
A inten��o de limitar passageiros vindos do pa�s vinha sendo mencionada pelo presidente americano, Donald Trump, desde o final de abril. Na sexta-feira, quando a Organiza��o Mundial da Sa�de classificou a Am�rica do Sul como novo epicentro do v�rus, a Casa Branca e o Departamento de Estado americano concordaram em oficializar a restri��o, como antecipou o Estad�o.
Trump � considerado o principal aliado internacional do presidente Jair Bolsonaro e tem evitado cr�ticas abertas ao brasileiro, mas deixou claro nas �ltimas semanas que n�o pouparia o Pa�s ao dizer que n�o queria pessoas "entrando e infectando" o povo americano. A medida anunciada barra estrangeiros que estiveram no Brasil nos �ltimos 14 dias. A restri��o passa a valer a partir das 23h59, no hor�rio de Nova York, do dia 28 de maio, e n�o tem prazo para terminar. Ainda podem entrar no pa�s aqueles que possuem resid�ncia permanente nos EUA, al�m de c�njuges, filhos e irm�os de americanos e de residentes permanentes.
Atualmente, h� apenas 13 voos semanais em opera��o entre os dois pa�ses, contabilizando todas as companhias a�reas. Antes da pandemia, a Latam, sozinha, tinha 49 voos semanais. Com a restri��o, as empresas podem continuar a operar as rotas, mas os passageiros que se encaixem na medida n�o poder�o ingressar nos EUA. A tend�ncia, portanto, � que o n�mero de voos seja ainda mais reduzido.
Na Europa, a desconfian�a com o governo Bolsonaro vem desde o ano passado, depois que o presidente entrou em choque com os l�deres da Fran�a e Alemanha no meio da crise de imagem causada pela alta nos inc�ndios na Amaz�nia.
Diferen�a
Americanos, no setor p�blico e privado, afirmam que Trump tamb�m n�o foi o melhor l�der na condu��o da crise, ao minimizar o v�rus no in�cio do ano e postergar o in�cio de uma resposta coordenada com os estados. Ao tra�ar a compara��o com o Brasil, no entanto, analistas t�m apontado que ao menos Trump se mant�m fiel ao corpo t�cnico que o orienta, enquanto Bolsonaro perdeu dois ministros da Sa�de em um m�s."As pessoas precisam estar preparadas para voltar a trabalhar porque se sentem razoavelmente seguras, n�o porque est�o desesperadas e n�o t�m dinheiro", afirma Thomas Shannon, que foi o terceiro na hierarquia do Departamento de Estado at� 2018 e embaixador dos EUA no Brasil de 2010 a 2013. "O que me preocupa � que temos governos federais que v�o reabrir com base no desespero, e n�o com base na confian�a."
Acordo comercial
A medida de restri��o do governo Trump acontece num momento em que os dois pa�ses negociam um novo acordo comercial, que n�o deve envolver mudan�as de tarifas. O encarregado de neg�cios da Embaixada do Brasil nos EUA, Nestor Forster, diz que at� o fim do ano � poss�vel fechar um pacote de facilita��o de neg�cios. "� um grande desafio conseguir manter a agenda funcionando com as restri��es de encontro presencial, mas posso dizer que temos conseguido at� de forma surpreendente."Para Shannon, a onda de desacelera��o da globaliza��o e o encurtamento das cadeias de produ��o, que devem surgir como efeito da pandemia, poderiam levar Brasil e EUA a estreitar rela��es comerciais. Nesse sentido, ele faz elogios ao ministro da Economia, Paulo Guedes. "Ele ainda est� trabalhando para abrir a economia, isso � importante."
O ex-embaixador reconhece, no entanto, que a perspectiva do avan�o comercial pode esbarrar no protecionismo de Trump e no cen�rio eleitoral, que tende a ser turbulento no segundo semestre nos EUA. A crise pol�tica e econ�mica no governo Bolsonaro gera um outro impasse: a resist�ncia do Congresso americano, que � cr�tico ao brasileiro.
"Os EUA v�o passar pela crise. Acho que o Brasil vai tamb�m, mas ser� mais dif�cil, porque n�o est� no mesmo est�gio de desenvolvimento econ�mico e pol�tico", diz Melvin Levistky, ex-embaixador dos EUA no Brasil e hoje professor na Universidade de Michigan.
Nada contra o Brasil
Questionado sobre a medida dos Estados Unidos de barrar os estrangeiros com passagem recente pelo Brasil, o Pal�cio do Planalto n�o se manifestou. Em mensagem no Twitter, o assessor especial da presid�ncia da Rep�blica, Filipe Martins, afirmou ontem que a decis�o tomada pelo presidente americano Donald Trump n�o � nada espec�fico contra o Brasil.
"Ao banir temporariamente a entrada de brasileiros nos EUA, o governo americano est� seguindo par�metros quantitativos previamente estabelecidos, que alcan�am naturalmente um pa�s t�o populoso quanto o nosso. N�o h� nada espec�fico contra o Brasil. Ignorem a histeria da imprensa", postou Martins. O governo brasileiro limitou a entrada de estrangeiros desde mar�o.
A press�o para que os EUA adotassem restri��es � chegada de brasileiros cresceu na �ltima semana, quando a situa��o no Brasil se agravou. O Brasil � considerado novo epicentro da pandemia, enquanto os EUA caminham para um processo de reabertura econ�mica e de controle interno da primeira onda da epidemia, que deixou quase 100 mil mortos no pa�s. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.