Em uma negocia��o rel�mpago, o Grupo Soma (dono das marcas Animale e Farm) fechou na segunda-feira, 26, um acordo para incorporar a Hering. O neg�cio avalia a centen�ria marca de confec��es em R$ 5,1 bilh�es, pre�o bem superior aos pouco mais de R$ 3 bilh�es que a Arezzo havia oferecido em uma oferta considerada hostil pela companhia. O movimento animou as a��es da Hering, que fecharam o dia em alta de 26%, a R$ 28,62 - um ganho de valor de mercado equivalente a R$ 965 milh�es em um s� dia.
O neg�cio esquenta de vez a disputa pela consolida��o do varejo brasileiro, em que as empresas tentam correr para ganhar musculatura em um mercado cada vez mais acirrado. O acordo com a catarinense Hering coloca o Grupo Soma em novo patamar entre os varejistas nacionais, ainda que imponha um desafio financeiro em virtude do pre�o pago. A companhia, at� aqui, se limitava � atua��o no mercado premium. Agora, vai para o segmento de massa.
O valor pago pelo Grupo Soma avaliou o papel da Hering ficou em cerca de R$ 33, quando eram negociados na bolsa na �ltima semana em torno de R$ 22. O valor de mercado da Hering na sexta-feira era de pouco menos de R$ 3,7 bilh�es. O pre�o pago pela companhia est�, portanto, 37% acima deste valor.
Conforme mostrou reportagem do Estad�o, diversas varejistas est�o se movimentando para sair fora de sua zona de conforto e virar uma "consolidadora" do mercado. Segundo Marcos Gouv�a de Souza, fundador da consultoria Gouv�a, a situa��o do mercado exige pressa, pois a empresa que n�o se movimentar r�pido corre o risco, l� na frente, de acabar adquirida por outra que se movimentou com anteced�ncia.
Bastidores
As conversas come�aram depois da proposta da Arezzo. Segundo apurou a reportagem, a fam�lia n�o havia gostado da oferta (que considerou baixa), mas o movimento da cal�adista foi suficiente para chamar a aten��o de outros interessados. As negocia��es com a Soma foram rel�mpago. Come�aram na quinta-feira, e a rapidez surpreendeu at� quem estava envolvido no neg�cio.
O grande objetivo da fam�lia Hering era conseguir a avalia��o que a empresa chegou a ter antes de a pandemia de covid-19 causar uma desvaloriza��o nos pap�is da companhia, derrubando seu valor de mercado. Foi uma equa��o simples: o Soma chegou muito perto do que a Hering pedia, e as conversas andaram r�pido, uma vez que havia forte disposi��o da fam�lia em vender. A negocia��o envolveu tamb�m a��es, mas tamb�m um pagamento em dinheiro de R$ 1,5 bilh�o.
Outra quest�o que pesou favoravelmente na proposta do Soma, em rela��o � da Arezzo, foi a aproxima��o. Enquanto a oferta da cal�adista foi considerada por fontes de mercado como "quase hostil", por embutir a no��o de que o neg�cio estava decadente, o Soma soube valorizar o legado da Hering, tanto no pre�o quanto na condu��o das conversas. Os donos da Hering devem ter participa��o na gest�o do novo grupo - pelo menos temporariamente.
Dividindo fun��es
Embora o executivo e controlador do Soma, Roberto Jatahy, v� ter o comando dos neg�cios nas m�os, as conversas para a compra da Hering cederam bastante terreno para a fam�lia fundadora.
O atual presidente da Cia. Hering, Fabio Hering, deve assumir a presid�ncia do conselho do Grupo Soma ap�s a combina��o de neg�cios das duas empresas. O filho dele, Thiago Hering, continuar� no comando da marca Hering.
Na segunda-feira, em teleconfer�ncia sobre o acordo, F�bio foi o primeiro a falar. O empres�rio lembrou que se relaciona com executivos do Soma h� quase dez anos e que, entre a fam�lia Hering, a decis�o da venda teve repercuss�es positivas.
Jatahy afirmou ainda, na mesma teleconfer�ncia, que algumas marcas do Soma podem partir para o modelo de franquias, modelo j� adotado pela Hering. "Temos baixo conhecimento em gest�o de franquias", admitiu, apontando a experi�ncia dos executivos da Hering nesse formato de distribui��o. "Calculamos R$ 200 milh�es em sinergias a serem capturadas no per�odo de dois a tr�s anos", completou o diretor financeiro do Grupo Soma, Gabriel Lobo.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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