
Base da economia do Sul de Minas, o caf� da regi�o representa cerca de 30% de toda a produ��o brasileira. A safra de 2020 teve boas estimativas, mas o calor acima da m�dia nos �ltimos mesesleva especialistas a apontarem que a produ��o sofrer� queda. Pesquisadores do departamento de agricultura da Universidade Federal de Lavras (Ufla) refor�am que as temperaturas elevadas, aliadas ao d�ficit h�drico, s�o as principais limita��es clim�ticas � produ��o do cafeeiro que levar� a grandes perdas para os produtores em 2021.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que em 2020 a produ��o de caf� no Sul de Minas deve se situar entre 17 e 17,8 milh�es de sacas, o que representa um crescimento de at� 27,3% em compara��o � safra 2019. Em 2021, a safra j� seria naturalmente menor em fun��o da bienalidade de produ��o, por�m essa queda poder� ser ainda maior devido a fatores clim�ticos, que t�m sido determinantes no volume da produ��o.
De acordo com o produtor de caf� e pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecu�ria de Minas Gerais (Epamig) Gladyston Carvalho, j� d� para notar que as planta��es est�o sendo afetadas. “As lavouras de caf� vinham em excelentes condi��es, bem enfolhadas e vigorosas. Entretanto, neste momento em que as colheitas est�o sendo finalizadas, observamos um aumento nas temperaturas e no d�ficit h�drico, causando uma desfolha intensa", disse.
"Al�m desses fatores mencionados, a desfolha foi agravada pela dificuldade de controle da ferrugem, principal doen�a do cafeeiro. Apesar do ver�o ter sido com chuva regulares, contribuindo para o bom desenvolvimento vegetativo dos cafeeiros, fica ainda, a grande expectativa para o agricultor, de como ser� a safra em 2021”, completou Carvalho.
Ainda de acordo com o pesquisador, � cedo para quantificar as perdas. “Se comparada com a previs�o inicial que t�nhamos para 2021, ser�, com certeza, menor, mas ainda � cedo para quantificar essa redu��o”.
Custo de produ��o sobe
Esses fatores adversos afetam n�o somente as lavouras em produ��o, mas tamb�m as em forma��o, causando um aumento na mortalidade de plantas jovens e onerando o custo de forma��o da lavoura cafeeira, pela necessidade de realiza��o de um novo plantio, seja total ou parcial. “Em �reas irrigadas, os danos s�o menores, mas ainda existentes, uma vez que a demanda h�drica est� muito acentuada”, pontua o pesquisador Gladyston.
De acordo com o professor do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras (UFLA), Rubens Guimar�es, o hist�rico da produ��o na regi�o leva a apreens�o. O professor lembra que a ocorr�ncia de fatores clim�ticos adversos � frequente, como o excesso de chuvas nos anos de 1976, 1982, 1983, 1987; o frio intenso, com geadas severas em 1892, 1902, 1918, 1942, 1975, 1979; o calor excessivo em 1985, 2000, 2007 e 2014; e secas severas em 1942, 1961, 1963 e 2014.
“Como se observou em 2014, a temperatura elevada aliada ao d�ficit h�drico s�o as principais limita��es clim�ticas � produ��o do cafeeiro nas diversas regi�es de cultivo, tendo sido calculado um preju�zo de mais de 30% na produtividade esperada de caf� naquele ano”, afirma Rubens.
Olho vivo no manejo
De acordo com o professor, a melhor estrat�gia para que o cafeicultor se defenda das secas, que normalmente s�o potencializadas pelas altas temperaturas, � o manejo da lavoura, que deve ser planejado desde a sua implanta��o. “Melhor cuidar de menores �reas de caf� bem manejadas (com altas produtividades) do que de grandes �reas pouco produtivas (com custos elevados)”.
Uma pesquisa, instalada no campus da Ufla, alia t�cnicas j� conhecidas com m�todos inovadores para mitiga��o dos efeitos da menor disponibilidade h�drica no cafeeiro. O estudo buscou entender os efeitos da seca e das altas temperaturas no solo e na planta de caf�, propondo combina��o de t�cnicas como: manejo da cobertura do solo (com material org�nico ou mesmo filme de polietileno), manejo ecol�gico da braqui�ria, uso de fertilizantes de efici�ncia aumentada (estabilizados, de libera��o lenta ou de libera��o controlada), uso de pol�meros retentores de �gua e condicionadores de solo.
“Assim, foi poss�vel propor t�cnicas de manejo da lavoura para aumentar a capacidade de armazenamento de �gua no solo (cobertura com res�duos vegetais, uso de pol�meros retentores de �gua ou de compostos feitos de res�duos org�nicos), diminuir as temperaturas no solo e nas plantas para menor perda da �gua (melhorando a absor��o de nutrientes com benef�cios diretos no controle de pragas e doen�as)”, conta o professor Rubens.
Produ��o no Sul de Minas
Segundo o Centro do Com�rcio do Caf� do Estado de Minas Gerais (CCMG), a produ��o do caf� ar�bica � predominante no estado, respondendo por 99,1% da safra. O sul de Minas (Sul e Centro-Oeste) � a principal regi�o produtora, representando 54,4% do total de caf� produzido no estado. A produ��o da regi�o, nesta safra, deveria alcan�ar 18,2 milh�es de sacas, com crescimento de 30,3% em rela��o � safra anterior. O ganho de produtividade era 20,2% superior alcan�ando 33,82 sacas por hectares numa �rea em produ��o de 538,5 mil hectares.
