Ordem para 'enterrar' Renda Brasil veio quando t�cnicos j� detalhavam medidas

A ordem do presidente Jair Bolsonaro para "enterrar" o programa Renda Brasil chegou ainda na noite de segunda-feira, 14, para os integrantes da equipe econ�mica. O recado foi recebido ap�s o secret�rio especial de Fazenda do Minist�rio da Economia, Waldery Rodrigues, ter concedido entrevista sobre o tema e confirmado a ideia de congelar os benef�cios previdenci�rios (aposentadorias, pens�es, aux�lio doen�a e sal�rio-fam�lia) por dois anos.

Segundo fontes, o clima azedou nos corredores do Minist�rio da Economia por Bolsonaro ter desistido do programa quando t�cnicos j� estavam debru�ados sobre c�lculos e propostas, considerados tecnicamente defens�veis, mas que, por serem considerados impopulares, foram abortados publicamente pelo chefe do Executivo.

O presidente disse ter ficado "surpreendido" ao ler as manchetes dos jornais desta ter�a-feira, 14, sobre as medidas em estudo pela equipe econ�mica para abrir espa�o no Or�amento de 2021 para bancar o novo programa assistencial, entre elas o congelamento das aposentadorias e pens�es por dois anos.

Mas, segundo apurou o Estad�o/Broadcast, sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado, trocas de tabelas j� circulavam h� muitas semanas com a economia prevista e o alcance de cada medida tanto para a desindexa��o (a n�o obrigatoriedade de corrigir pela infla��o) como tamb�m o pr�prio congelamento tempor�rio por dois anos, considerado por lideran�as pol�ticas mais palat�vel porque os recursos seriam direcionados ao Renda Brasil. A depender do mix, as medidas poderiam sair de R$ 17 bilh�es a R$ 70 bilh�es de redu��o de despesas nos pr�ximos anos.

L�deres do governo no Congresso j� falavam publicamente das medidas, que seriam inclu�das no relat�rio da PEC do pacto federativo - a ser apresentado esta semana no Senado. Em entrevista no domingo, 13, ao Estad�o, o l�der do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que as medidas de desindexa��o, desvincula��o (retirada dos "carimbos" das despesas) e desobriga��o iriam abrir um espa�o fiscal de R$ 20 bilh�es em 2021, valor que poderia passar dos R$ 40 bilh�es no segundo ano de implementa��o.

Bezerra chegou a dizer que o cen�rio de infla��o baixa daria chance � aprova��o de uma desvincula��o do sal�rio m�nimo, que deixaria de ter corre��o autom�tica pelo INPC para viabilizar o Renda Brasil.

A desindexa��o do sal�rio m�nimo e as mudan�as para o abono salarial (benef�cio de at� um sal�rio m�nimo pago a quem ganha at� dois pisos) s�o apontadas como os principais pontos que levaram Bolsonaro a recuar do lan�amento do Renda Brasil. A interlocutores, membros da equipe confidenciaram temer sobre a continuidade de Waldery no cargo depois do epis�dio desta semana. Todas as entrevistas da equipe foram canceladas em acerto do presidente com o ministro Paulo Guedes.

Bolsonaro enterrou o Renda Brasil publicamente em v�deo publicado ontem em suas redes sociais. "At� 2022, no meu governo, est� proibido falar a palavra Renda Brasil. Vamos continuar com o Bolsa Fam�lia e ponto final", afirmou Bolsonaro. Mas na equipe econ�mica, a avalia��o � de que essa interrup��o deve ser tempor�ria apenas para dar tempo para as negocia��es pol�ticas no Congresso.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.