Santander v� lucro subir, mas risco de calote nos pr�ximos meses preocupa

O Santander Brasil registrou lucro l�quido de R$ 3,9 bilh�es entre julho e setembro de 2020, alta de 82,7% em rela��o ao trimestre anterior e de 5,3% sobre igual per�odo de 2019, segundo balan�o publicado ontem. O resultado veio 35% acima da m�dia do que esperavam os analistas e foi creditado sobretudo � redu��o das despesas com reservas para eventuais calotes.

No entanto, analistas de mercado ponderam que a recupera��o da economia depois do baque da pandemia de covid-19 � incerta e que o resultado positivo pode n�o ser sustent�vel daqui em diante. Uma das quest�es que assombram o Santander, e todos os bancos, s�o as d�vidas que tiveram pagamentos prorrogados no in�cio da pandemia e que agora come�am a vencer.

O vice-presidente executivo do banco, Angel Santodomingo, admitiu ontem, depois da divulga��o dos resultados, que poder� haver uma press�o nos indicadores de inadimpl�ncia do banco. Essa carteira de t�tulos prorrogados do banco hoje tem um �ndice de atrasos acima de 90 dias de 5,1%. Santodomingo evitou classificar a situa��o como um problema, por�m: "Temos conforto."

O banco informou que n�o precisou recorrer aos R$ 3,2 bilh�es de provis�es extraordin�rias feitas no segundo trimestre para fazer frente � inadimpl�ncia prevista em decorr�ncia da crise trazida pela pandemia de covid-19. "N�o tivemos de lan�ar m�o do provisionamento (...), o que demonstra nossa capacidade de gest�o de risco", disse presidente do Santander Brasil, S�rgio Rial, em nota divulgada ontem.

Carteira de cr�dito

A carteira de cr�dito teve expans�o de 3,8% no terceiro trimestre, em rela��o aos tr�s meses imediatamente anteriores, para R$ 397,4 bilh�es. "A carteira est� se comportando de maneira natural e tendo um desempenho at� melhor que o esperado. Por isso n�o esperamos ter mais provis�es extraordin�rias", afirmou Santodomingo.

As pequenas e m�dias empresas foram as que mais apresentaram crescimento na carteira de cr�dito do Santander Brasil no per�odo, com avan�o 40,5% sobre o ano passado. Em 12 meses, tamb�m houve forte alta entre as grandes empresas (33,5%), enquanto para as pessoas f�sicas o avan�o foi mais discreto (11.6%).

As despesas com provis�o para devedores duvidosos (PDD) do Santander Brasil ca�ram 55,4% no terceiro trimestre, em rela��o ao trimestre anterior, para R$ 2,9 bilh�es. Em rela��o ao terceiro trimestre de 2019, a queda foi de 7,5%.

No acumulado do ano, contudo, a provis�o extraordin�ria puxou as despesas com PDD para uma alta de 39,3% em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior, para R$ 14,9 bilh�es.

Prote��o financeira

Para analistas do banco Morgan Stanley, no entanto, o "cobertor" do Santander para um eventual aumento de calotes entre o fim deste ano e o in�cio de 2021 est� curto em rela��o ao cuidado dos outros bancos.

Os analistas Jorge Kuri, Jorge Echeverria, Eugenia Sanchez e Alexandre Namioka, dos times do Morgan nos Estados Unidos e do Brasil, disseram, em relat�rio: "O risco do Santander � que sua taxa de reservas ainda est� bem abaixo dos pares, em 6,3% neste trimestre, versus uma m�dia de 8% nos pares."

Apesar de o banco dizer o contr�rio, eles n�o descartam que o Santander tenha de elevar provis�es no futuro: "A taxa estendida de cobertura est� em apenas 80%, versus uma m�dia de 120% dos pares. � poss�vel que o Santander tenha de voltar a fazer grandes provis�es no quarto trimestre deste ano ou no primeiro trimestre de 2021."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.