O Ita� Unibanco j� prorrogou quase R$ 15 bilh�es em d�vidas de 355 mil clientes pessoas f�sicas e empresas. Essa � a primeira mostra do programa de reestrutura��o financeira que o banco lan�ou no m�s passado, por conta da crise desencadeada pelo novo coronav�rus no Brasil. Em cr�dito novo, foram mais de R$ 4 bilh�es, desembolsados para 260 mil clientes, em apenas duas semanas.
Batizado de Plano de Sa�de Financeira, o programa visa a alcan�ar, se necess�rio, um universo de 20 milh�es de clientes que procuram f�lego financeiro na crise. "A ades�o de um grande volume de clientes, em t�o pouco tempo, refor�a que o papel de um banco nesse momento � mesmo, o de se reinventar e proporcionar condi��es concretas e eficazes para que as pessoas e empresas atravessem de forma sustent�vel a crise", diz o diretor executivo respons�vel pelo Banco de Varejo do Ita� Unibanco, Andr� Rodrigues.
O maior volume de posterga��es foi destinado a pessoas f�sicas. At� agora, o banco prorrogou mais de R$ 8 bilh�es em opera��es para um total de 280 mil clientes.
Uma delas foi C�lia Maria Ferreira da Silva, de 47 anos. Dona de um sal�o de manicure e podologia, na Zona Sul de S�o Paulo, viu seu movimento cair pela metade com a crise e ainda com as medidas de seguran�a para evitar o cont�gio de uma cliente para a outra. Respons�vel por praticamente a �nica renda da fam�lia - o filho ficou desempregado por conta da crise e a filha trabalha com ela -, C�lia recorreu � car�ncia de at� 120 dias no cr�dito imobili�rio para n�o acumular as presta��es e colocar em risco o �nico patrim�nio da fam�lia.
"A possibilidade de voltar a pagar as presta��es somente em julho aliviou demais. Me deu uma paz e um respiro. Agora, posso, ao menos, comer", disse a manicure.
Al�m das prorroga��es de d�vidas, outros 200 mil clientes pessoas f�sicas tamb�m aproveitaram o programa para tomar cr�dito novo. Para esse p�blico, o banco concedeu quase R$ 2 bilh�es at� o momento.
Na pessoa jur�dica, os alongamentos feitos pelo Ita� chegaram a R$ 6,6 bilh�es para um universo de 75 mil empresas. O cr�dito novo, para este p�blico, foi maior. Impulsiona, sobretudo, a necessidade de liquidez para sobreviver � crise. O faturamento de alguns neg�cios caiu entre 80% e 90%. Nesse contexto, o Ita� j� concedeu R$ 2,2 bilh�es em empr�stimos novos a 60 mil empresas.
"Desenhamos o plano de sa�de financeira com expectativa de beneficiar cerca de 20 milh�es de clientes e assim seguiremos nessa miss�o de dar mais f�lego a uma parcela ainda maior nos pr�ximos meses", afirma Rodrigues.
Depois de conceder car�ncia de 60 dias para d�vidas em dia - foram mais de 850 mil contratos de pessoas f�sicas repactuados -, o banco desenhou um pacote para apoiar os clientes por mais tempo. Aumentou o per�odo de prorroga��o das d�vidas, para at� 120 dias no caso de pessoas f�sicas e 180 dias para empresas, e esticou os prazos das d�vidas para cinco ou seis anos, mantendo os mesmos juros.
O presidente do Ita�, Candido Bracher, afirmou que o banco tem se esfor�ado e est� muito "mais generoso". O objetivo �, n�o s� apoi�-los na fase de turbul�ncia, como manter o �ndice de inadimpl�ncia sob controle uma vez que ainda n�o � poss�vel ter clareza quanto � extens�o da crise.
Ainda assim, o banco refor�ou em R$ 4,3 bilh�es o seu colch�o para perdas esperadas no primeiro trimestre em uma clara sinaliza��o de que esta crise al�m de longa deixar� marcas em todos, inclusive, nas institui��es financeiras. "N�o sabemos avaliar a que dist�ncia do pico da crise estamos... Ser� um per�odo longo de reconstru��o das empresas", disse Bracher, em confer�ncia com analistas e investidores, essa semana, ao comentar os resultados do primeiro trimestre.
Enquanto trancou os brasileiros dentro de suas casas, a pandemia trouxe uma s�rie de desafios aos bancos locais, incluindo, o de comunica��o. As institui��es financeiras sofreram uma onda de cr�ticas vindas de v�rios setores por restringirem o cr�dito e elevarem as taxas de juros.
Na tentativa de provar o contr�rio e impedir que a inadimpl�ncia disparasse, os bancos levaram ao governo uma s�rie de medidas para apoiar indiv�duos e empresas na crise como, por exemplo, a car�ncia para d�vidas adimplentes. O Banco Central respondeu com uma janela regulat�ria flex�vel, que possibilitou aos bancos postergarem d�vidas sem prejudicar tanto o capital e as despesas com calotes - tamb�m injetou R$ 1,2 trilh�o em liquidez para apoiar o sistema financeiro.
Com a crise longe de dar uma tr�gua, os bancos come�aram a ampliar o prazo de f�lego financeiro aos clientes. Depois do Ita�, o Bradesco j� anunciou que deve esticar em breve a car�ncia para pagamento de d�vidas de pessoas f�sicas e jur�dicas.
Desde o in�cio a crise no Pa�s, o setor banc�rio brasileiro renegociou 6 milh�es de contratos com opera��es em dia, com um saldo devedor total de R$ 355,2 bilh�es. As parcelas suspensas das opera��es repactuadas j� alcan�am R$ 34,9 bilh�es, conforme balan�o da Federa��o Brasileira dos Bancos (Febraban).
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