A Renault informou nesta segunda-feira que vai investir R$ 1,1 bilh�o no Brasil neste ano e em 2022. Diferente de anos anteriores, quando os programas eram definidos por per�odos de cinco anos, desta vez a companhia decidiu pelo curto prazo e continuar� negociando com a matriz aportes para os anos seguintes. Informa, contudo, que um novo ciclo de investimentos depender� da melhoria da competitividade do Pa�s.
Fatores como a alta e complexa carga tribut�ria, custos log�sticos, de fabrica��o e trabalhista colocam o Brasil na linha de espera das grandes montadoras. "Dentro do contexto global, essas quest�es comprometem a viabiliza��o e a competitividade para se fabricar no Brasil", afirma o presidente da Renault no Pa�s, Ricardo Gondo.
Segundo o executivo, "esse aporte para 2021 e 2022 � um passo importante para validar novos projetos", mas, ao avaliar novos projetos a matriz leva em conta o contexto global e o dos pa�ses onde pretende investir. "Tamb�m � levado em considera��o o tamanho do mercado, se vai continuar a crescer, de que forma, em que ritmo e baseado em que, por exemplo em an�lises econ�micas e macroecon�micas."
O novo aporte, anunciado pela dire��o da empresa ao governador do Estado do Paran�, Ratinho Jr. (PSD), ser� aplicado em projetos que j� estavam em andamento, como a renova��o de cinco modelos da linha atual, a introdu��o do motor 1.3 turbo que ser� importado da Espanha (provavelmente para o utilit�rio-esportivo Duster) e na chegada de dois carros el�tricos, um deles o novo Zoe.
Produtos mais rent�veis
A cautela da fabricante francesa que faz parte da alian�a Renault/Nissan/Mitsubishi est� em linha com o plano global anunciado pela empresa no in�cio do ano, de focar suas opera��es em produtos mais rent�veis, deixando de lado carros mais b�sicos, sem se preocupar com eventual queda em participa��o de mercado.
Gondo afirma que a empresa j� seguiu essa dire��o no ano passado, o que a levou a cair de uma participa��o de 9% do mercado brasileiro em 2019, ap�s dez anos de crescimento cont�nuo, para 6,7%. A empresa tamb�m deixou de atuar em canais menos rent�veis, como a venda direta para pessoas com defici�ncia f�sica (PCD), que estabelece limite de R$ 70 mil aos ve�culos para isen��o de impostos. Ao adaptar modelos a esse pre�os, diz Gondo, a rentabilidade do produto � reduzida.
Em 2020 a marca vendeu 132 mil ve�culos, ficando em s�timo lugar no ranking nacional de marcas. No ano anterior, ela ocupou a quarta posi��o, como 239 mil unidades comercializadas.
Outra medida que, segundo o executivo ajudou na redu��o de custos, foi o acordo coletivo com o Sindicato dos Metal�rgicos da Grande Curitiba, com validade para quatro anos, e que permitiu o fechamento de um turno de trabalho e a abertura de um programa de demiss�o volunt�ria (PDV).
O objetivo era a sa�da de 747 trabalhadores, mas parte deles ainda est� em lay-off (contratos suspensos) e a empresa mant�m negocia��es com o sindicato para uma solu��o. O complexo do grupo em S�o Jos� dos Pinhais (PR), que abriga f�bricas de autom�veis e de motores, tem 6,4 mil funcion�rios diretos operando em dois turnos e, no momento, n�o precisa da m�o de obra que est� afastada.
Escassez de semicondutores
Gondo informa que a f�brica do Paran� teve a produ��o paralisada por alguns dias no m�s passado em raz�o de dificuldades de log�stica para a chegada de componentes. Segundo ele, tem ocorrido atrasos de navios e, quando chegam ao porto j� perderam o local para atracar e ficam esperando dias para o desembarque.
A falta de semicondutores � global e o presidente mundial da Renault, Luca De Meo, acredita que o problema deve ser reduzido no segundo semestre mas, afirmou que h� riscos de 100 mil ve�culos da marca deixarem de ser produzidos em todos os pa�ses onde tem f�bricas.
No Brasil, a f�brica continua funcionando sem problemas, informa Gondo, "mas claramente uma hora teremos problemas", sem citar prazos. A�o � outro produto que preocupa o setor.
Ele prev� um mercado total brasileiro de 2,3 milh�es de ve�culos, 15% acima do ano passado. Em raz�o do aumento de custos de mat�ria-prima e d�lar, os pre�os do modelos da Renault subiram em m�dia 16,5% no ano passado, um pouco acima da m�dia total do mercado, que foi de 16% a 16,2%. Neste ano, j� ocorreram reajustes de 4%.
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