�N�o entendo por que Salles est� no minist�rio�

A economista Zeina Latif defende um nome que, segundo ela, d� mais credibilidade ao comando do Minist�rio do Meio Ambiente. "Eu n�o entendo por que o ministro (Ricardo Sales) ainda est� l�, uma vez que ele j� vinha de um desgaste muito grande." Segundo Zeina, investidores e empres�rios precisam ver a��es concretas do governo sobre combate ao desmatamento e querem ouvir "menos blablabl�." A consultora econ�mica participou ontem da s�rie de entrevistas ao vivo "Economia na Quarentena", do Estad�o.

Diante das incertezas provocadas pela pandemia do coronav�rus, Zeina tamb�m defende que o governo d� uma sinaliza��o firme da agenda de ajuste fiscal para a reconstru��o do Brasil. "� muito importante o governo definir planos de voo, at� para coibir outras demandas que venham de forma oportunista de um governo que n�o est� com agenda clara." Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

Como o governo pode reconstruir a economia em meio � pandemia?

Quando a gente fala da economia p�s-pandemia, o compromisso com a disciplina fiscal � um ingrediente importante. Se a gente rasgar esse compromisso do governo, o ambiente macroecon�mico vai ficando mais incerto. O que faz para lidar com essa dura realidade de rombo e d�vida p�blica crescente? Sinalizar que l� na frente tem esse compromisso com a disciplina. Neste momento, n�o tem isso. N�o tem "a grande reforma" que a gente vai fazer. � muito importante o governo definir planos de voo, at� para coibir outras demandas que venham de forma oportunista de um governo que n�o est� com agenda clara.

O governo tamb�m est� sob press�o para uma agenda ambiental mais clara de combate ao desmatamento. Como o tema pode afetar a economia?

� uma press�o muito grande para pedir a��es concretas e de n�o querer mais ouvir blablabl�. A gente n�o quer mais ret�rica. Considerando que a linguagem da diplomacia � sempre mais suave, vemos aqui que � bastante incisiva a quest�o. Acho lament�vel que tenhamos de ter chegado a esse ponto. Acho muito ruim o Brasil n�o ter tomado iniciativas. Parece que � um pa�s que n�o sabe fazer as coisas. Se a gente conseguir dar respostas, vai ser valorizado por isso.

� poss�vel dar a resposta com o ministro Ricardo Salles no cargo? A gest�o dele tem sido colocada em xeque.

Eu n�o entendo por que o ministro (Ricardo Salles) ainda est� l�, uma vez que j� vinha de um desgaste muito grande. N�o quero ficar fazendo julgamentos se fez certo ou errado, se � competente ou n�o para a pasta. Aqui se fala de credibilidade. Um presidente do Banco Central tem de ter credibilidade. Um ministro da Economia tem de ter credibilidade e, o do Meio Ambiente, tamb�m. A gente est� tratando de um tema sens�vel. Ent�o, eu acho que tem de fazer uma troca (de comando no minist�rio) e contar com algu�m com respeito da comunidade internacional e que tenha capacidade t�cnica e de di�logo.

O Brasil est� perdendo investimentos por conta disso.

J� estamos perdendo, mas � dif�cil dar a magnitude disso. O assunto se tornou um tema do Banco Central. O presidente Roberto Campos Neto j� tinha feito um alerta sobre o tema e � porque isso est� impactando investimentos de toda a natureza.

Estamos vivendo um cen�rio de crise pol�tica em meio � pandemia. Ser� dif�cil sair desta crise?

A crise pol�tica, para come�ar, abala a confian�a dos empres�rios. De novo, � dif�cil saber o tamanho disso. Na passagem do governo Michel Temer para o de Jair Bolsonaro, havia muita expectativa (positiva). Quando come�ou o governo, tudo estava muito atrapalhado com quest�es secund�rias ou mesmo irrelevantes, tirando o presidente do foco. Medidas importantes precisam ser tomadas para n�o degringolar o ambiente macroecon�mico.

O aux�lio de R$ 600 deveria virar permanente? Ser� necess�rio, em sua opini�o, continuar com a distribui��o de renda?

O aux�lio emergencial, como o pr�prio nome diz, era para ser emergencial. N�o � um instrumento para distribui��o de renda. � uma pol�tica p�blica muito bem-vinda, mas qualquer discuss�o de renda permanente tem de ser mais estudada. A gente tem de estimular a gera��o de emprego no Brasil. Medidas de distribui��o de renda e diminui��o da pobreza s�o um outro cap�tulo.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.