Segundo uma pesquisa da ag�ncia Conversion, especializada em SEO e e-commerce, as lojas virtuais somam 31,94% das inten��es de compra dos brasileiros para a data, seguidas pelos aplicativos de lojas e marcas, com 22,53%. Os estabelecimentos em shopping centers e com�rcio de rua aparecem em seguida com, respectivamente, 19,25% e 18,77% das prefer�ncias.
O estudo foi realizado no dia 12 de dezembro com 1.068 brasileiros acima de 16 anos, por meio de um question�rio estruturado com perguntas fechadas via internet. 83% dos entrevistados afirmaram que v�o presentear algu�m no Natal, mas 17% dos consumidores n�o ir�o fazer nenhuma compra para a data comemorativa.
“As pessoas tiveram que se adaptar � pandemia, ficaram no confinamento dom�stico, tiveram que abrir m�o do consumo direto, de ir no shopping ou loja de rua”, explica Marcelo Neves, economista e professor da Faculdade Fipecafi.
Natal mais econ�mico
A pesquisa mostra tamb�m que ser� um Natal muito mais econ�mico: 41,3% pretendem gastar menos este ano em compara��o com o evento de 2019. Por outro lado, 23,6% pretendem gastar mais com presentes em 2020, “o que, por si, j� � bastante surpreendente diante do atual cen�rio de desemprego e de queda da atividade econ�mica no pa�s”, comenta Diego Ivo, CEO da Conversion.
Em novembro, a empresa lan�ou um estudo que apontou para a maior Black Friday de todos os tempos, impulsionada pela pandemia. “Naquela pesquisa, 75% dos brasileiros pretendiam comprar pela internet por medo do cont�gio”, acrescenta.
O estudo mostra ainda que 48,3% dos brasileiros pretendem gastar menos de R$ 300 em todos os presentes de Natal deste ano. J� na pesquisa sobre a Black Friday, 32,2% afirmaram que pretendiam gastar acima de R$ 1 mil. Para o Natal, apenas 12% pretendem presentar acima desse valor.
“A Black Friday passou a gerar uma antecipa��o das vendas de Natal. Muita gente aproveitou para fazer as compras de Natal nessa data, j� que pagariam menos pelos produtos”, afirma Neves.
Para ele, as mudan�as causadas pela pandemia transformaram os h�bitos de consumo das pessoas. Por isso, o Natal de 2020 ter� mais compras por e-commerce do que por lojas f�sicas.
O prazo de entrega �, segundo a pesquisa, o fator mais preponderante para a decis�o de compra dos brasileiros, seguido do custo do frete, que tamb�m ser� muito levado em conta pelos consumidores.
Expectativa de crescimento
J� a Confedera��o Nacional do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo (CNC) revisou de 2,2% para 3,4% a expectativa de crescimento do volume de vendas no Natal deste ano. Uma vez confirmada essa proje��o, o setor vai experimentar o maior avan�o real das vendas natalinas desde 2017 (3,9%). O evento � a principal data comemorativa do varejo brasileiro, devendo movimentar R$ 38,1 bilh�es neste ano.
“Apesar da pesquisa apontar o maior crescimento desde 2017, devemos analisar com um certo cuidado, em rela��o aos n�meros do ano passado. At� outubro, o �ndice de confian�a do consumidor, da Funda��o Get�lio Vargas, estava pr�ximo ao do ano passado. Al�m disso, a atividade econ�mica � sempre mais intensa no 2° semestre do ano. Tem tamb�m o efeito do aux�lio emergencial que liberou a �ltima parcela agora em dezembro. Esses fatores somados podem explicar essa expectativa de crescimento”, diz Neves.
O especialista alerta, no entanto, que este crescimento ser� moment�neo. “Esses crescimentos t�m muito de demanda reprimida. Vamos ter um crescimento de vendas do Natal em rela��o ao ano anterior, mas depois isso vai estagnar. N�o � um crescimento cont�nuo. Tivemos alguns meses em que as pessoas pararam de consumir ou retardaram o consumo, do bem ou servi�o, por causa da pandemia e da incerteza. Mas, ele � como uma onda. Depois que passa acabou”.
O aumento previsto nas vendas, segundo a CNC, dever� ser puxado pelo e-commerce. A confedera��o projeta crescimento real de 64% das vendas via varejo eletr�nico voltadas para o Natal deste ano, frente ao mesmo per�odo do ano passado.
Al�m disso, segundo a Receita Federal, o volume de vendas on-line avan�ou 45% no per�odo de mar�o a setembro deste ano, em rela��o ao mesmo per�odo em 2019. O n�mero de pedidos, por sua vez, aumentou 110% no mesmo per�odo.
Produtos natalinos mais caros
Quanto aos produtos importados tipicamente natalinos, houve um recuo de 16,5% nas importa��es entre setembro e novembro de 2020 (US$ 367,2 milh�es) em rela��o ao mesmo per�odo de 2019 (US$ 439,5 milh�es), como resultado da desvaloriza��o cambial. O valor � o menor para esse per�odo desde 2009 (US$ 308,9 milh�es). � exce��o de bebidas, todas as demais categorias de produtos acusaram recuo em rela��o a 2019.
Al�m das dificuldades diretamente impostas pela pandemia, a desvaloriza��o cambial de 32,3% nos �ltimos 12 meses encerrados em novembro tem impactado significativamente os pre�os de diversos produtos mais demandados nesta �poca do ano, especialmente alimentos.
Nos 12 meses encerrados outubro, por exemplo, os pre�os destes produtos medidos pelo �ndice de Pre�os ao Produtor (IPP) do IBGE subiram 36%, ante uma varia��o m�dia dos pre�os ao consumidor final de 12%, de acordo com o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo mesmo instituto.
Os pre�os dos produtos tipicamente natalinos refletem claramente essa tend�ncia. A cesta composta por 214 itens mais consumidos nesta �poca do ano, agrupados em 30 categorias de bens e servi�os, mostra que os pre�os medidos por meio do �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentaram avan�o m�dio de 9,4% nos 12 meses encerrados em novembro. Mantido esse ritmo de reajuste, o Natal de 2020 apresentar� a maior alta de pre�os desde 2015 (+11,0%).
“A alta do d�lar ajudou, mas � preciso considerar a redu��o de massa salarial, j� que a renda das pessoas hoje � menor. Estamos com milh�es de desempregados. Al�m disso, com a infla��o dos alimentos e o c�mbio depreciado, era muito mais interessante para o produtor exportar do que vender internamente. Isso pressiona o pre�o dos alimentos”, ressalta Neves.
Vagas tempor�rias
Do ponto de vista do emprego, a expectativa da CNC � de que sejam criadas 70,2 mil vagas tempor�rias para o Natal deste ano. Confirmada essa previs�o, a quantidade de postos mostraria uma retra��o de 20%, se comparados aos 88 mil preenchidos pelo setor no ano passado – consequ�ncia direta da circula��o ainda anormal de consumidores nas lojas f�sicas do com�rcio.
“Houve um crescimento do emprego formal e o trabalho informal n�o teve esse crescimento. Ainda tem muita gente desocupada, o desemprego est� muito grande. Mas a pandemia provocou uma mudan�a de comportamento de consumo e antecipou aquilo que deveria acontecer nos pr�ximos 5 anos, com o crescimento da compra de produtos pela internet”, explica Neves.
Segundo ele, a diminui��o dos postos de trabalho tempor�rio pode ser explicada pelos lojistas que tiveram que fechar as portas, al�m dos consumidores que preferiram fazer suas compras on-line. “As vagas que foram cortadas no com�rcio passaram a crescer na �rea de log�stica, que � muito mais produtiva que o varejo. Voc� compra hoje um livro pela internet e v� o que est� acontecendo com as livrarias”.
Embora as lojas de vestu�rio e cal�ados respondam pela maior parte das vagas voltadas para o Natal, a oferta de 39,1 mil vagas neste segmento em 2020 dever� corresponder a apenas 2/3 dos 59,2 mil postos criados no ano passado.
Isto porque esse ramo do varejo vem apresentando maiores dificuldades em reaver o n�vel de vendas anterior ao in�cio da pandemia. Hiper e supermercados (13 mil) e lojas de artigos de uso pessoal e dom�stico (11,7 mil), somados ao ramo de vestu�rio, dever�o responder por cerca de 91% das vagas oferecidas pelo varejo.
*Estagi�ria sob supervis�o do subeditor Jo�o Renato Faria