O Brasil poder� perder ainda mais espa�o entre os investidores estrangeiros caso n�o coloque ritmo em sua campanha de vacina��o contra a covid-19, �nica alternativa para levar o Pa�s a uma trajet�ria de crescimento econ�mico. E, para que os recursos estrangeiros possam, de fato, retomar o fluxo rumo ao Brasil, al�m da vacina��o, o Pa�s precisa avan�ar no compromisso fiscal, prote��o ao meio ambiente e in�cio de reformas administrativas, de acordo com o presidente do banco Morgan Stanley no Brasil, Alessandro Zema. A seguir os principais trechos da entrevista.
Qual o efeito, para a economia, da interfer�ncia do presidente Bolsonaro na Petrobr�s?
Em um passado n�o muito distante, o Brasil cometeu todo tipo de erro no que diz respeito � pol�tica macroecon�mica, com intervencionismo, que gerou juros altos, recess�o e desemprego. Eu espero que a gente tenha aprendido a li��o de que utilizar a Petrobr�s como instrumento de pol�tica macroecon�mica � uma m� ideia. Naquela �poca, que n�o traz saudade nenhuma, a Petrobr�s conseguiu um feito incr�vel de inverter a l�gica de mercado e ser a �nica petroleira no mundo que perdia dinheiro toda vez que acontecia um aumento do pre�o do petr�leo. E, desde o governo Temer, a Petrobr�s passou por diversas mudan�as que tornaram a empresa mais competitiva. Eu espero que a nova gest�o (o general da reserva Joaquim Silva e Luna deve assumir a empresa no lugar do atual presidente, Roberto Castello Branco) reforce a inten��o de dar continuidade a essa trajet�ria de desalavancagem da empresa, de continua��o do programa de desinvestimentos, com foco na maior efici�ncia e na governan�a.
E como os estrangeiros analisam o Brasil neste momento?
Se eu puder resumir, s�o quatro grandes preocupa��es em rela��o ao Brasil. A primeira, a situa��o fiscal e a possibilidade de se retroceder em avan�os importantes, como o teto de gastos. N�s precisamos retomar a trajet�ria de controle dos gastos p�blicos. O segundo aspecto � o ritmo da campanha de vacina��o no Pa�s - isso vai determinar o ritmo da velocidade da recupera��o da economia. Sem uma campanha de vacina��o efetiva, vai ser muito mais demorado para a economia voltar ao normal. O setor de servi�os no Brasil foi o mais atingido na pandemia e representa cerca de 60% do PIB. Sem uma campanha eficiente, n�o h� recupera��o r�pida dos setores de servi�os, e isso acaba gerando impacto no emprego, na renda e no PIB. O terceiro aspecto que eu escuto muito � em rela��o �s reformas. Precisamos urgentemente retomar a agenda de reformas para remover os entraves e permitir o crescimento sustent�vel. Chega de alguma forma a ser desalentador pensar que, como sociedade, ainda n�o temos consenso sobre temas que j� deveriam ter deixado de ser controversos h� muito tempo, como reforma administrativa, tribut�ria e privatiza��es. Por fim, a quarta grande preocupa��o � sustentabilidade e meio ambiente. A cria��o do Conselho da Amaz�nia foi um passo importante, mas a percep��o global em rela��o ao Brasil ainda � de desconfian�a, e isso tem gerado uma vis�o de que o Pa�s enfraqueceu a fiscaliza��o. N�s precisamos reconquistar essa confian�a do mercado com medidas concretas para mudar essa percep��o.
Especificamente sobre a vacina��o, qual o n�vel de aten��o dos investidores?
O investidor est� muito atento ao ritmo e � velocidade da campanha de vacina��o contra a covid-19. Quanto mais cedo conseguirmos avan�ar, mais cedo veremos uma recupera��o da economia e, por consequ�ncia, mais cedo veremos um maior fluxo e capital vindo ao Brasil. Quanto mais a gente demora para ter uma campanha de vacina��o efetiva e para uma recupera��o da economia, mais inclinado a gente fica para gastar mais, e o governo j� est� com uma situa��o fiscal extremamente delicada. Quanto mais demorarmos nesse processo, mais esfor�o fiscal ser� necess�rio e pior ainda ficam as finan�as p�blicas. Uma retomada mais r�pida faz uma enorme diferen�a para a reorganiza��o da economia.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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