em fevereiro, ante uma m�dia de 12 centavos no ano passado. Hoje, a cota��o est� abaixo de 10 centavos", diz Nastari.
Empresas com maior capacidade de estocagem, casos da Ra�zen (joint venture entre Cosan e Shell) e S�o Martinho, por exemplo, est�o conseguindo segurar sua produ��o de etanol para voltar a vender quando a demanda retomar.
Ao Estado, o presidente da Ra�zen, Ricardo Mussa, afirmou que a companhia sempre teve muita disciplina na gest�o de risco e o fato de o grupo ser integrado - a Ra�zen tamb�m � distribuidora de combust�veis -, ajuda nesta atual crise. "Neste momento, fica clara a import�ncia de fazer a fixa��o de pre�os da commodity, n�o s� a��car, como tamb�m do etanol."
Segundo F�bio Venturelli, presidente do grupo S�o Martinho, a companhia fixou os pre�os do a��car quando estavam cotados entre 14 e 15 centavos por libra-peso. "O grupo tamb�m uma capacidade de armazenar 70% de sua produ��o."
Sem consolida��o
Diferentemente do movimento de consolida��o que o setor viveu entre 2003 e 2010, as grandes companhias n�o dever�o incorporar empresas em dificuldade, afirmou Fernandes, do Ita� BBA. "N�o vemos uma nova onda de fus�es e aquisi��es. Podemos ver �reas agr�colas de usinas sendo adquiridas."
Para um especialista do setor, o fechamento de unidades deficit�rias por conta da crise dever� ser ben�fico para o setor no longo prazo, com o reequil�brio da oferta da mat�ria-prima no Pa�s. A produtividade poder� se elevar sem a expans�o da �rea plantada.
Ajuda
O setor sucroalcooleiro est� aguardando defini��o de um pacote de ajudas �s usinas para enfrentar a crise provocada pela pandemia de coronav�rus. Al�m de uma linha de financiamento para estocagem de etanol, as usinas est�o solicitando ao governo o aumento da Cide, tributo cobrado sobre a gasolina vendida, para R$ 0,40 o litro (hoje, o valor � de R$ 0,10), al�m da suspens�o tempor�ria da cobran�a de PIS e Cofins sobre o etanol hidratado, que � de R$ 0,24 por litro. A expectativa era de que medidas fossem anunciadas ainda na semana passada. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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Um quarto das usinas do Pa�s pode fechar as portas
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