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Estado de Minas ECONOMIA

Covid faz de Mercado Livre tit� regional


10/01/2021 07:06

A pandemia, que obrigou a popula��o do mundo inteiro a fazer mais compras pela internet em fun��o das medidas de isolamento, transformou o e-commerce Mercado Livre, que j� era uma das empresas mais valiosas da Am�rica Latina, em um tit� regional. Do in�cio da crise da covid-19, em mar�o, at� agora, o valor de mercado da companhia, listada desde 2007 na bolsa americana Nasdaq, saltou de US$ 27 bilh�es (R$ 145 bilh�es) para quase US$ 77 bilh�es (R$ 415 bilh�es), uma alta de 185%.

O feito levou o marketplace a ultrapassar nomes tradicionais da economia brasileira em valor de mercado, como Petrobr�s e todos os grandes bancos. A empresa chegou at� mesmo a ultrapassar a Vale e ficar, momentaneamente, na primeira coloca��o das mais valiosas da regi�o. Considerada por analistas de mercado como a grande competidora latina das gigantes globais Amazon e Alibaba, a empresa se prepara agora para um novo salto: come�ar a vender alimentos frescos e ingressar no disputado nicho de delivery de restaurantes.

Os n�meros da empresa, que tem sede na Argentina, s�o superlativos. De janeiro a setembro do ano passado, o total de usu�rios �nicos ativos na plataforma dobrou para 112,5 milh�es. O volume de vendas foi a US$ 14,36 bilh�es, um aumento de 42% em rela��o ao mesmo per�odo do ano anterior. O forte crescimento n�o passou despercebido pelos investidores, que passaram 2020 buscando investimentos em empresas de tecnologia com elevado ritmo de expans�o: em todo o ano, a a��o da companhia avan�ou de US$ 550 para US$ 1,7 mil.

Futuro adiantado

De acordo com Stelleo Tolda, cofundador da companhia, o per�odo de confinamento - e o forte movimento de digitaliza��o trazido por ele, que abriu vias r�pidas de crescimento para o e-commerce - adiantou em dois anos as estimativas de crescimento tra�adas para a empresa. "Isso porque t�nhamos proje��es muito agressivas, sen�o seria mais tempo", afirma Tolda, que tamb�m liderou a chegada da companhia ao Brasil, em 1999. Apesar do avan�o, a plataforma tem ainda muito espa�o para crescer, especialmente quando se analisa experi�ncia em outros pa�ses. Em 2020, as vendas online no mercado brasileiro passaram de uma participa��o de 5% do total do varejo para 10%. "Esse � um movimento que veio para ficar. Olhando para outros mercados o n�mero � pr�ximo de 20%. Na China, onde o e-commerce tem mais penetra��o, est� em 25%", comenta o executivo.

Produtos frescos

Com centenas de milhares de varejistas plugados na plataforma, incluindo grandes redes, uma das estrat�gias do Mercado Livre para tornar o ecossistema mais completo tem sido investir pesado em log�stica, para garantir a entrega no mesmo dia para uma gama cada vez maior de produtos. Recentemente, a empresa anunciou cinco novos centros de distribui��o no Brasil. O desembolso no ano passado foi de cerca de R$ 4 bilh�es apenas nesse segmento. "O comprador online � ansioso", explica Tolda.

Para comprovar o aumento da efici�ncia da entrega, a empresa programa para o in�cio deste ano o lan�amento de uma nova frente: a venda de produtos perec�veis, incluindo delivery de restaurantes. Hoje, os produtos de limpeza e alimentos secos, como arroz e feij�o, j� est�o dispon�veis.

O crescimento que veio com a pandemia tamb�m alavancou outro neg�cio da empresa, a sua fintech Mercado Pago. Foram cerca de sete milh�es de novas contas abertas na esteira do aux�lio emergencial, medida do governo para mitigar os efeitos da crise nas fam�lias que tiveram a renda mais afetada. O crescimento ocorreu, ainda, em um momento em que a concorr�ncia no setor banc�rio se acirrou. "H� muitos desbancarizados e sub-bancarizados no Brasil", comenta o vice-presidente do Mercado Pago, T�lio Oliveira.

"Temos uma vis�o de longo prazo e sempre acreditamos nessa tese de que a tecnologia iria mudar a vida das pessoas. Essa mesma l�gica n�s estendemos para servi�os financeiros", afirma Tolda.

Em relat�rio recente, o banco norte-americano Goldman Sachs afirmou que o Mercado Livre continua sendo uma das principais op��es no com�rcio eletr�nico latino-americano. "Vemos a empresa n�o apenas alavancando com sucesso as mudan�as de comportamento do consumidor impulsionadas pela pandemia, mas tamb�m executando de forma consistente uma agenda micro que abrange �reas estrat�gicas como log�stica, sele��o, pre�os, experi�ncia do usu�rio e curso de servi�os financeiros", diz o documento, assinado pelos analistas Irma Sgarz, Thiago Bortolucci e Chandru Ravikumar.

Sala de aula

A ideia da cria��o do Mercado Livre surgiu nas salas de aula na Universidade Stanford, no Vale do Sil�cio, na Calif�rnia, mesmo ber�o do Google. Foi ali que nasceu o projeto, em 1999, quando o brasileiro Stelleo Tolda e o argentino Marcos Galperin, cofundadores da empresa, ouviram de seus colegas que uma empresa, inspirada na americana Ebay, que tinha sido lan�ada cinco anos antes e que tinha de abrir seu capital, n�o teria sucesso ao ser replicada na Am�rica Latina. "Todos eram c�ticos, mas a gente sempre teve muita confian�a sobre a viabilidade do neg�cio", afirma Tolda.

A empresa nasceu como qualquer startup que precisa, do zero, colocar o neg�cio de p�. Depois que terminou o curso, Galperin voltou a Buenos Aires, onde lan�ou oficialmente o "Mercado Libre", na garagem do subsolo de um edif�cio - estrutura que foi replicada como comemora��o do anivers�rio de 20 anos da companhia.

Tr�s meses depois, Tolda se uniu ao neg�cio que ajudou a pensar, trazendo o Mercado Livre ao Brasil (atualmente o Pa�s representa 53% das receitas da companhia). Para fazer o neg�cio girar e, assim, atrair o p�blico, o primeiro passo foi colocar produtos para a venda dentro do site.

No in�cio, come�aram a ofertar artigos usados de familiares e amigos. Depois, Tolda conta que passou pessoalmente a visitar lojistas. Em uma dessas ocasi�es, com uma m�quina fotogr�fica na m�o - uma Sony Malvica, que tinha um compartimento para um disquete, o que permitia na �poca a transfer�ncia mais r�pida das fotos para o computador - foi at� a rua Teodoro Sampaio, tradicional polo da capital paulista de venda de instrumentos musicais. De loja em loja, falava com os propriet�rios e tirava foto dos instrumentos para inserir na plataforma. Naquele momento era gratuito ao lojista, algo que foi mantido por um ano.

Rapidamente, o neg�cio foi ganhando escala. Como consequ�ncia, j� no in�cio da empreitada, o Mercado Livre comprou tr�s de seus concorrentes diretos. Ibazar, Lokau e Arremate - o �ltimo terminou de ser 100% adquirido em 2007. "Essas empresas eram concorrentes diretos. Ajudou a dar escala na base de usu�rios e clientes", conta Tolda. Hoje em dia, o Mercado Livre n�o � conhecido por grandes movimentos de fus�es e aquisi��es, e cresce - e muito - organicamente. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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