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Estado de Minas ECONOMIA

Carta de economistas, banqueiros e empres�rios reflete 'indigna��o da sociedade'


23/03/2021 13:01

Sensa��o de desespero. De urg�ncia. Vontade de ser propositivo. Os economistas que assinaram a carta cobrando medidas efetivas no combate � pandemia, ao lado de empres�rios e banqueiros, t�m palavras diferentes para explicar o que os levou a escrev�-la e a divulg�-la no fim de semana. Ex-presidente do Banco Central e um dos idealizadores do Plano Real, Persio Arida recorre �s cr�nicas de futebol de Nelson Rodrigues para falar do momento atual do Pa�s no enfrentamento da covid-19: "'N�o se improvisa uma derrota'� ainda mais uma derrota desse tamanho", diz ele, completando a frase.

No caso, afirma, o fracasso anunciado seria resultado da "postura negacionista e da falta de seriedade com que o governo federal tem enfrentado o problema", h� exatamente um ano. "� uma mistura de ideologia, com n�o entendimento e despreparo", diz Arida. "O governo federal foi omisso, conivente e part�cipe da situa��o de calamidade que vivemos hoje."

A repercuss�o alcan�ada pela carta, com mais de 500 assinaturas e que continua recebendo ades�es, surpreendeu os pr�prios signat�rios. Afinal, eram assuntos que todos tinham tratado em artigos e palestras, ao longo do �ltimo ano.

"A sociedade tem um nervo exposto que combina a acelera��o r�pida da pandemia e a inoper�ncia do governo federal com o fato de que todas as medidas de baixo custo que poderiam ter sido tomadas ou n�o foram ou mereceram agress�o e esc�rnio", diz Claudio Frischtak, s�cio da consultoria Inter.B e um dos cinco autores da carta. "Existe um sentimento de cansa�o da sociedade, de que � insustent�vel ir pelo caminho da morte."

A carta tamb�m ganhou repercuss�o pelo crit�rio t�cnico: como acad�micos ou ajudando a pensar o destino de empresas e bancos nas �ltimas d�cadas, os economistas s�o categ�ricos ao afirmar que n�o h� d�vida entre escolher preservar a vida ou os empregos. "A recupera��o � mais r�pida nos lugares em que o enfrentamento � doen�a � mais eficaz", diz Ana Carla Abr�o, s�cia da consultoria Oliver Wyman. "O exemplo mais claro � o dos Estados Unidos: depois que o (presidente norte-americano Joe) Biden tornou a vacina��o prioridade, o pa�s est� pronto para a recupera��o." O custo tanto na dimens�o humanit�ria quanto econ�mica, afirma, fica "tremendamente evidente" quando se colocam as duas realidades lado a lado.

Segundo os especialistas, uma de suas principais preocupa��es foi fazer um texto objetivo, baseado em fatos, ao mesmo tempo em que fosse contundente. "Desenho de pol�tica p�blica tem de ser baseado em evid�ncia", diz Frischtak. Tamb�m h� ali uma mensagem recorrente: as medidas mais eficientes, baratas e positivas, como vacinas, m�scaras, afastamento social e coordena��o nacional, deixaram de ser tomadas, em troca de gastos de bilh�es de reais para tentar consertar o estrago.

"Por que o governo n�o se organizou para comprar vacinas como fizeram o Chile, a Turquia e a �frica do Sul?", afirma Arida. "Porque n�o entendeu do que se tratava, porque foi ideol�gico, negacionista."

Em algumas proje��es de mercado, o n�mero de mortos no Pa�s poderia chegar a 0,5% de sua popula��o, com a destrui��o de riquezas - e de vidas - sem precedente. Independentemente do n�mero final, os economistas s�o un�nimes em afirmar que o Brasil sair� da pandemia mais pobre, mais desigual e mais injusto. Indicadores econ�micos j� mostram que o Pa�s caminha para um semestre de recess�o, mas o problema vai bem mais longe. Um dos agravantes � a falta de coordena��o tamb�m do Minist�rio da Educa��o, que tem deixado crian�as mais vulner�veis sem alternativa para o aprendizado.

"O Brasil j� � p�ria em rela��o ao meio ambiente, aos direitos humanos e pode correr risco de se tornar o Pa�s em que ningu�m quer estar, por conta das novas variantes", diz Arida.

No mercado, a presen�a de controladores de empresas e bancos no grupo de signat�rios foi lida como a avalia��o de que, por mais generosos que sejam, ao doar bilh�es de reais sem qualquer contrapartida ao combate da doen�a n�o conseguir�o eliminar o problema - que precisaria ser enfrentado pelo Estado.

Com a carta entregue ontem aos comandantes do Legislativo e do Judici�rio - e ao Executivo, por meio do ministro da Economia, Paulo Guedes -, a expectativa � de alguma mudan�a de rumos. "A racionalidade recomendaria o reconhecimento de culpa do governo e um meia volta", diz Arida. "Mas esse governo n�o � racional. N�o tenho nenhuma expectativa positiva sobre esse governo. Ali�s, nunca tive." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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