BC leiloa US$ 1 bi para segurar d�lar ap�s demiss�o do presidente da Petrobras

Em um dia marcado pela forte alta do d�lar ante o real no Brasil, ap�s o presidente Jair Bolsonaro ter demitido o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, o Banco Central entrou no mercado no fim da manh�. A autarquia promoveu entre institui��es financeiras leil�o de US$ 1 bilh�o numa tentativa de segurar as cota��es da moeda americana.

A interven��o foi feita por meio de swap cambial, um tipo de contrato ligado ao c�mbio que, ao ser negociado pelo BC, tem um efeito equivalente � venda de d�lares no mercado futuro. Como o mercado futuro da moeda americana � o mais l�quido no Brasil, sempre que negocia swaps o BC acaba por afetar tamb�m as cota��es do d�lar � vista - utilizado em transa��es comerciais, remessas ao exterior e opera��es entre institui��es financeiras, por exemplo.

Ap�s ter promovido o leil�o de US$ 1 bilh�o em swaps entre 11h15 e 11h25 da manh�, o BC vendeu ainda outros US$ 800,0 milh�es em swaps entre 11h30 e 11h40 - neste caso, numa opera��o j� prevista, para renovar alguns vencimentos destes contratos cambiais programados para o in�cio de abril.

O efeito da atua��o do BC foi percept�vel. Ap�s ter sido negociado a R$ 5,5336 mais cedo, o d�lar � vista era vendido a R$ 5,4976 �s 12h27, conforme o Broadcast, sistema de not�cias em tempo real do Grupo Estado. A alta no dia era de 2,08%.

No exterior, o d�lar tamb�m sobe ante outras moedas de pa�ses emergentes ou exportadores de commodities, como o d�lar canadense (alta de 0,08% para o d�lar americano), o rand sul-africano (+0,80%), a lira turca (+1,43%) e o peso chileno (+1,34%). Mas o porcentual de ganho da moeda americana no Brasil � bastante superior ao que se v� em outros pa�ses.

Isso ocorre porque o mercado brasileiro reage hoje � interven��o de Bolsonaro na Petrobras, que resultou na demiss�o de Castello Branco. Para seu lugar, foi indicado na sexta-feira, 19, o general Joaquim Silva e Luna. Para aumentar o estresse do mercado financeiro, Bolsonaro sinalizou com mais mudan�as nesta semana. Um dos poss�veis alvos � o setor de energia el�trica, outra fonte de press�o inflacion�ria.

Como informou pela manh� o Estad�o/Broadcast, em meio � alta nos pre�os dos alimentos e de combust�veis, os economistas do mercado financeiro j� projetam uma infla��o em 2021 acima da meta perseguida pelo Banco Central. O Relat�rio de Mercado Focus - que re�ne as expectativas do mercado - indica que a infla��o projetada para este ano j� est� em 3,82%. O centro da meta perseguida pelo BC � de 3,75%. A margem de toler�ncia � de 1,5 ponto porcentual (infla��o entre 2,25% e 5,25%).

Foi a primeira vez, considerando as proje��es feitas nos �ltimos dois anos, que o mercado indica a expectativa de que o IPCA - o �ndice oficial de infla��o - fique acima do objetivo central do BC, ainda que dentro da margem de toler�ncia. O porcentual diz respeito � mediana de todas as proje��es encaminhadas ao BC para formula��o do relat�rio. Mas para pelo menos uma institui��o consultada no Focus, a infla��o encerrar� 2021 em patamar ainda maior, aos 4,61%.

Com o foco voltado para a reelei��o em 2022, Bolsonaro tem adotado postura mais intervencionista na economia. A demiss�o de Castello Branco na Petrobras foi uma rea��o aos aumentos mais recentes dos combust�veis nas refinarias, que elevaram a press�o dos caminhoneiros sobre o governo.

No fim de semana, o ministro das Comunica��es, F�bio Faria, tentou minimizar a interven��o ocorrida na Petrobras. Numa rede social, ele escreveu que o governo "jamais ir� intervir em pre�os e acredita no livre mercado". "O que existia era uma total falta de afinidade entre o PR (presidente) e o Castello e a troca foi fato isolado", defendeu.

O mercado n�o entendeu desta forma. Neste in�cio de tarde, o d�lar � vista segue pr�ximo de R$ 5,50. O d�lar turismo - ofertado pelas casas de c�mbio para quem vai fazer viagens internacionais - era negociado a partir de R$ 5,72 em Bras�lia e de R$ 5,68 em S�o Paulo.