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Estado de Minas ECONOMIA

Imp�rio de luxo: herdeiro da Chanel p�e Brasil no radar

Membro da quinta gera��o da grife francesa, David Wertheimer lidera fundo de investimentos que vai garimpar pr�ticas sustent�veis para produ��o de roupas, sapatos e acess�rios


30/08/2020 08:37 - atualizado 30/08/2020 08:54

Herdeiro da grife francesa Chanel, uma das principais marcas de luxo do mundo, David Wertheimer acredita que o Brasil pode ser um celeiro para exportar pr�ticas sustent�veis aplicadas � moda para o mundo todo. Membro da quinta gera��o da fam�lia � frente do imp�rio de luxo, o executivo lidera um fundo de investimentos que vai garimpar pr�ticas sustent�veis para produ��o de roupas, sapatos e acess�rios - e j� est� de olho em pelo menos dois neg�cios no Brasil.

Embora os contratos ainda n�o estejam fechados, por aqui o fundo que Wertheimer montou em parceria com o banco su��o Mirabaud tem interesse em tecnologias extra�das da cana-de-a��car que possam substituir outros materiais usados em sapatos, como o pl�stico e a borracha n�o org�nica. "Estamos olhando para um conjunto de marcas que s�o completamente sustent�veis, ligadas � cana-de-a��car, usando couro recicl�vel e outros materiais reciclados", disse o empres�rio, em entrevista ao Estad�o.

O fundo, que est� em fase adiantada de capta��o, deve concentrar o equivalente a R$ 1,3 bilh�o. Na mira de Wertheimer est�o tanto marcas j� estabelecidas quanto iniciativas em est�gio mais embrion�rio, que receberiam cheques menores, dentro do conceito de venture capital. Para encontrar boas pr�ticas no Pa�s, o fundo procurou a ajuda do Instituto E, comando pelo empres�rio Oskar Metsavaht, dono da Osklen, que h� mais de 20 anos desenvolve pr�ticas ambientalmente corretas.

A busca do fundo pela moda sustent�vel vai se espalhar tamb�m pela Europa e pela �sia. E canais de venda que reforcem o posicionamento sustent�vel das marcas tamb�m est�o na mira de Wertheimer. "Tamb�m procuramos novas formas de vender online, de comunica��o para facilitar as negocia��es e olhamos como as pessoas v�o abordar o consumo daqui em diante", disse o empres�rio. Entre as refer�ncias do empres�rio nesse sentido � a marca francesa de cal�ados Veja, que montou linha de produ��o sustent�vel no Brasil (por aqui, a marca chama-se Vert).

O esfor�o para unir moda e sustentabilidade faz sentido, j� que o setor � o segundo mais poluente do mundo. De acordo com artigo publicado na revista Nature em abril, 20% da polui��o de �gua pelo setor industrial est� concentrada na produ��o de t�xteis, que responde por 35% das micropart�culas de pl�stico que v�o parar no fundo do mar todos os anos. As redes de fast-fashion, que pregam uma moda de uso r�pido e descart�vel, contribu�ram para que a produ��o de roupas dobrasse em 20 anos - o que amplia o desafio de descarte de materiais.

Luxo acess�vel

Sem se afastar totalmente do DNA da Chanel, Wertheimer quer focar no que se chama de "luxo acess�vel" - conceito que, cada vez mais, estar� ligado a empresas que t�m um impacto reduzido para a sociedade e a natureza. "O novo luxo � ser sustent�vel. A minha vis�o � que sustentabilidade � a chave para todas as marcas que vir�o no futuro."

Wertheimer acompanha as discuss�es sobre o desmatamento da Amaz�nia, mas n�o quis comentar o tema diretamente. "O que eu posso dizer � que, no meu setor, vou tentar fazer os melhores investimentos, os mais sustent�veis e os que t�m melhor impacto para a popula��o."

Osklen, Vert e a sustentabilidade ‘poss�vel’

Uma das principais refer�ncias quando o assunto � a associa��o de moda e sustentabilidade, o empres�rio Oskar Metsavaht, fundador da Osklen, diz que as marcas devem abra�ar a causa sustent�vel sem perder de vista a viabilidade financeira do neg�cio. � melhor escalar a montanha pouco a pouco do que tentar atingir o topo em um tiro s� - assim, n�o se regride na busca de pr�ticas menos poluentes nem a empresa � obrigada a fechar as portas.

O conceito defendido por Metsavaht � "as sustainable as possible", ou seja, uma atua��o t�o sustent�vel quanto poss�vel. Ele lembra o caso de um desenvolvimento, anos atr�s, de uma camiseta da Osklen feita 100% de algod�o org�nico, mas cujo pre�o final - mesmo para uma marca premium - era invi�vel para o cliente. Depois disso, ele percebeu que � melhor dar passos mais curtos.

"A gente tinha duas op��es: ou parar o projeto ou fazer de outra forma. E com 80% de algod�o normal e 20% org�nico, vimos que era vi�vel", lembra Metsavaht. "O importante � ser transparente: � a pessoa olhar e ter a informa��o sobre a composi��o daquela pe�a."

A orienta��o sustent�vel da Osklen come�ou em 1998, a partir de uma parceria da Embrapa para plantar algod�o org�nico. Desde ent�o, a companhia evoluiu sua cadeia produtiva para trabalhar com uma variedade de mat�rias-primas e processos alternativos - como tecido feito a partir de garrafas pet recicladas, "couro" de escama de peixe e desenvolvimento de tinturas naturais - e recebeu v�rios reconhecimentos internacionais por seu trabalho.

Apesar de a Osklen ter sido vendida para o grupo Alpargatas - que tamb�m � dono das sand�lias Havaianas -, Metsavaht continua a atuar como diretor criativo da marca. Ele n�o d� apenas o direcionamento sobre as �ltimas tend�ncias de moda, mas continua a tocar projetos para ampliar a "pegada" sustent�vel da empresa.

Brasil + Fran�a

Transpar�ncia tamb�m � o nome do jogo na marca francesa Veja - que � conhecida no Brasil como Vert. A companhia, que � sucesso entre os jovens "descolados" na Europa, desenvolveu toda a sua cadeia de produ��o no Brasil. O algod�o � org�nico, plantado no Nordeste, e a borracha � extra�da de forma sustent�vel na floresta Amaz�nica. "Mas isso n�o quer dizer que sejamos perfeitos. E a gente deixa isso claro", afirma o gestor de cadeias produtivas e inova��o da marca, Beto Bina.

Al�m de olhar de perto sua cadeia de produ��o, a Veja tamb�m tem cuidado para que seu �xito de vendas n�o acabe gerando impacto desproporcional no meio ambiente. "O crescimento foi bem org�nico, a empresa nunca foi alavancada por investidores externos ou investiu em marketing para trazer consumidores de maneira artificial", diz. "A gente nunca vai fazer an�ncio pago."

O conceito se estende ainda � quest�o da governan�a e do tratamento dos funcion�rios. O fato de o Brasil ter leis trabalhistas s�lidas influenciou a escolha da Veja pelo Pa�s. "Isso seria mais dif�cil de fazer na China ou na �ndia, por exemplo", explica Bina.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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