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Estado de Minas ECONOMIA

'Guedes n�o percebeu que foi vencido', diz Salim Mattar


21/02/2021 16:00

Secret�rio especial de Desestatiza��o e Privatiza��o do Minist�rio da Economia por 19 meses at� agosto passado, Salim Mattar v� a sa�da de Roberto Castello Branco da Petrobr�s como uma trucul�ncia por parte do governo. Ele diz torcer para que CVM, acionistas minorit�rios e investidores abram a��es na Justi�a, processem conselheiros e o controlador pela interfer�ncia na empresa. Ele acredita que o Brasil perdeu o foco e, desse jeito, n�o pode dar certo. Mattar deixou o governo ao perceber que n�o conseguiria cumprir seu objetivo de privatizar o m�ximo poss�vel de estatais. Mas continua defendendo a necessidade de o Pa�s privatizar tudo. Sobre o ministro Paulo Guedes, que tem opini�o semelhante, afirma que ele "� resiliente, obstinado e determinado, mas n�o percebeu que foi vencido".

� Como o sr. v� a interven��o do governo na Petrobr�s?

Quando um governo faz op��o de abrir o capital de uma empresa, captando investimentos de pessoas f�sicas, jur�dicas e de investidores estrangeiros, sabe que ela ser� regida sob o manto do mercado. Se o governo deseja intervir numa empresa, primeiro n�o deveria ter aberto seu capital. Mas ele pode tomar uma atitude, chamar os minorit�rios, pagar todo mundo, fechar o capital e fazer o que quiser, como colocar a gasolina a R$ 1. � simples, � seguir a lei. Mas n�o pode interferir num ativo que tem investimento de milhares de pessoas f�sicas e jur�dicas. Isso traz inseguran�a jur�dica.

� Qual pode ser o impacto dessa decis�o?

H� um risco muito elevado e iminente de processos, porque os conselheiros t�m de agir no sentido de proteger a empresa, de fazer o que for melhor para ela e n�o para o acionista controlador. Estou torcendo para que o mercado reaja e para que CVM, minorit�rios e investidores abram a��es na Justi�a, processando conselheiros e o controlador pela interfer�ncia na Petrobr�s, e acho que isso vai acontecer.

� O aumento no pre�o do combust�vel, que teria provocado descontentamento entre caminhoneiros, � uma justificativa?

Os caminhoneiros s�o muito importantes na nossa sociedade, assim como outras fun��es. Mas � bom ressaltar que n�o existe greve de caminhoneiros nos EUA, Canad�, Reino Unido e Su�cia, porque l� n�o tem petroleira estatal. Por outro lado, temos greve na Argentina, Brasil e Fran�a, porque h� estatais de petr�leo. Quem gera a greve � o pr�prio governo, n�o s�o os caminhoneiros. O combust�vel brasileiro tem elevada carga tribut�ria, e a Petrobr�s fica pagando o pato por isso. Esse problema precisa ser resolvido. No passado os governos acharam uma forma f�cil de conseguir mais impostos, taxaram o combust�vel e isso precisa ficar mais transparente para a sociedade. A origem do problema � o gigantismo do Estado, que como consequ�ncia gerou o aumento da carga tribut�ria que onerou o diesel e prejudicou o caminhoneiro. A carga tribut�ria tem de ser muito elevada para pagar os 12 milh�es de funcion�rios p�blicos.

� O que pode ser feito para amenizar isso?

A solu��o definitiva � a redu��o do tamanho do Estado. Quando candidato, (Jair) Bolsonaro falava em privatiza��o, e o ministro (Paulo) Guedes, que � liberal, defendia a tese da redu��o do tamanho do Estado. Me senti motivado a deixar meus neg�cios para contribuir com isso. Quando cheguei, disseram que havia 134 estatais, mas, como todo mineiro desconfiado, fui verificar e descobri que eram 698 empresas, entre estatais, subsidi�rias, coligadas e investidas. Nos 19 meses que permaneci no governo, vendemos 84 empresas por quase R$ 150 bilh�es. Mantido esse ritmo, vamos gastar dez anos para vender tudo, e todo mundo � contra: servidores, pol�ticos, o establishment - Executivo, Legislativo e Judici�rio. Em momentos oportunistas se juntam a eles os sindicatos, fora os empres�rios criminosos que ficam escondidos atr�s de um CNPJ, tipo os empreiteiros durante os governos petistas.

� O sr. acha que acabou de vez o sonho liberal?

O ministro Guedes � resiliente, obstinado e determinado, mas n�o percebeu que foi vencido. Por exemplo, h� quanto tempo a hist�ria da Eletrobr�s est� no Congresso e n�o consegue autoriza��o? Tem a Casa da Moeda, que eu tentei privatizar e o Congresso disse n�o por consider�-la estrat�gica. Mas ela � uma gr�fica. O pior � que daqui a tr�s ou quatro anos vamos vender as m�quinas de fazer notas e moedas a quilo em ferro-velho, porque n�o vai ter mais valor. Essas pessoas que falam que � estrat�gico s�o cegas e n�o conseguem entender que moeda e papel-moeda v�o desaparecer em pouco tempo. A China, desde maio do ano passado, s� paga os servidores em moeda digital, princ�pio que outros pa�ses v�o adotar.

� Como o sr. avalia a sa�da do Castello Branco?

Primeiro, acho que faltou eleg�ncia, respeito e considera��o pela forma como foi demitido. Isso demonstra uma certa trucul�ncia do governo. O hist�rico da Petrobr�s � que os presidentes t�m sido substitu�dos a cada dois anos. Como pode uma empresa dar certo trocando o presidente a cada dois anos? Quero lembrar que h� alguns anos saiu o Pedro Parente por problemas parecidos - combust�vel, greve de caminhoneiro. Governos, por favor fechem o capital da Petrobr�s e fa�am o que quiserem, mas respeitem as regras.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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