Pandemia, juros baixos e a disparada do d�lar provocam, desde meados do ano passado, um aquecimento geral do mercado imobili�rio, um dos poucos que ainda conseguem ir bem na crise. Mas a corrida � mais intensa sobretudo para compra de im�veis de alto padr�o e de luxo.
Privados de viagens internacionais e submetidos ao home office, os mais ricos buscam moradias maiores, trocam apartamentos por casas e coberturas em bairros nobres e em condom�nios nos arredores da capital paulista. Al�m de mais conforto, o que os move para a compra de ativos de luxo � a oportunidade de investimento porque os im�veis est�o mais baratos em d�lar, dizem especialistas.
A maior procura por casas e apartamentos de alto padr�o aparece nos neg�cios fechados por imobili�rias e construtoras especializadas, nas buscas por esse perfil de ativo em plataformas online e tamb�m � confirmado pelo n�mero de unidades vendidas nas estat�sticas do Secovi-SP, o sindicato da habita��o.
Entre setembro de 2020 e fevereiro deste ano, o dado mais atual, a quantidade de im�veis novos vendidos na cidade de S�o Paulo cresceu, em m�dia, 14,2% em rela��o ao per�odo de setembro de 2019 e fevereiro de 2020. Mas as vendas de im�veis avaliados entre R$ 900 mil e R$ 1,5 milh�o e acima de R$ 1,5 milh�o registraram os maiores avan�os: aumentaram o dobro da m�dia do mercado, com altas de 32,1% e de 31,3%, respectivamente, revelam as estat�sticas do Secovi-SP.
Basilio Jafet, presidente do Secovi-SP, explica que houve crescimento de vendas em todas as faixas de im�veis por conta dos juros baixos e da demanda reprimida. Mas ressalta que, para as fam�lias mais abastadas, o cen�rio � mais favor�vel. Isso porque as aplica��es financeiras ficaram menos rent�veis por causa dos juros baixos. Paralelamente, esse grupo est� gastando menos com viagens internacionais: "Quem tem poupan�a em d�lar, que comprou a moeda a R$ 3, vende o d�lar hoje por mais de R$ 5 e compra um im�vel antes que o pre�o suba mais."
Marco T�lio Vilela Lima, CEO da Esquema Im�veis, imobili�ria especializada em alto padr�o em bairros nobres da capital paulista, diz que seus clientes s�o "muito dolarizados" e ressalta o forte impacto do c�mbio para impulsionar as vendas de im�veis de alto padr�o.
No primeiro trimestre deste ano, que normalmente � o pior per�odo para o setor, ele fechou R$ 200 milh�es em neg�cios, o triplo do mesmo trimestre do ano passado. O valor m�dio das vendas foi de R$ 10 milh�es no per�odo, ante R$ 6 milh�es em 2020. "Foi o melhor primeiro trimestre em 50 anos da empresa."
Lima conta que o perfil dos compradores - executivos, grandes empres�rios, fam�lias tradicionais e investidores do mercado financeiro - � de pessoas que t�m investimento ou receita em d�lar. A maioria compra casa ou cobertura para moradia, mas o racioc�nio para fechar neg�cio � o mesmo de quando se faz um investimento: "Eles compram um im�vel como se estivessem comprando uma a��o". Isto �, est�o de olho na perspectiva de ganho futuro.
O aumento da procura por im�veis de maior valor apareceu tamb�m em plataformas de vendas online. Na Ap�11, por exemplo, cresceu 36% o n�mero de visitas f�sicas a im�veis com pre�o de venda acima de R$ 1 milh�o na capital paulista no primeiro trimestre deste ano em rela��o ao �ltimo do ano passado, descontados os fatores sazonais. No mesmo per�odo, a busca por financiamentos acima de R$ 1 milh�o avan�ou 54%.
J� o valor m�dio das propostas ficou est�vel em R$ 750 mil no per�odo entre o primeiro deste ano e o �ltimo de 2020, mas o valor da maior proposta subiu 35% no per�odo e atingiu R$ 6 milh�es.
Segundo Leonardo Vieiralves Azevedo, cofundador e diretor executivo da Ap�11, esses dados chamam a aten��o porque propostas de grande valor n�o s�o frequentes na plataforma, j� que ela n�o atende a um determinado nicho. "A popula��o brasileira em geral n�o est� comprando mais im�veis de alto padr�o, mas as pessoas com muita grana est�o", diz o executivo.
Juros
Construtoras e incorporadoras tamb�m captaram o maior interesse por im�veis de luxo. Na Cyrela, por exemplo, as vendas de im�veis de alto padr�o atingiram R$ 517 milh�es no primeiro trimestre, com crescimento de 43,6% em rela��o ao mesmo per�odo do ano passado. Miguel Mickelberg, diretor financeiro da empresa, diz que a demanda por im�veis voltados � alta renda tem sido muito forte desde o segundo semestre do ano passado.
O executivo explica que esse movimento foi impulsionado pelos juros baixos. Diante da baixa rentabilidade das aplica��es financeiras, as pessoas optaram pela compra de im�veis. "Isso acelerou a decis�o de compra", diz. No ano passado, a maior parte dos R$ 5,8 bilh�es de lan�amentos feitos pela construtora foi para o segmento de alto padr�o. Sem revelar as cifras, Mickelberg conta que essa divis�o deve se repetir neste ano para aproveitar o bom momento desse segmento.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA