O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou nesta ter�a-feira, 15, que a disciplina fiscal � essencial para garantir a credibilidade do Pa�s e atrair maiores investimentos privados. "O Brasil tem um dos maiores portf�lios de projetos entre emergentes. Precisamos de ciclo virtuoso e isso se liga � parte fiscal", afirmou, em participa��o no evento GZERO LatAm Forum 2020, organizado pela B3 e pela Eurasia Group.
Campos Neto voltou a alertar que o forward guidance do BC pode ser retirado se �ncora fiscal for abandonada, mas repetiu que esse cen�rio de abandono do teto de gastos � improv�vel.
"Se a situa��o for de menor crescimento e menor infla��o, o BC vai agir de acordo com isso. A infla��o � a principal parte do nosso objetivo, do nosso regime. Agora, se o cen�rio for o oposto, de que a �ncora fiscal ser� abandonada, ser� muito mais dif�cil", acrescentou o presidente do BC.
Desde agosto, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) passou a usar um forward guidance, se comprometendo a n�o elevar os juros de acordo com tr�s condi��es que, segundo a diretoria do BC, seguem satisfeitas: proje��es de infla��o abaixo da meta no horizonte relevante, manuten��o do regime fiscal e expectativas de longo prazo ancoradas.
Cen�rio precificado
O presidente do Banco Central avaliou que o mercado j� precificou que o Brasil tem uma situa��o fiscal fr�gil, mas considerou que o governo e o Congresso Nacional entendem que n�o podem aumentar os gastos na atual situa��o das contas p�blicas. "O legislativo e executivo est�o analisando pontos da quest�o fiscal, mas espa�os est�o limitados", afirmou.
Campos Neto negou que o Brasil esteja entrando em um processo de domin�ncia fiscal. "Isso aconteceria se abandon�ssemos a �ncora fiscal (do teto de gastos) mas o governo j� garantiu que isso n�o ir� acontecer", enfatizou.
O presidente do BC citou a aprova��o do projeto de independ�ncia da institui��o nas �ltimas semanas pelo Senado.
O texto ainda precisa ser votado pela C�mara dos Deputados, mas Campos Neto avaliou que o andamento do tema j� � uma boa sinaliza��o ao mercado. Ainda assim, ele admitiu que a entrada de recursos no Pa�s nos �ltimos meses compensa apenas em parte o fluxo de sa�da no auge da pandemia de covid-19. "Vemos no Brasil uma recupera��o dos fluxos, mas ainda pequenos em rela��o �s sa�das anteriores", apontou.
'Caixa de ferramentas'
O presidente do Banco Central avaliou ainda que a autoridade monet�ria ainda tem muito espa�o de atua��o antes de precisar comprar cr�dito direto dos bancos. Ele considerou que as medidas de liquidez do BC para o setor banc�rio tiveram sucesso durante a pandemia. "Temos uma caixa de ferramentas com muitas coisas que podem ser usadas. Mas se voc� est� em um pa�s emergente e j� usou muitas dessas ferramentas, sobram poucos instrumentos a serem usados. Tentamos no concentrar no fato de que o BC deveria atuar em liquidez e o governo em solv�ncia. Se voc� cruza essa linha, pode ser muito dif�cil voltar atr�s. Sou muito c�tico em rela��o a isso", afirmou.
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