O economista Fernando Sampaio, da LCA Consultores, avalia que, embora tenha melhorado a interlocu��o do governo Jair Bolsonaro com o Congresso e com os outros Poderes, a pol�tica ainda dever� ser foco de incerteza em 2021, o que pode impactar no processo de retomada econ�mica.
Para Sampaio, h� uma "normaliza��o do governo no sentido de buscar uma base s�lida de apoio, de interromper o confronto com os outros Poderes". "A incerteza diminuiu, mas n�o se pode dar de barato que est� consolidado. O fiador do governo � o 'Centr�o', e o 'Centr�o' � oportunista, gosta de poder. Estava com a Dilma e quanto ela se enfraqueceu, desembarcou e foi governar junto com o Temer", disse Sampaio, citando o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.
De acordo com o analista da LCA, um eventual enfraquecimento do governo Bolsonaro pode subir o custo do apoio do "Centr�o" ao presidente, o que tem potencial para dificultar a agenda de ajustes fiscais.
A economista Tha�s Zara, tamb�m da LCA, diz que a indefini��o sobre a reforma tribut�ria tamb�m pode impactar a retomada em 2021, pois sinaliza mais incerteza para os investidores.
Na proje��o da LCA, o IPCA de 2021 pode chegar a at� 3,5%, "mas dificilmente vai ultrapassar a meta, de 3,75%", afirmou Sampaio. As falas dos economistas ocorreram em evento sobre recupera��o econ�mica organizado pela LCA e transmitido no YouTube.
EUA
Tha�s Zara tamb�m afirmou hoje que o mercado se preocupa com uma eventual "onda azul" nos Estados Unidos por ocasi�o das elei��es marcadas para novembro, em refer�ncia a uma poss�vel vit�ria do democrata Joe Biden na corrida presidencial associada ao estabelecimento de uma maioria democrata no congresso americano.
"A principal preocupa��o hoje, se os democratas levarem as duas Casas, � que haja revers�o das isen��es tribut�rias feitas pelo governo Trump, o que prejudicaria as empresas", resumiu Tha�s.
Al�m de uma vit�ria democrata, a analista citou o impasse relacionado �s medidas de est�mulo fiscal nos Estados Unidos como um fator que pode amea�ar a retomada econ�mica, especialmente no primeiro trimestre de 2021.
"O presidente Trump acabou de sepultar a quest�o dos aux�lios nos Estados Unidos, e isso � uma quest�o muito importante. Voc� vai ter uma popula��o desassistida por algum per�odo e isso pode acabar levando a uma segunda queda da economia no come�o de 2021", disse Tha�s.
Vacina
A estrat�gia do governo brasileiro com rela��o a vacina��o contra a covid-19 foi criticada pelo economista Fernando Sampaio na "live" da LCA. "Tem mais ou menos meia d�zia de vacinas que s�o as principais candidatas ao sucesso e o governo brasileiro apostou todas as fichas em uma s� e o governo paulista apostou tudo em uma segunda. H� pa�ses que est�o apostando em v�rias, porque isso � mais seguro", afirmou o analista.
De acordo com ele, o Brasil vai ter que contar com a sorte de que as vacinas pr�-compradas sejam realmente eficazes, uma vez que j� h� "pr�-compras gigantescas mundo afora" das outras op��es. Al�m disso, citou Sampaio, o Pa�s encomendou uma quantidade insuficiente para que toda a popula��o seja vacinada em duas etapas, "o que � desej�vel, segundo os m�dicos".
Cen�rio para 2021
A LCA Consultores espera que 2021 seja um ano em que a pandemia da covid-19 esteja sob controle, provavelmente com o avan�o das vacinas. Al�m disso, a consultoria projeta melhora econ�mica sob os avan�os da agenda de reformas e com o respeito ao teto de gastos. O resumo foi dado por Fernando Sampaio.
Segundo Sampaio, o cen�rio base para o ano que vem estima crescimento de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB), d�lar a R$ 4,80, infla��o medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,2% e �ndice Geral de Pre�os - Mercado (IGP-M) em 4,4%. A taxa b�sica de juros, a Selic, deve terminar 2021 em 2,5%.
Neste ano, a casa projeta retra��o de 4,8% no PIB, com o d�lar encerrando 2020 cotado a R$ 5,20. O IPCA deve acumular em 2,5% no ano, e o IGP-M deve subir 17,1%. A LCA espera que a taxa Selic termine o ano no patamar atual, de 2,0%, atingido em agosto deste ano. A LCA calcula que este cen�rio tenha 65% probabilidade de se efetivar.
ECONOMIA