Em meio � pandemia e ao crescimento do desemprego, os executivos que trocaram de emprego ou encontraram uma vaga tiveram como destino basicamente startups da �rea de entregas, como iFood e Rappi, empresas de e-commerce e neg�cios que t�m na tecnologia e em servi�os financeiros seu fil�o de atua��o. Segundo dados da plataforma LinkedIn, foram 1.269 movimenta��es para cargos executivos entre mar�o e agosto, e 80% delas foram para esses setores.
Os dados do LinkedIn tamb�m mostram que essa movimenta��o em cargos de ger�ncia veio crescendo ao longo dos meses. Das mais de 1,2 mil vagas ocupadas, 884 foram nos meses de junho, julho e agosto. "Os n�meros ainda s�o menores do que no per�odo anterior � pandemia, mas j� est�o, de fato, se intensificando para esses mercados que tiveram desempenho melhor durante a pandemia", diz Carlos Eduardo Altona, s�cio da empresa de recrutamento Exec.
Essa movimenta��o come�ou at� mesmo a preocupar empresas de outros setores. Em pesquisa feita no Brasil pela multinacional de recursos humanos Robert Half com 300 executivos do alto escal�o, quase 60% deles afirmaram estar muito preocupados com uma debandada dos funcion�rios alocados em postos-chave. Esse porcentual � superior ao dos seus pares na Alemanha, Fran�a, Reino Unido e B�lgica.
Entre as motiva��es para uma fuga desses profissionais, segundo os entrevistados pela Robert Half, foi apresentada, em primeiro lugar, justamente a investida de empresas em plena expans�o, com 54% das respostas. Em seguida, 44% dos alto executivos temem uma rea��o dos profissionais ap�s a implementa��o de programas de redu��o de jornada, sal�rio e cortes de benef�cios de curto e de m�dio prazos. Por fim, 31% dos presidentes e diretores de empresas reconhecem que durante a pandemia alguns de seus funcion�rios passaram a gerenciar pesadas cargas de trabalho, trabalhando � beira do esgotamento.
Mercado sem crise
A administradora de empresas Karina Noguti trocou em julho a petroqu�mica Braskem, onde ficou por quase dez anos e nos �ltimos tempos atuava como gerente de controles internos, por posi��o similar no iFood, que de mar�o para c� j� contratou 83 profissionais para posi��es de lideran�a.
Ela diz que n�o se preocupou ao deixar uma empresa tradicional e de capital aberto por uma startup de delivery que nunca registrou lucro. "Eu me interessei pela oportunidade de trabalhar em uma empresa de tecnologia e com visibilidade sobre o futuro", conta ela, que tamb�m procurava mais qualidade de vida. "Estou em quarentena desde o dia 18 de mar�o e, desde que comecei no iFood, tenho conseguido fazer exerc�cios durante a noite e estou dormindo melhor", conta.
"N�o existe crise para um certo tipo de profissional. E, quando uma empresa reduz sal�rio ou corta b�nus, essa pessoa fica mais aberta a um convite de uma outra empresa, que de repente atue em um setor menos sens�vel ao momento e que, por isso, oferece uma perspectiva de carreira melhor daqui para a frente", afirma o diretor da �rea de pesquisa de executivos da Robert Half, Mario Custodio.
Entre as contratantes, al�m do iFood - que no total j� recrutou 409 funcion�rios desde o in�cio da pandemia, n�o apenas em cargos de ger�ncia -, a Amazon deve chegar ao final do ano com 50 novas posi��es em n�vel gerencial, segundo estimativa dos headhunters. Procurada, a empresa n�o comentou a informa��o.
Na fintech Nubank, desde mar�o j� foram contratados mais de 200 funcion�rios. Desse total, mais de 35 dessas posi��es foram para cargos de lideran�a. "No momento, temos mais de 350 vagas abertas para diferentes posi��es e n�veis de senioridade e que pretendemos preencher at� o fim do ano", afirma a empresa, em nota.
"Uma das preocupa��es, agora, � como proteger as nossas lideran�as. O mercado esquentou para l�deres", diz o vice-presidente de RH do iFood, Gustavo Vitti. "A redu��o salarial tem sido importante (na prospec��o de novos executivos). N�s aceleramos nossa pol�tica de benef�cios para os contratados. Mas eu percebo que o segmento de atua��o e o prop�sito da empresa s�o hoje nossos principais atrativos", afirma.
Com o aumento das vendas pela internet ap�s o in�cio da pandemia, a empresa de com�rcio eletr�nico argentina Mercado Livre, hoje com 3,9 mil funcion�rios no Brasil, iniciou processo para contratar 1,5 mil empregados at� o final do ano. A empresa vem recrutando cerca de 400 funcion�rios por m�s, desde julho, e, para dar conta da demanda em alta, j� contratou 60 executivos desde mar�o. Outros 40 ser�o contratados at� o final do ano.
As vagas s�o principalmente para as unidades das empresas em S�o Paulo, em Salvador e no Rio de Janeiro. "A quarentena vem sendo importante para o nosso crescimento. Mas a gente vem se preparando h� 21 anos para estarmos preparados para um momento como este", diz a gerente de recursos humanos do Mercado Livre, Carolina Recioli. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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