Construtora Odebrecht busca s�cio e novas obras para se reerguer

Quase seis anos ap�s a pris�o de Marcelo Odebrecht, que marcou o decl�nio do imp�rio baiano, o grupo tenta reerguer sua construtora, com novas obras e um poss�vel s�cio para ajudar a financiar a retomada. Nos �ltimos anos, depois que a Opera��o Lava Jato desmantelou o esquema de corrup��o entre as construtoras, a Odebrecht Engenharia e Constru��o (OEC) viu seu faturamento e carteira de obras minguarem rapidamente enquanto uma s�rie de problemas financeiros surgiam, como o vencimento de d�vidas.

Hoje, com a reestrutura��o financeira conclu�da, a empresa tenta virar a p�gina, superar a imagem arranhada e conquistar novos contratos de obras. O recome�o parte de um novo patamar - bem distante dos tempos �ureos dos megaempreendimentos de infraestrutura que tornaram a companhia uma das gigantes do mundo no setor.

Em 2014, impulsionado pelas obras da Copa do Mundo e da Olimp�ada, o faturamento da construtora alcan�ou R$ 32,4 bilh�es. No ano passado, as receitas representaram 10% desse montante - a empresa faturou US$ 600 milh�es (R$ 3,3 bilh�es, pela cota��o do d�lar de ontem). Com as seis obras conquistadas nos �ltimos 12 meses, o presidente da empreiteira, Marco Siqueira, espera dobrar esse montante em 2021, para US$ 1,1 bilh�o (R$ 6 bilh�es).

No total, a empresa tem 26 contratos ativos, sendo 15 no Brasil e 11 em pa�ses como Panam�, Peru, Argentina, Guiana, Angola, Gana e Estados Unidos. A construtora trabalha com um pipeline (projetos em prospec��o) de 131 projetos, que somam R$ 17 bilh�es, para serem explorados. Mas, ao contr�rio do passado, quando o poder financeiro da companhia era exponencial, atualmente conseguir garantias para participar de todas as disputas do mercado virou um desafio.

Uma das estrat�gias da construtora � conseguir uma inje��o de capital para refor�ar o balan�o da empresa e permitir explorar novos projetos. "Estamos conversando com um poss�vel s�cio para participar desse in�cio de um novo ciclo. Temos capacidade t�cnica, certifica��es, pessoas e estamos prontos para novos projetos", diz Siqueira. As negocia��es est�o sendo tocadas pela holding e envolvem fundos de private equity.

Para o presidente da construtora, as condi��es atuais s�o favor�veis � retomada mais firme das atividades da empresa. Com a reestrutura��o financeira, h� uma janela de quatro anos para focar no crescimento da companhia at� que algumas d�vidas comecem a vencer. Al�m disso, ele acredita que em algum momento o governo vai se voltar para os investimentos de infraestrutura, que t�m um efeito multiplicador para o crescimento econ�mico. "O nome do jogo agora � conquistar novos contratos."

O executivo reconhece, por�m, que as condi��es ser�o diferentes. Al�m do tamanho da construtora, existe uma nova realidade de obras no Pa�s: os megaempreendimentos deram lugar a projetos menores e mais espalhados. Diferentemente do passado, quando a OEC s� disputava grandes licita��es, hoje o objetivo � incrementar a carteira de obras. "Mas devemos focar em contratos acima de R$ 150 milh�es", diz Siqueira.

No fim do ano passado, o Departamento de Justi�a dos Estados Unidos (DoJ) e o Minist�rio P�blico Federal encerraram o monitoramento externo feito no grupo durante quatro anos. O trabalho de fiscaliza��o fazia parte do acordo de leni�ncia, fechado em 2016 com o DoJ e autoridades brasileiras e da Su��a.

O advogado Otavio Yazbek, que foi o monitor brasileiro na empresa, afirma que esse n�o foi um processo simples, seja pelo momento delicado da companhia ou porque envolveu uma transforma��o ampla da cultura da organiza��o, com a implementa��o de medidas em v�rios n�veis. Segundo ele, considerando o ambiente de neg�cios atual, � poss�vel que quem contrate a Odebrecht demande algum tipo de seguran�a adicional. "Mas entendo que a empresa tem condi��es de mostrar os avan�os e o que est� em vigor, e isso � o mais importante para enfrentar os riscos e desafios de novas linhas de neg�cio."
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.