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Estado de Minas ECONOMIA

Os extremos do saneamento no Brasil


25/08/2020 13:10

N�o � s� a dist�ncia que separa Santos, no litoral paulista, e Ananindeua, na regi�o metropolitana de Bel�m (PA). H� um abismo entre as duas cidades, que est�o em lados opostos em termos de qualidade de vida. Uma apostou nos investimentos para universalizar os servi�os de �gua e esgoto e hoje � considerada uma das melhores cidades para morar no Pa�s. A outra conseguiu fazer muito pouco nessa �rea e tem graves problemas sociais. Em Ananindeua, apenas 2% da popula��o tem esgoto, o que lhe d� o t�tulo de cidade com pior saneamento do Pa�s.

Um dos objetivos do novo marco regulat�rio do setor do saneamento b�sico, aprovado em junho, � reduzir essas disparidades no Brasil, atraindo grandes investidores para melhorar o desenvolvimento econ�mico e humano das regi�es. Al�m dos ganhos na �rea da sa�de, a maior cobertura dos servi�os de �gua e esgoto � capaz de dar impulso � economia local, com impacto sobre produtividade, renda e valoriza��o imobili�ria das cidades.

"O saneamento b�sico � a infraestrutura mais transversal na cidade, uma vez que os servi�os ajudam em v�rias frentes, come�ando pela redu��o das doen�as e dos gastos em sa�de. Essa melhoria na sa�de ajuda em ganhos na educa��o e na produtividade do trabalho, valor dos im�veis e turismo", afirma o presidente do Instituto Trata Brasil, �dison Carlos.

Segundo ele, investimento em saneamento gera, tamb�m, empregos e boa parte da renda desses trabalhadores acaba ficando no munic�pio. "Movimenta desde o mercadinho e a padaria, at� escrit�rios, im�veis e impostos que alimentam os cofres p�blicos."

Exemplo disso pode ser verificado entre Ananindeua e Santos, que t�m popula��o semelhante. O sal�rio m�dio do trabalhador santista � quase o dobro do de Ananindeua: 3,4 sal�rios m�nimos ante 1,9 sal�rio da cidade paraense. O PIB per capita, que mede a riqueza da popula��o, � tr�s vezes maior: R$ 51,8 mil na cidade paulista ante R$ 13,5 mil no munic�pio do Par�.

Na �rea da sa�de, a falta de saneamento tem impacto devastador para a popula��o. Em Ananindeua, cujos �ndices de saneamento s�o ruins, s�o 2,7 interna��es por mil habitantes devido � diarreia; em Santos esse n�mero � de apenas 0,1. "O mais importante do novo marco de saneamento � o impacto sobre a sa�de da popula��o, o aprendizado das crian�as - quem aprende vivendo doente? - e os enormes custos que imp�e ao SUS (Sistema �nico de Sa�de) e INSS, por conta de interna��es e afastamentos do trabalho", afirma o presidente da consultoria Inter.B, Claudio Frischtak.

Santos

Localizada no litoral de S�o Paulo, a cidade de Santos j� foi eleita algumas vezes a melhor grande cidade para morar no Brasil. Com 432 mil habitantes, o munic�pio tem �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) maior que a m�dia nacional: de 0,840, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Cidades e pa�ses com IDH superior a 0,8 t�m desenvolvimento considerado alto.

Um dos motivos para a melhora da qualidade de vida � a universaliza��o dos servi�os de �gua e esgoto, o que garantiu o t�tulo de cidade com melhor saneamento do Pa�s neste ano pelo Instituto Trata Brasil.

Em 2015, Santos j� estava com quase todos os servi�os universalizados. Cerca de 99% da popula��o era atendida com �gua pot�vel e 98,5%, com coleta de esgoto. Esses indicadores chegaram a 100% neste ano. Apesar da pequena diferen�a, o resultado pode ser visto nos n�meros do setor de sa�de.

Segundo a Secretaria de Sa�de de Santos, houve queda no n�mero de casos de doen�as virais (relacionadas ao saneamento b�sico), entre 2017 e 2019, registrados na rede municipal de sa�de. Os casos de hepatite aguda tipo A ca�ram de 10 para 3 no ano passado. O de rotav�rus recuou de 5 casos para zero.

A cidade tem ainda um dos �ndices mais baixos de interna��o por diarreia no Pa�s. Segundo o IBGE, para cada mil habitantes, h� apenas 0,1 interna��o com o sintoma. "O reflexo do saneamento � evidente na qualidade de vida", diz o prefeito Paulo Alexandre Barbosa.

Ananindeua

No Norte do Brasil, ao lado da capital paraense, Bel�m, est� Ananindeua - a cidade que neste ano ficou em �ltimo lugar na qualidade do saneamento b�sico para sua popula��o, segundo o Instituto Trata Brasil. Ali, as condi��es s�o prec�rias: 68% da popula��o de 530 mil habitantes n�o tem �gua encanada e 98% n�o t�m esgoto.

A fam�lia do jardineiro Jos� Meireles, 45 anos, conhece bem os efeitos colaterais da falta de infraestrutura. No lugar onde mora, A casa � cercada de lama e mato. Quando chove, a casa, feita de madeira e alvenaria, � inundada e todos ficam com os p�s na �gua suja. Meireles conta que j� pegou meningite, doen�a que atinge, principalmente, pessoas que est�o �s margens da pobreza. "Estar em meio ao esgoto, temer a chuva, passar por meio de lixo, conviver com ratos, � uma realidade que vivo desde menino", conta.

O munic�pio, que n�o tem planejamento urbano, apesar de ter um Plano Diretor aprovado em 2006 que prev� uma pol�tica de desenvolvimento, � cercado de c�rregos que viraram, ao longo dos anos, valas a c�u aberto. As ruas, na sua maior parte, s�o esburacadas. Sem lixeiras, sacos com todo tipo de res�duos ficam espalhados ao longo das cal�adas.

O saneamento � a maior preocupa��o de Jhonckeisson Silva, de 27 anos, que est� desempregado. Ele tem dois filhos, de 4 anos e 6 meses. "N�o posso comprar �gua mineral para as crian�as. Um garraf�o custa R$ 5", afirma. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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