Em um ano muito dif�cil para a economia brasileira, o mercado de vinhos foi na dire��o oposta e deu um salto hist�rico em 2020. O consumo per capita subiu 30% no Pa�s, em meio ao isolamento social, chegando � m�xima de 2,78 litros para cada habitante com mais de 18 anos. No entanto, o ano foi especialmente positivo para o nicho historicamente menos prestigiado das vin�colas nacionais: o de vinhos finos. Segundo a Ideal Consulting, que acompanha a evolu��o do setor, as vendas desses produtos dobraram.
Excluindo os espumantes da conta, o mercado brasileiro ainda est� bastante concentrado nos vinhos de mesa, explica Felipe Gualtaro�a, presidente da Ideal Consulting. Esse produto - associado principalmente aos garraf�es de 5 litros, mas n�o mais restrito a eles - representa 63% da produ��o nacional, enquanto o produto importado abocanha mais 31%. Resultado: o vinho local produzido a partir de uvas vin�feras s� representa 6% do consumo total (veja quadro abaixo).
Uma conflu�ncia de fatores contribuiu para o mercado como um todo, mas principalmente os vinhos brasileiros de pre�o mais alto, tivessem uma expans�o de consumo fora da curva em 2020. O principal deles foi a alta do d�lar, que se manteve bem acima de R$ 5 por boa parte do ano. No entanto, as vin�colas nacionais se beneficiaram tamb�m de uma melhor distribui��o - tanto no varejo tradicional quanto no e-commerce - e pela qualidade da safra 2019/2020, que garantiu a oferta de um produto de melhor qualidade nesse momento de experimenta��o.
"Foi uma chance para o consumidor se livrar do preconceito que tinha em rela��o ao vinho fino brasileiro", diz Gualtaro�a. O especialista lembra que a safra que est� sendo colhida neste momento tamb�m � considerada de qualidade superior � m�dia brasileira gra�as � condi��o clim�tica favor�vel.
Espumantes. Enquanto o vinho fino local ainda tem um caminho ladeira acima, os fabricantes de espumante j� haviam conseguido cair no gosto do consumidor brasileiro. Hoje, as vin�colas locais dominam o mercado nacional de espumantes. Durante a pandemia, esse peso do produto local se ampliou ainda mais: passou de 81%, em 2019, para 84%, no ano passado.
Membro do conselho da fam�lia Valduga - que re�ne seis das principais marcas de vinho e espumantes do Pa�s, como Casa Valduga, Casa Madeira e Ponto Nero -, Jones Valduga diz que o ano de 2020 "com certeza foi at�pico". O empres�rio projeta que ser� poss�vel manter em 2021 o ritmo de expans�o agregado de 25% do ano passado. "A Ponto Nero, que trabalha exclusivamente com espumantes, cresceu 30% em 2020. E estamos vendo tamb�m um aumento do interesse por nossos vinhos branco e ros�."
S�cio-propriet�rio da vin�cola Luiz Argenta, da cidade ga�cha de Flores da Cunha, o empres�rio Deunir Argenta, que tamb�m � presidente da Uni�o Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), diz que o "alento" percebido de 2020 veio em boa hora: "V�nhamos quase sem crescimento - em 2017, 2018 e 2019, praticamente o mercado se estagnou", aponta.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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