(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ECONOMIA

Reconhecimento facial pode detectar orienta��o pol�tica, diz estudo


12/01/2021 07:05

Michal Kosinski, controverso professor da Universidade Stanford, est� de volta. O polon�s de 38 anos descreveu em 2013 o uso de curtidas e testes no Facebook para decifrar a personalidade de uma pessoa - a estrat�gia foi usada posteriormente pela consultoria pol�tica Cambridge Analytica (CA) para influenciar a opini�o p�blica em epis�dios como as elei��es americanas de 2016.

Ap�s virar 'profeta' de um dos maiores esc�ndalos do Facebook, Kosinski passou a dedicar seus estudos a potenciais perigos � privacidade causados por tecnologias de reconhecimento facial. Nesta segunda, 11, a prestigiada revista cient�fica Nature publicou o novo artigo do pesquisador, no qual afirma ser poss�vel usar reconhecimento facial para detectar a orienta��o pol�tica das pessoas.

No experimento, o algoritmo analisou mais de 1 milh�o de fotos de perfis no Facebook e em sites de namoros em tr�s pa�ses: EUA, Canad� e Inglaterra. Ao final, a intelig�ncia artificial (IA) teria identificado corretamente a orienta��o pol�tica dessas pessoas em 72% dos casos - seguindo a classifica��o amplamente utilizada nos EUA, as pessoas estavam divididas em 'conservadoras' e 'liberais'.

"Provavelmente, o algoritmo est� detectando padr�es e fazendo combina��es que passam despercebidas aos olhos humanos", explica ele ao Estad�o . No estudo, a IA determinou 2.048 atributos de descri��o da face, embora n�o seja poss�vel saber o que a m�quina captou - � algo que refor�a a cr�tica de que a IA � uma tecnologia pouco transparente.

Cr�ticas

Os resultados e a pr�pria exist�ncia da pesquisa devem replicar cr�ticas j� feitas anteriormente aos trabalhos de Kosinski. Em 2017, ele publicou na revista The Economist uma pesquisa que afirmava ser poss�vel usar o reconhecimento facial para detectar a orienta��o sexual das pessoas. Na �poca, grupos LGBTQ+ dos EUA consideraram o estudo falho e perigoso, enquanto pesquisadores questionaram seu m�todo, linguagem e prop�sito.

"Eu espero que as pessoas tenham a cabe�a mais fria desta vez. A maioria das cr�ticas acontecem por n�o entenderem o que estou fazendo. Eu estou apontando os problemas da tecnologia e os riscos que ela traz para privacidade e direitos civis", diz.

A argumenta��o para a exist�ncia do trabalho e os m�todos adotados s�o problem�ticos, dizem especialistas de diferentes �reas.

"Voc� n�o precisa explodir uma bomba para saber que ela � perigosa", afirma S�rgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e especialista em pol�ticas p�blicas e inclus�o digital. "Me preocupo muito com o tipo de incentivo e sinaliza��o que esse tipo de pesquisa nos traz", diz.

"Isso recicla velhas pr�ticas. � uma atualiza��o do positivismo de Cesare Lombroso", diz ele, em refer�ncia ao psiquiatra e criminologista italiano que viveu no s�culo 19 e que dizia ser poss�vel identificar criminosos a partir de suas caracter�sticas f�sicas. "Agora, por�m, a computa��o � usada para justificar velhos preconceitos."

"� absurdo dizer que � poss�vel extrair uma constru��o social, como orienta��o pol�tica, a partir de caracter�sticas gen�ticas e fenot�picas", diz Roberto Hirata Junior, professor da USP. Segundo ele, � poss�vel que exista vi�s nos dados e nas classifica��es para indicar orienta��o pol�tica.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)