O sucesso da oferta inicial de a��es (IPO, na sigla em ingl�s) da Aura Minerals, que estreou quinta-feira na B3 em uma opera��o de R$ 790 milh�es, dever� abrir a porta para outras empresas chegarem � Bolsa por meio do chamado modelo de esfor�os restritos. Esse modelo, inaugurado no Brasil pela companhia produtora de ouro, s� permite a entrada de fundos na abertura de capital. Segundo fontes, j� h� companhias trabalhando com essa alternativa para realizarem seus IPOs.
Se de um lado o ponto negativo � que investidores pessoas f�sicas ficam de fora da oferta, de outro ela pode ser colocada de p� de forma muito r�pida, permitindo que, em momentos vol�teis, como o atual, em meio a uma pandemia, o IPO consiga se desviar de ventos contr�rios.
No caso da fabricante de ouro, a escolha nada convencional por uma oferta destinada aos investidores institucionais teve como pano de fundo exatamente o momento de extrema volatilidade, mesmo que h� semanas os mercados estejam respirando com mais tranquilamente e com vi�s de alta, muito por conta dos trilh�es de d�lares que foram injetados nas economias pelos Bancos Centrais. A empresa chegou a fazer o pedido de uma oferta com esfor�os amplos de distribui��o - um IPO pela regra tradicional - em mar�o, mas mudou de estrat�gia ap�s a pandemia, mudan�a de trajet�ria que deu certo.
Uma fonte de mercado disse que a oferta da Aura chamou aten��o de outras empresas, que j� pensam nessa possibilidade, para lan�arem um IPO mesmo em um momento de maior volatilidade. "Em uma oferta que n�o depende do varejo � uma boa op��o. E, nas opera��es, s�o sempre os investidores institucionais que definem o pre�o", destaca. Como em toda novidade no mercado, a Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), xerife do mercado de capitais no Brasil, est� acompanhando de perto os desdobramentos dessa emiss�o, comentou uma segunda fonte.
O advogado da �rea de Mercados Financeiro e de Capitais do BMA, Felipe Prado, afirma que esse modelo de oferta ser� uma op��o para aquelas empresas que identificam, antes do lan�amento da oferta, o interesse suficiente entre investidores institucionais. Assim, ao se lan�ar a oferta, a demanda j� est� garantida.
O per�odo de roadshow no caso da Aura foi bastante r�pido: durou apenas uma semana - em ofertas tradicionais duram no m�nimo tr�s vezes mais. Isso tamb�m foi poss�vel por conta das reuni�es virtuais que ganharam o mundo corporativo como exig�ncia da quarentena.
A oferta de �esfor�os restritos�, regulada por instru��o pr�pria da CVM, � permitida desde 2014 - antes disso era apenas uma op��o para os pap�is de d�vida corporativa, as deb�ntures. Nesse tipo de oferta, os bancos podem oferecer as a��es para um grupo limitado de investidores: 75, mas apenas 50 deles podem entrar na oferta. Para os estrangeiros, por outro lado, n�o h� limita��o. A oferta, assim, n�o � destinada �s pessoas f�sicas, e no caso de um IPO, esse p�blico ter� acesso �s a��es apenas ap�s um per�odo de 18 meses. Na oferta da Aura, conforme fontes, foram necess�rias conversas com o regulador e ainda com a B3, sobre as regras e a interpreta��o das mesmas.
Prado, do BMA, lembra que esse prazo de restri��o de compra pelas pessoas f�sicas pode ser encurtado caso a empresa fa�a uma oferta registrada (a tradicional 400, com esfor�os amplos de distribui��o). Se assim o fizer, as pessoas f�sicas passam a ter acesso a esses pap�is antes de 18 meses.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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