Os grandes bancos brasileiros decidiram aderir ao programa do governo Bolsonaro para socorrer micro e pequenas empresas na crise, o que pode ajudar a fazer esse dinheiro chegar � ponta, o que at� agora n�o aconteceu. Ita� Unibanco e Caixa Econ�mica Federal oficializaram a participa��o, conforme antecipou o Broadcast (sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado) na semana passada, enquanto Bradesco e Banco do Brasil tamb�m decidiram apoiar a linha.
A ades�o dos pesos pesados ao Programa Nacional de Apoio �s Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) � visto como um processo natural. Na pr�tica, por�m, n�o garante sucesso � iniciativa. "Mesmo que tenha a ades�o, n�o significa que a linha vai sair. A quest�o toda � o volume de contrata��es", critica uma fonte de mercado, na condi��o de anonimato.
Enquanto do lado dos bancos pesam quest�es como os custos operacionais para colocar o programa de p�, para micro e pequenos empres�rios, a forma de contrata��o, reflexo do modelo desenhado, pode ser vista como 'burocr�tica' e 'lenta', na vis�o desse porta-voz. Na Caixa, por exemplo, o pedido do empr�stimo poder� ser feito pelos canais digitais, mas a assinatura do contrato ainda tem de ser no meio f�sico - ao menos nessa primeira fase.
Jogam contra ainda quest�es que diminuem a atratividade da modalidade para os bancos por conta do juro estabelecido, considerado baixo frente ao risco das micro e pequenas empresas, agravado com a crise. A taxa dos empr�stimos contratados no �mbito do Pronampe ser� equivalente a Selic, atualmente em 3,0% ao ano, mais 1,25% ao ano. Como foi institu�da por lei, n�o pode ser alterada a despeito da chiadeira dos bancos.
Capital
A sa�da foi atender a outro pleito do sistema: redu��o da exig�ncia de capital. Hoje, correspondente a cerca de metade do valor dos empr�stimos, a propor��o foi reduzida para 12%, conforme circular 4.026, do Banco Central.
Os bancos defendiam, conforme revelou o Broadcast na semana passada, que o patamar de exig�ncia de capital era elevado para o Pronampe, considerando a garantia atrelada � linha. O Fundo de Garantia de Opera��es (FGO), administrado pelo BB, foi refor�ado em R$ 15,9 bilh�es justamente para desempenhar esse papel. Al�m de cobrir 100% das opera��es, vai arcar com 85% de toda a inadimpl�ncia do programa.
"A taxa de juros do Pronampe seria baixa, certamente, se n�o houvesse garantia de 85% do fundo e caso tiv�ssemos a mesma demanda de capital pelo BC. Esses dois pontos permitem uma rentabilidade muito melhor", admitiu o presidente da Caixa, Pedro Guimar�es, durante o an�ncio da ades�o do banco.
Novos clientes
A Caixa foi o primeiro grande banco a ofertar empr�stimos do Pronampe, a partir da �ltima ter�a-feira, 16. Na sequ�ncia, o Ita� Unibanco espera disponibiliz�-lo j� na semana que vem e o Bradesco na virada do m�s.
"Vamos n�o s� apoiar o programa, mas apoiar fortemente... O foco n�o � rentabilidade, mas compor solu��es para as pessoas jur�dicas como um todo, de forma eficiente", disse o diretor executivo do Banco de Varejo do Ita� Unibanco, Andr� Rodrigues, em conversa com jornalistas.
Al�m de compor a oferta de ajuda �s micro e pequenas empresas, os bancos tamb�m veem um meio de atrair novos clientes a partir do programa. Esse p�blico �, na pr�tica, pouco bancarizado uma vez que por anos ficaram � merc� do radar do mercado.
"Entendemos que o Pronampe vai ter boa aceita��o por parte das empresas. � tamb�m uma oportunidade para atrairmos novos clientes", revela o diretor de empr�stimos e financiamento do Bradesco, Leandro Diniz. Na linha de financiamento de sal�rios, diz, o banco atraiu 7 mil novas folhas de pagamento em 60 dias, prazo menor do que o que gastaria para adicionar esses clientes.
A Caixa, por exemplo, quer usar o Pronampe como trampolim para criar um 'banco digital' para empresas. Nos moldes do que fez com as pessoas f�sicas, usando o aux�lio emergencial para abrir contas digitais para mais de 50 milh�es de brasileiros - mesmo a metade j� tendo conta em banco, a estrat�gia � ampliar o suporte digital tamb�m ao setor corporativo. A Caixa mapeou 2,5 milh�es de empresas eleg�veis ao Pronampe e tamb�m vai ca�ar clientes a mar aberto.
Bancos
No caso dos bancos p�blicos, uma imposi��o na regulamenta��o do programa tamb�m parece ter sido superada - ao menos para a ades�o das institui��es. Isso porque a medida provis�ria 975/2020, que institui o Pronampe, exigiu essas institui��es dessem prioridade ao Programa. Ou seja, ainda que o retorno n�o seja atrativo muito menos garantido, ter�o de prioriz�-lo frente outras linhas, inclusive, mais rent�veis.
Al�m da Caixa, o BB, que administra o FGO, tamb�m vai aderir ao programa. O foco do banco ser�o as microempresas, com faturamento anual de at� R$ 360 mil. A linha abrange um grupo ainda maior. Pode ser contratado por empresas com faturamento anual de at� R$ 4,8 milh�es. O prazo � de tr�s anos, sendo oito meses de car�ncia. As empresas podem tomar emprestado at� 30% da receita bruta anual de 2019.
O Santander Brasil informou que est� "discutindo detalhes com os �rg�os participantes do processo para adequar os fluxos de contrata��o destas opera��es". Na semana passada, o Broadcast j� havia antecipado a inten��o do banco de tamb�m operar o Pronampe.
No an�ncio do programa, na semana passada, o governo informou a ades�o de 12 institui��es financeiras. Al�m dos grandes bancos - que engordaram essa lista est�o ainda o PagBank, da PagSeguro, e o Banco da Amaz�nia, o Basa, e o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob).
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