'Caiu um meteoro nos shopping centers', diz Rafael Sales

O presidente da Aliansce Sonae, Rafael Sales, afirma que o setor de shopping centers foi um dos mais prejudicados pela crise gerada pela pandemia de coronav�rus no Pa�s. Segundo ele, que administra uma companhia que tem 39 centros comerciais, caiu um "meteoro" sobre os shoppings. "Tivemos 100% de paralisa��o. Isso n�o ocorreu nem com as companhias a�reas, que ainda mantiveram alguns voos." A empresa possui shopping centers em 13 Estados. Em S�o Paulo, a rede opera 10 estabelecimentos, como o Shopping Metr�pole e o West Plaza.

Com a expectativa ainda turva de retomada do setor - em S�o Paulo, por exemplo, a retomada do com�rcio deve excluir a capital e cidades de maior porte -, a companhia tenta entender quando poder� come�ar a frear os aux�lios a seus locat�rios, como perd�o de alugu�is e redu��o dos valores de condom�nio. "A gente precisa de liquidez para manter os empregos."
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o setor est� acompanhando o cen�rio de reabertura da economia?

� indiscut�vel que a ind�stria de shoppings e o varejo encontram-se entre os segmentos da economia mais prejudicadas pelas medidas de combate � covid-19 que, apesar de necess�rias e contarem com nosso apoio, afetam de forma severa a gera��o de recursos do nosso setor. Temos de seguir a ci�ncia, mas temos monitorado o que est� ocorrendo na �sia - especialmente na China, onde os shoppings est�o abertos h� algum tempo. Os shoppings, no Brasil, s� costumam ter aglomera��es em alguns fins de semana, em datas especiais. Criamos um protocolo, com apoio de um infectologista, para retomarmos as opera��es. A reabertura dos nossos shoppings j� acontece de forma gradual, levando em conta a evolu��o da pandemia em cada local.

O coronav�rus chegou em um ano em que se esperava recupera��o da economia. Como isso afetou o setor?

O Brasil mal teve tempo de sair da recess�o e enfrentamos um problema desse tamanho, que � global. Em 2019, tivemos na Aliansce Sonae a ocupa��o ou substitui��o de locat�rio de 750 lojas dos 39 shopping centers. E a maior parte desses lojistas � de pequenos empreendedores ou donos de franquias, que n�o t�m recebido apoio suficiente de governos e bancos, pelo que temos acompanhado. � um grande banho de �gua fria para o setor.

Como est� a renegocia��o com os lojistas?

A gente se antecipou. Estamos colaborando com mais R$ 300 milh�es para dar suporte ao varejo, com medidas como a isen��o do aluguel de abril, desconto de 50% no aluguel de mar�o e parcelamento desta outra metade em seis vezes, a partir de outubro. Tamb�m conseguimos reduzir o impacto no fluxo de caixa com descontos progressivos nas taxas condominiais, que j� est�o em 50%. Para o Dia das M�es, segunda data mais importante para o varejo, criamos uma p�gina nos sites e redes sociais de cada um dos nossos shoppings, indicando as lojas que fazem venda online ou via Whatsapp. At� semana que vem, esperamos que todos os nossos shoppings j� estejam entregando produtos nos seus estacionamentos, no formato drive-thru.

J� se sabe o tamanho do problema para o varejo?

O mercado parou de funcionar. N�o foi como nas outras recess�es em que o lojista tinha, por exemplo, uma queda de 10% nas vendas. Esperamos financiamentos e redu��es de impostos para o setor. A gente precisa de liquidez para manter os empregos. Como disse o presidente da nossa associa��o, Glauco Humai, citando o Paulo Guedes (ministro da Economia), se caiu um meteoro sobre o Brasil, foi bem em cima de um shopping center. Os shoppings chegaram a ficar 100% paralisados. Isso n�o ocorreu nem com as companhias a�reas.

Quais s�o os riscos para o setor p�s-pandemia?

A retomada do setor ser� gradual. Consumidores tamb�m voltar�o aos poucos, mas n�o deixar�o de frequentar shoppings. Apesar de todo o impacto, n�o esperamos grande n�mero de fechamento de lojas.