Executivos miram curso de programa��o para liderar equipes e dar 'up' na carreira

Depois de oito anos trabalhando na �rea de tecnologia, o executivo Daniel Topper viu que era o momento de ir para o banco da escola aprender a programar e entender o mundo por tr�s dos aplicativos, sites e softwares. "De repente, percebi que tinha quase uma d�cada de experi�ncia no mercado de tecnologia sem saber desenvolver um �nico programa. Foi a� que decidi estudar o assunto e fazer um curso de programa��o", diz ele, formado em administra��o de empresas. O objetivo era criar uma ponte para diminuir o abismo que existe entre a �rea de neg�cios e a parte t�cnica.

Franc�s, ele chegou ao Brasil em 2014 para se juntar � equipe do grupo P�o de A��car. De l� para c�, passou por startups e pela empresa de log�stica Loggi at� chegar � ag�ncia de viagem online Zarpo, onde hoje � o presidente. Com as habilidades adquiridas no curso, ele diz que consegue entender melhor os profissionais da �rea de desenvolvimento, conhecer as "dores" e os desafios desses t�cnicos. "A comunica��o ficou mais eficiente e consigo explicar melhor um determinado projeto que desejo colocar em pr�tica."

A decis�o de Topper n�o � isolada. Nos �ltimos tempos, v�rios trabalhadores sem forma��o ligada � tecnologia est�o buscando cursos de programa��o para entender a linguagem dos computadores. Com o processo de digitaliza��o das empresas acelerado pela pandemia, os profissionais passaram a enxergar a necessidade de atualiza��o e aquisi��o de novas habilidades para se diferenciar no mercado.

Cada um tem metas e objetivos diferentes. Al�m da melhora no repert�rio para liderar equipes, h� quem busque ampliar os conhecimentos de olho no mundo do empreendedorismo ou para dar um diferencial no curr�culo. Foi assim com a advogada Patricia Bolner Camiansky, de 25 anos, que come�ou a fazer o curso de programa��o para encontrar ferramentas que facilitassem seu crescimento na carreira. Mas o resultado foi outro. Depois de alguns meses, ela abandonou o direito e virou programadora. "N�o me arrependo da mudan�a, foi a melhor escolha."

Home office

Esse movimento de busca pelos cursos de programa��o teve in�cio antes da pandemia, mas ganhou impulso com o home office e o avan�o das aulas online durante o isolamento social. Hoje, o mercado oferece uma gama enorme de cursos para quem quer aprender a linguagem dos computadores. Os pre�os podem variar entre R$ 900 e R$ 19,5 mil, dependendo da profundidade e do curso escolhido. "Atualmente, tudo est� sendo atacado por um software (referindo-se a aplicativos como o Airbnb). Isso explica em parte o crescente interesse pela programa��o", diz Mathiew Le Roux, cofundador da escola Le Wagon Latam.

Segundo ele, os profissionais querem aprender a programar e ter capacidade de entender o desenvolvimento de um produto ou projeto. Foi o caso do administrador de empresas Diego Oliveira, que tinha dificuldades em lidar com os questionamentos dos clientes em rela��o ao produto comercializado. "Antes, eles perguntavam e eu n�o tinha argumentos para explicar, pois n�o conhecia a cria��o e o aspecto t�cnico do projeto. Vi ali um gap na minha carreira."

Al�m de ampliar o repert�rio, a decis�o de fazer o curso tamb�m rendeu � Oliveira um novo emprego. Depois de ter sua remunera��o reduzida drasticamente durante a pandemia, ele deixou a empresa em que trabalhava como especialista em desenvolvimento de neg�cios e aproveitou para estudar. Foram nove semanas dedicadas � programa��o. E, ao final, al�m de um certificado, foi indicado para uma vaga numa startup na �rea de sa�de, com um cargo melhor, de gerente de produtos. "N�o programo, mas preciso dizer o que fazer. Se n�o souber nada, fica dif�cil at� para se comunicar."

Para os profissionais, aprender a desenvolver um software vai al�m do programa em si. Aumenta a criatividade, o senso de colabora��o, disciplina, pensamento cr�tico e auxilia na tomada de decis�o. O diretor de recrutamento da empresa Robert Half, Caio Arnaes, conta que uma tend�ncia em alta nos �ltimos anos � a promo��o de programadores para cargos de lideran�a, onde eles n�o v�o desenvolver produtos, mas comandar equipes. Segundo ele, a demanda por profissionais de tecnologia tem sido cada vez maior. S� nos dois primeiros meses deste ano, as vagas em TI cresceram 30% comparadas ao mesmo per�odo de 2020. � esse espa�o que profissionais de outras �reas querem ocupar.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.