Infla��o e redu��o do aux�lio emergencial j� derrubam vendas nos supermercados

A disparada da infla��o dos alimentos e o corte pela metade do aux�lio emergencial recebido por 65 milh�es de brasileiros j� reduziram em at� 10% as vendas das redes de atacarejos nas �ltimas semanas. Nos supermercados, o movimento se repete. "Este m�s todo mundo est� chiando porque a venda caiu muito", afirma o diretor de mercado da Associa��o Paulista de Supermercados (Apas), Omar Assaf.

A freada era previs�vel por causa da redu��o do aux�lio emergencial de R$ 600 para R$ 300 desde setembro. No entanto, esse movimento de queda nas vendas ganhou for�a com a escalada de pre�os da comida, que continua.

Em outubro, a pr�via da infla��o, medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor-15 (IPCA-15) atingiu 0,94%. O resultado � mais que o dobro da infla��o registrada em setembro e a maior alta para o m�s em 25 anos. A comida respondeu pela metade da infla��o ao consumidor, com destaques para a carne bovina (4,83%) - item de maior peso entre os alimentos -, �leo de soja (22,34%), arroz (18,48%) e leite longa vida (4,26%), por exemplo.

Desempregada e dependente do auxilio emergencial, Gabriela de Oliveira Santos, de 30 anos, que mora com o filho de 13 anos e a m�e no Cap�o Redondo, zona sul de S�o Paulo, sentiu o baque da infla��o e come�ou a cortar as compras desde o m�s passado. "Tirei carne, Danone, bolacha e fruta", conta. Ela manteve na lista do supermercado s� o b�sico do b�sico: arroz, feij�o, farinha e algumas verduras. "Estamos comendo frango e ovo, que s�o mais baratos." Com isso, o gasto no supermercado no m�s, que era de R$ 350, n�o chega hoje a R$ 150.

O corte nas compras foi provocado pela infla��o dos alimentos e tamb�m porque ela pretendia fazer uma reserva para enfrentar a redu��o no aux�lio emergencial. Mas seu planejamento foi frustrado. � que as contas de �gua e de luz vieram com aumentos este m�s e ela teve de gastar o que havia economizado. "S� Deus sabe como vai ser daqui para frente", diz Gabriela, que vai receber em novembro o aux�lio de R$ 300.

Sup�rfluo

"O consumidor deixou de comprar o sup�rfluo nas �ltimas semanas e s� leva o b�sico quando os pre�os est�o extremamente convidativos", diz um supermercadista que prefere o anonimato. A sua rede, por exemplo, voltada para a classe m�dia, registrou queda de 7% nas vendas em setembro e outubro ante meses anteriores

Com a pandemia, a popula��o abasteceu a despensa, estocou alimento e comprou de tudo: salgadinho, chocolate, iogurte, vinho, diz um empres�rio do setor. Isso levou a um pico de vendas nos supermercados, que ocorreu em maio, segundo pesquisa da Apas. Naquele m�s, a alta real nas vendas, descontada a infla��o, foi de 11,4% ante maio de 2019. Em agosto, �ltimo dado dispon�vel e antes do corte do aux�lio emergencial, o crescimento havia desacelerado para 1,6% na compara��o com o mesmo m�s do ano passado. Hoje, a venda dos sup�rfluos caiu e a quantidade de b�sicos tamb�m recuou, segundo empres�rios.

Com a redu��o do aux�lio emergencial e sem uma contrapartida de aumento do emprego, a perspectiva � que o consumo perca f�lego e a alta de pre�os arrefe�a. Assaf lembra, por exemplo, que o 13.� dos aposentados j� foi pago este ano e que essa inje��o extra de recursos no �ltimo bimestre n�o vai ocorrer. "� menos dinheiro rodando na pra�a e menos �nimo para o cidad�o repassar custos."

Na sua opini�o, os aumentos de pre�os, que sustentaram a escalada inflacion�ria dos alimentos, chegaram no limite e n�o cabem mais no bolso do consumidor. "A ind�stria come�ou a sentir isso e a necessidade de vender vai fazer com que ela abra descontos."

Um sinal dessa mudan�a j� foi captado por outro empres�rio do setor. com a queda nas vendas, nos �ltimos 15 dias, fabricantes de �leo de soja e beneficiadores de arroz pararam de reajustar diariamente os pre�os como faziam at� ent�o. O sinal pode ser positivo, mas a verdade s� ser� conhecida no pr�ximo resultado da infla��o.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.