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Estado de Minas ECONOMIA

Montadoras como a Ford sofrem press�o global por mudan�as, apontam especialistas


12/01/2021 06:55

O an�ncio de fechamento das f�bricas da Ford no Brasil foi um choque e uma surpresa para quase todo mundo. Quem acompanha mais de perto esse mercado, por�m, n�o se surpreendeu tanto assim. Os analistas dizem que a ind�stria automobil�stica vem tentando se reinventar no mundo todo, e uma das alternativas � focar nos ve�culos el�tricos e h�bridos. A corrida para chegar a produtos vi�veis nos mercados globais est� deixando para tr�s empresas e pa�ses que entraram tarde, ou ainda nem participam dessa disputa, avalia C�ssio Pagliarini, da Bright Consulting.

Esse processo exige elevados investimentos e, no caso da Ford, tudo indica que a matriz n�o quis ter esse gasto no Brasil. O movimento anunciado ontem � algo similar ao que ocorreu recentemente com a Mercedes-Benz, que em dezembro fechou sua f�brica de autom�veis em Iracem�polis (SP).

Em comunicado, a Ford afirma vai concentrar a produ��o da Am�rica Latina na Argentina e no Uruguai. Para Marcus Ayres, s�cio-diretor da consultoria Roland Berger, duas raz�es teriam, na sua opini�o, favorecido o pa�s vizinho. Uma delas � que a Argentina produz a Ford Ranger, um dos carros-chefe da companhia. Al�m disso, a economia argentina � altamente dolarizada, o que facilitaria o repasse de aumento de custos. Hoje, 70% da produ��o Argentina � exportada.

No Brasil, a situa��o do setor automotivo j� vem em ritmo lento desde a crise de 2014, e foi intensificada pela queda dr�stica no mercado provocada pela pandemia da covid-19. N�o bastasse a situa��o global, o governo brasileiro n�o tem demonstrado interesse em definir uma pol�tica industrial que indique se o caminho aqui ser� o de carros el�tricos, h�bridos ou h�bridos a etanol.

"Est� faltando uma orquestra��o pol�tica no setor", diz Pagliarini, que foi funcion�rio da Ford por 25 anos. Em sua opini�o, "h� um perigo muito grande" de outras montadoras seguirem a decis�o da Ford. "Temos muita capacidade instalada e n�o cabem tantas f�bricas, aqui e no mundo", afirma.

Velocidade

"O Brasil � um pa�s de infinitas possibilidades, mas no setor automotivo h� algumas coisas que precisam se mover um pouco mais r�pido para se adequar � nova realidade", diz Ayres. Ele destaca que os tr�s pilares da ind�stria automobil�stica s�o: posicionamento dos produtos, performance e progresso. "Quanto mais r�pido a ind�stria se mover na ideia desses tr�s pilares para se adequar � nova realidade, mais robusta ela ficar�. Se ela ficar parada nessas tr�s dimens�es, da� eu n�o tenho d�vida alguma de que o movimento que vimos com a Ford poderemos esperar para outras montadoras."

Para Ayres, a decis�o da Ford de sair do Pa�s n�o foi uma novidade. Esse movimento j� vinha sendo sinalizado desde 2019, com a venda da f�brica de caminh�es de S�o Bernardo do Campo, no ABC Paulista. A estrat�gia da companhia, que culminou com a decis�o de encerrar as opera��es no Pa�s, ocorreu porque uma s�rie de ve�culos produzidos no Brasil n�o estavam alinhados com os objetivos globais da empresa, diz. "A Ford est� se movendo para ser uma montadora de SUVs (utilit�rios esportivos), o segmento mais lucrativo, e de ve�culos el�tricos."

J� Ricardo Bacellar, s�cio-l�der de Industrial Markets e Automotivo da KPMG no Brasil, aponta que a decis�o da Ford decorre de uma s�rie de fatores, come�ando pelo aumento da concorr�ncia, que comprometeu as suas margens de rentabilidade - uma situa��o que a pandemia ajudou a deteriorar. A necessidade de quarentena, que no per�odo mais r�gido fechou concession�rias, obrigou as montadoras a correrem para acelerar os investimentos em digitaliza��o, algo que n�o foi acompanhado pela Ford.

"Ela acabou afastando os clientes. V�rias montadoras optaram pelos lan�amentos r�pidos em seus canais digitais. Houve uma necessidade de investir muito", diz.

Atra�das por incentivos fiscais, in�meras montadoras se instalaram no Pa�s de olho em um mercado de pelo menos 3 milh�es de ve�culos por ano. Hoje, as f�bricas locais t�m capacidade para produzir 5 milh�es de ve�culos por ano. Em 2020, no entanto, foram fabricados 2 milh�es e deve levar, segundo proje��es, cerca de mais cinco anos para o setor voltar a patamares da pr�-pandemia, de cerca de 3 milh�es de unidades. Mas, segundo C�ssio Pagliarini, "a Ford decidiu n�o esperar".
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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