Startups de tecnologia testam apetite de investidor e esperam captar R$ 3,5 bi

Antes concentradas em listagens nos Estados Unidos, as startups e empresas de tecnologia brasileiras come�aram a buscar capta��o no mercado local, em um momento em que os investidores procuram complementar suas carteiras com mais empresas ligadas ao mundo digital.

Nas pr�ximas semanas, o site de intermedia��o de vendas Enjoei.com, a empresa de cupons de desconto e cashback M�liuz e o e-commerce de vinhos Wine est�o com estreias programadas na B3, com ofertas iniciais de a��es (IPOs, na sigla em ingl�s) que podem chegar a mais de R$ 3,5 bilh�es, movimento ainda novo no mercado brasileiro.

Ainda entre as candidatas com perfil tech, j� com pedido de registro na Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), mas ainda sem data, est�o a plataforma de aluguel de im�veis Housi e a Mosaico, dona do site Buscap�.

O movimento das empresas de tecnologia ocorre em um momento de maior volatilidade do mercado, que afastou gigantes de setores tradicionais como a Havan (de Luciano Hang) e Caixa Seguridade, que resolveram deixar a oferta para depois, j� que teriam dificuldade em precificar suas ofertas ao pre�o desejado, segundo fontes pr�ximas �s opera��es. Outros que estavam na fila e suspenderam ofertas s�o o banco BR Partners e a Compass, controlada da Cosan.

"O mundo est� em plena transforma��o, com a digitaliza��o do mundo real. As empresas dessa nova economia t�m enorme potencial de crescimento e veremos cada vez mais representantes na Bolsa", afirma o diretor de opera��es da gestora de investimentos em venture capital KPTL (l�-se Capital, em ingl�s), Gustavo Junqueira.

Estreias

A onda dessas novatas na Bolsa tamb�m testar� o entendimento dos investidores locais para as hist�rias dessas empresa que, no geral, t�m receitas ainda pequenas, mas que crescem em ritmo acelerado, e muitas operam no preju�zo. A M�liuz, uma investida do tradicional fundo de venture capital Monashees, reportou no primeiro semestre receita l�quida de R$ 55,4 milh�es, aumento de 61% ante igual per�odo do ano passado. O resultado l�quido ficou no azul, com lucro de R$ 12,7 milh�es - foi R$ 1,6 milh�o na primeira metade de 2019.

A Enjoei.com, conhecida por ser uma esp�cie de brech� online que ganhou popularidade ao atrair "famosos" a abrirem lojinhas no site, tamb�m � uma investida da Monashees. A companhia reportou, de janeiro a junho, receita l�quida de R$ 28,6 milh�es e preju�zo l�quido de R$ 4,1 milh�es.

Precifica��o

"As empresas de tecnologia s�o precificadas de forma diferente de outras empresas e n�o pelo m�ltiplo do lucro", diz executivo de um banco de investimento. A estreia da Enjoei.com na B3 est� prevista para dia 29 e a da M�liuz e Wine para 5 e 6 de novembro.

"A economia de juros baixos para aplica��es financeiras, aliada ao imenso leque de oportunidades e ao apetite a risco dos investidores, tamb�m encoraja a busca pelo financiamento via mercado de capitais. Para as startups, o financiamento atrav�s de IPO mostra-se mais atraente que o empr�stimo banc�rio puro e simples, principalmente pela compreens�vel inexist�ncia de track-record dessas empresas no mercado financeiro", afirma o s�cio do Bocater Advogados, Jos� Luiz Braga.

Em fevereiro, a empresa de TI Locaweb, que fez um IPO na B3 de R$ 1,4 bilh�o, ajudou a quebrar o estigma de que empresas de tecnologia n�o eram bem avaliadas se fizessem oferta local. A empresa estreou com valor de mercado de R$ 2,6 bilh�es, um m�ltiplo de mais de 30 vezes o lucro projetado para este ano, atraindo at� fundos gringos especializados em tecnologia.

Na �poca, a leitura foi de que o IP O quebrou a tese de que esses investidores n�o compram diretamente no mercado brasileiro e ajudou a abrir a porta para outras empresas de tecnologia optarem pela oferta local. A busca dos investidores pelo papel seguiu alta ap�s seu debute na B3: em cerca de oito meses a a��o da Locaweb deu salto de 265%.

Na B3, o n�mero de representantes do setor de tecnologia ainda � baixo: al�m da Locaweb h� poucas do setor listadas (Totvs, Linx, Sinqia e B2W). Magazine Luiza j� � considerada tamb�m uma empresa tech, ap�s sua transforma��o digital. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.