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Estado de Minas ECONOMIA

'Preserva��o pode trazer US$ 10 bilh�es por ano ao Brasil', diz Walter Schalka


26/08/2020 07:01

A press�o do setor privado fez o governo federal mudar de postura em rela��o � quest�o ambiental, afirma o presidente da gigante de papel e celulose Suzano, Walter Schalka. No entanto, o executivo diz que o Pa�s depende de resultados concretos para voltar a atrair investimentos. "Os n�meros s�o claros: os desmatamentos aumentaram em 2019 e 2020 e precisamos voltar a patamares anteriores aos de 2012. Isso vai gerar credibilidade ao Brasil e um grande volume de investimentos."

Na vis�o de Schalka, a capta��o de cr�ditos de carbono deve trazer US$ 10 bilh�es extras todos os anos para a economia - dinheiro que pode ser distribu�do para a popula��o em geral e, em especial, aos povos amaz�nicos. Para ele, est� na hora de o Brasil abra�ar a voca��o para pot�ncia de desenvolvimento sustent�vel: "O Brasil tem potencial ambiental inacredit�vel, com uma das matrizes energ�ticas mais limpas do mundo".

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista.

H� dois meses, os empres�rios se uniram para pedir a��es concretas do governo para a Amaz�nia. Houve evolu��o?

A responsabilidade ambiental � uma quest�o de toda a sociedade. Tem a responsabilidade do governo de combater o desmatamento ilegal de forma incessante na Amaz�nia. � inaceit�vel o que acontece (hoje). O discurso do governo evoluiu. Ainda n�o temos a��es profundas nesse combate, mas espero que a implementa��o da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) comece a gerar resultados em breve. Temos de estimular o governo a tomar essas a��es. N�o menos importante � ter a no��o de como n�s vamos poder monetizar (o ativo ambiental) para a popula��o da Amaz�nia. Isso pode ser feito pela venda de cr�ditos de carbono pelo governo brasileiro.

Tivemos de chegar ao �pice da crise para o tema passar a ser debatido com seriedade?

O Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustent�vel (Cebdes) liderou esse movimento. Come�amos com 38 empresas e hoje temos mais 70. Estamos mostrando a cara. Isso d� clareza de que o empresariado acordou para a quest�o ambiental e repercutiu com o governo. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, sabiamente disse que n�o precisamos de novas �reas abertas para agricultura e pecu�ria. Precisamos, sim, reduzir o desmatamento ilegal. Os n�meros s�o claros: os desmatamentos aumentaram em 2019 e 2020 e n�s precisamos voltar a patamares anteriores aos de 2012. Isso vai gerar credibilidade ao Brasil e um grande volume de investimentos.

As comunidades na Amaz�nia devem ser recompensadas?

Al�m de um problema ambiental, temos de resolver um problema social. A forma de fazer isso � pelo Acordo de Paris (cap�tulo 6): permitir a utiliza��o de cr�ditos de carbono. Se o Brasil fizer isso e combater o desmatamento, abre um mundo de oportunidades, que calculamos em US$ 10 bilh�es por ano. � dinheiro para beneficiar o povo brasileiro, em especial a comunidade amaz�nica.

Como grande exportadora, a Suzano est� rediscutindo o papel do setor de celulose no mundo?

Sim. Acho muito importante. A gente tem um leque de oportunidades pelo fato de a celulose ser um produto que pode substituir outras mat�rias-primas, como o pl�stico, que � derivado de combust�vel f�ssil. A transi��o vai ser longa, mas algumas substitui��es j� podem ser feitas. E a celulose � o melhor produto. Tanto a gente quanto outras empresas est�o trabalhando nisso.

Os bancos est�o limitando o cr�dito para as empresas que desmatam. Como a Suzano pode usar a escala que tem para ajudar o movimento ambiental?

N�o existe nenhuma empresa que forne�a � Suzano que tenha quest�es ambientais. Mas � responsabilidade da Suzano olhar fora da sua cadeia para ajudar a fazer uma sociedade mais justa. Temos de dar sa�de, educa��o e oportunidades. Uma das metas que colocamos � retirar 200 mil pessoas da pobreza num prazo de dez anos. S�o as comunidades que vivem nas �reas onde atuamos. Vamos fazer isso de duas formas: investindo em renda sustent�vel e em educa��o.

� importante pensar o meio ambiente tamb�m com os crit�rios de governan�a e impacto para a sociedade?

Muita gente faz o discurso ESG neste momento porque � conveniente. A Suzano vem fazendo a pr�tica disso h� d�cadas. N�o somos perfeitos, mas temos foco na quest�o ambiental, social e de governan�a. Temos oportunidade de ir al�m do carbono, com a reposi��o do pl�stico, com menor utiliza��o da �gua. Na governan�a, podemos dar mais transpar�ncia �s a��es que temos.

Podem surgir ideias de neg�cios pelo conceito ESG?

A Suzano j� � negativa em (emiss�o de) carbono. Isso pode ser fonte de monetiza��o no futuro. Outra quest�o � a substitui��o ao pl�stico. H� o exemplo da evolu��o da nossa matriz energ�tica, que pode ser ainda mais limpa no futuro. Podemos reduzir (a dist�ncia entre as plantas produtoras e as florestas), emitindo menos CO2.

Qual vai ser o papel do consumidor nessa mudan�a?

O consumidor sempre dita as regras. As empresas s�o movidas porque s�o for�adas pela sociedade. A cada dia entra no mercado de trabalho uma pessoa que pensa de uma forma mais moderna. As pessoas que pensam que o objetivo de uma empresa � s� a maximiza��o do lucro n�o t�m mais lugar na sociedade. A quest�o de equidade de g�nero e de ra�a n�o era debatida com a qualidade e profundidade que se tem hoje. A Suzano tem a meta de, at� 2025, ter 30% de l�deres mulheres e 30% de l�deres negros.

� importante uma empresa colocar metas ambientais e sociais para aos poucos chegar a uma atua��o mais consciente?

As metas fazem as empresas se moverem. Todos os anos colocamos uma meta espec�fica, tanto financeira quanto de transforma��o da sociedade. Se a gente n�o atingir essas metas, vai afetar o financeiro de cada uma das pessoas. Isso faz com que as pessoas revistem as metas todos os meses.

Como o sr. tem participado de debates sobre a reconstru��o da economia brasileira?

Temos uma multiplicidade de problemas no Pa�s. O Brasil tem um problema fiscal cr�nico, agravado pela pandemia. Temos de passar por reformas profundas, ter um modelo econ�mico que gere oportunidades de emprego, que distribua renda, com modelo de tributa��o adequado. Nosso Estado � ineficiente, mesmo arrecadando quase 40% do que o Pa�s produz. A iniciativa privada deve liderar essa discuss�o e mostrar para sociedade e governo que essas reformas devem acontecer mais r�pido. E as reformas significam abrir m�o de privil�gios. Temos de taxar os mais ricos e deixar de tributar os mais pobres. Temos de reduzir o custo do Estado brasileiro, com aumento de produtividade, em pelo menos 20%.

A Retomada Verde pode ser uma forma de direcionar a reconstru��o da economia?

O Brasil tem um potencial ambiental inacredit�vel, com uma das matrizes energ�ticas mais limpas do mundo. Temos a maior floresta. E temos o potencial de usar o g�s natural em substitui��o a outros combust�veis f�sseis. O Brasil bateu recorde hist�rico de produ��o de energia e�lica no Nordeste. Podemos ser uma megapot�ncia ambiental.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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