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Estado de Minas ECONOMIA

'A alimenta��o explica 90% da alta do �ndice de infla��o', diz FGV


24/10/2020 12:30

Andr� Braz, coordenador do �ndice de Pre�os ao Consumidor da Funda��o Getulio Vargas (FGV), n�o v� um descontrole na infla��o e risco de uma espiral inflacion�ria. Ele reconhece, por�m, que houve um certo "espalhamento" da alta de pre�os por conta da desvaloriza��o do real em rela��o d�lar que atingiu os pre�os de outros itens industrializados, como eletrodom�sticos, eletr�nicos, autom�veis, por exemplo.

"A alimenta��o explica hoje 90% do resultado dos �ndices de pre�os ao consumidor", frisa o economista. Na sua avalia��o, embora em recupera��o, a economia ainda est� desaquecida. O que n�o sancionam altas generalizadas de pre�os ao consumidor, embora as press�es existam nos pre�os no atacado. A seguir, principais trechos da entrevista.

Por que a infla��o real est� acima da infla��o dos �ndices?

A infla��o real � a que a gente mede. O que existe � uma percep��o da infla��o diferente, de acordo com o n�vel de renda, gosto, prefer�ncia e at� mesmo com a faixa et�ria da fam�lia. A infla��o das fam�lias com renda mais baixa conversa hoje coma infla��o dos alimentos, que subiram quase 10% em 12 meses. A classe m�dia est� mais alinhada com a infla��o do �ndice cheio, lembrando que a alimenta��o responde por menos de 20% da infla��o geral e os outros 80% s�o bens, servi�os e tarifas p�blicas que foram muito comprometidos com a pandemia. Muitos servi�os como, cinema, hot�is, passagens �reas, por exemplo, tiveram consumo m�nimo no per�odo.

Mas a classe m�dia tamb�m reclama do pre�o dos alimentos...

Com certeza, porque o diagn�stico � feito por todo mundo e o aumento n�o foi trivial a ponto de n�o ser percebido pela classe de renda mais alta. Quanto maior a renda, menor a participa��o da alimenta��o na cesta. Para a baixa renda, a alimenta��o responde por 30% ou mais do or�amento, para a renda mais alta � de 15% para baixo. Uma alta que compromete 10% do meu or�amento eu vou me importar muito? Eu sei que est� caro, mas tenho renda para pagar. Fa�o ju�zo de valor, mas isso n�o afeta a minha cesta de consumo.

H� um descontrole geral na infla��o?

N�o. A infla��o est� muito concentrada em alimentos. A alimenta��o explica hoje 90% do resultado dos �ndices de pre�os ao consumidor. At� pela persist�ncia na desvaloriza��o do real, isso come�a a criar press�es inflacion�rias em v�rios segmentos. Vemos materiais de constru��o, eletrodom�sticos, eletr�nicos subindo de pre�o. Come�amos a ver um espalhamento um pouco maior. Mas longe de isso ser entendido como um processo inflacion�rio mais disperso que mostre um cen�rio duradouro e persistente. O problema seria entrar numa espiral inflacion�ria espalhada em muitos bens e servi�os e com car�ter duradouro. Mas essa n�o � a caracter�stica da infla��o no curto prazo at� porque estamos com a economia desaquecida, com desemprego alto.

Como o sr. avalia essa quest�o do IPCA (�ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo) "estar gr�vido" da alta de pre�os no atacado?

Est� "gr�vido" em termos. S� uma parte da estrutura do IGP (�ndice Geral de Pre�o, que engloba pre�os no atacado) caminha em dire��o ao IPCA. Tem coisas que n�o v�o contaminar na magnitude das varia��es de pre�os no atacado os produtos ao consumidor. Por exemplo, o min�rio de ferro foi a commodity que mais subiu no atacado, 80% em 12 meses. Parte desse aumento explica parte dos aumentos do pre�o do carro, m�quina de lavar, por exemplo. Mas n�o estamos vendo carro e pe�as subindo nessa magnitude. H� aumentos de custos, movidos em parte pelo encarecimento da mat�ria-prima, mas n�o de maneira explosiva como o atacado vem mostrando.

Ser� preciso subir juros o ano que vem para conter a infla��o?

Vai depender muito do que ser� o ano que vem. A economia vai crescer mais rapidamente do que imaginamos? Ainda n�o h� sinais claros do que vai acontecer. A normaliza��o gradual da presta��o de servi�os, com�rcio, vai causar alguma infla��o. Mas essa infla��o vai caminhar no sentido da meta.. N�o consigo ver, por enquanto, nenhuma press�o que justifique mexer em juros no curto prazo.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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