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Estado de Minas ECONOMIA

'Maior parte do aux�lio em 2020 n�o teve finalidade emergencial', diz economista


13/02/2021 12:45

O governo perdeu o foco do aux�lio emergencial em 2020 e corre o risco de perder novamente agora, avalia o economista-chefe da XP Asset, Fernando Genta, que j� teve passagem por Bras�lia, como secret�rio adjunto do Minist�rio da Economia em 2017 e 2018, na gest�o do ministro Henrique Meirelles.

Genta argumenta que, atualmente, um programa limitado a at� R$ 30 bilh�es, por tr�s ou quatro meses, com contrapartidas fiscais, � fact�vel. Mas observa que no ano passado, a maior parte dos recursos do aux�lio acabaram indo para pessoas que n�o tiveram perda de renda do emprego informal, ou seja, n�o tiveram finalidade emergencial. "O ponto � que voc� deu muito dinheiro para fam�lias que n�o foram impactadas em nada pela crise", diz em entrevista ao Estad�o/Broadcast.

Como v� a j� quase certa prorroga��o do aux�lio emergencial?

No final de 2020, estava claro que o aux�lio n�o seria renovado. Nunca foi o plano A do governo. Obviamente, o cen�rio mudou, tivemos uma segunda onda, com nova cepa, piora em Manaus. Isso mudou a temperatura no Congresso quanto � necessidade de novo aux�lio. Mas sou bem cr�tico sobre como foi feito o aux�lio no ano passado. No primeiro programa, tudo bem, porque n�o se sabia o que estava acontecendo. Mas renovamos duas vezes o programa sem ter nenhum estudo t�cnico.

Como avalia a postura do ministro Paulo Guedes nessa discuss�o?

A t�tica do Guedes foi esperar para ver como evolui a pandemia. S� que ap�s a elei��o no Congresso, o presidente do Senado tem sido muito vocal e o Congresso todo embarcou no aux�lio. A press�o est� muito grande. A briga que Guedes tem agora � convencer o presidente do Senado a colocar tudo dentro de uma PEC, com contrapartidas.

Como operacionalizar o aux�lio?

� dif�cil. Primeiro � preciso votar o Or�amento e por mais que as lideran�as prometam aprovar o Or�amento na virada de fevereiro para mar�o, do jeito que as coisas est�o, n�o me surpreenderia a discuss�o correr ao longo de mar�o. A� precisa saber se � vi�vel ou n�o aprovar um novo programa de aux�lio sem ter o Or�amento. Acho question�vel. Se for para esse caminho, a Economia est� defendendo que isso seja feito por PECs, com contrapartidas. Acho que o Congresso n�o vai fazer nada � revelia do executivo.

O quanto de gasto com aux�lio acha vi�vel considerando as limita��es fiscais?

Um aux�lio limitado, de R$ 20 bilh�es a R$ 30 bilh�es, por tr�s ou quatro meses, para mim me parece uma barganha justa. Hoje tem o teto, a regra de ouro e a meta de super�vit prim�rio que limitam o aux�lio. N�o temos fontes.

Voc� criticou em artigo recente a efic�cia do aux�lio em 2020. Foi uma medida ineficaz?

O aux�lio, em boa parte, foi pago para fam�lias mais pobres. O ponto � que voc� deu muito dinheiro para fam�lias que n�o foram impactadas em nada pela crise. O que gastou de desperd�cio conseguiria dobrar o or�amento do Bolsa Fam�lia por 9 anos. Foi uma desfocaliza��o muito grande. Voc� acabou transferindo dinheiro para loja de material de constru��o, para o varejo. No final, foi uma transfer�ncia de renda para o varejo, n�o foi uma quest�o emergencial. �bvio, que teve gente que pegou o emergencial. A inefici�ncia do aux�lio foi crescendo ao longo do tempo, porque as pessoas foram retornando ao mercado de trabalho. Por mais que o benef�cio tenha ca�do pela metade, por mais que tenha retirado pessoas do Bolsa Fam�lia do programa no final, ainda assim a efici�ncia foi caindo e estamos repetindo a dose. Mas se isso vier acompanhado de barganha que melhore os arcabou�os fiscais, beleza.

Quando voc� fala em desfocaliza��o, o dinheiro do aux�lio n�o foi de fato emergencial?

Com base na pesquisa de microdados da PNAD Covid-19 do IBGE, fizemos uma estimativa de que 77% do dinheiro de aux�lio que foi capturado, R$ 230 bilh�es, n�o foi destinado para fam�lias que tiveram perda de renda com trabalho informal, isso na m�dia. Do dinheiro total do aux�lio, em dezembro, 80% foi para quem j� n�o tinha perda de renda informal, seja porque j� tinha recuperado o emprego, seja porque n�o � do setor informal.

Como v� a rea��o do mercado se o aux�lio vier sem contrapartida fiscal?

Aux�lio sem ajuste nenhum n�o � o roteiro. O primeiro cen�rio � Guedes vencer e consegue fazer tudo amarrado, com aux�lio e contrapartidas. O outro � o cen�rio que sai o aux�lio sem o fiscal, mas com a promessa de criar uma comiss�o para o ajuste. A� o mercado vai azedar, mas sem implos�o. �bvio que parte j� est� no pre�o, o Brasil descolou um pouco mais dos emergentes.

Como voc� acredita que a decis�o do aux�lio pode ter impacto na decis�o do Banco Central sobre juros?

Se sai um aux�lio amarrado, com as contrapartidas, � capaz at� que o Banco Central melhore seu diagn�stico fiscal. Se sair alguma coisa sem contrapartida, o juro pode subir antes, com chance de 50 pontos em mar�o j�.

Indicadores recentes est�o vindo fracos. Como v� a atividade neste come�o de ano?

O dado que mais me surpreendeu foi o varejo, porque ainda teve dinheiro do aux�lio emergencial em dezembro e caiu em janeiro, da ordem de uns R$ 20 bilh�es. Talvez a imin�ncia do fim do aux�lio fez as fam�lias ficarem mais reticentes e n�o gastarem. Mas trabalhamos com a perspectiva de crescimento de 3,5% a 4% este ano, estou otimista com a vacina��o.

Acredita que a vacina��o pode ser mais r�pida do que muitos analistas est�o prevendo neste momento?

Estamos bem construtivos com o cronograma de vacina��o. O segundo semestre vai ser bem bom, por causa das vacinas. Nas minhas contas, vamos vacinar todos os brasileiros com mais de 60 anos at� maio. At� setembro, 70% da popula��o deve ser vacinada, que � praticamente todo mundo com mais de 19 anos. Os casos e mortes tendem a desabar.


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