A taxa de desemprego subiu de 14,2%, em janeiro, para 14,4% no trimestre terminado em fevereiro, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (Pnad Cont�nua) divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estat�stica (IBGE). Com isso, o n�mero de desempregados no Pa�s atingiu o n�mero recorde de 14,423 milh�es de pessoas.
Em apenas um trimestre, o total de desempregados deu um salto de 2,9%, representando um conjunto de cerca de 400 mil brasileiros. J� em rela��o a fevereiro do ano passado - per�odo pr�-pandemia da covid-10 - esse n�mero aumentou 16,9%, o equivalente a 2,080 milh�es de pessoas a mais procurando trabalho.
Na avalia��o de especialistas, a despeito das pol�ticas do governo para tentar mitigar os efeitos da pandemia, como a reedi��o do aux�lio emergencial e do programa de manuten��o do emprego e renda, a taxa de desemprego deve continuar a subir nos pr�ximos meses. Analista da Tend�ncias Consultoria Integrada, Lucas Assis prev� um pico no terceiro trimestre deste ano.
"Para a segunda metade do ano, mesmo diante da acelera��o da atividade econ�mica, as vagas geradas no mercado de trabalho n�o devem ser suficientes para absorver os atuais desocupados, tampouco os 10,5 milh�es de novos inativos dos �ltimos 12 meses com perspectivas de buscarem coloca��o ap�s maior flexibiliza��o do isolamento e fim do aux�lio emergencial", avaliou Assis.
J� o economista Bruno Imaizumi, da LCA Consultores, destaca o fato de a informalidade continuar avan�ando mais do que os registros com carteira assinada. Pelos dados do IBGE, em apenas um trimestre, mais 526 mil pessoas passaram a atuar como trabalhadores informais. "Al�m da fragilidade no mercado de trabalho, a qualidade da ocupa��o tamb�m � preocupante", afirmou ele, lembrando que esse grupo de trabalhadores est� menos amparado no momento, visto que o aux�lio emergencial s� foi renovado este m�s e com um valor seis vezes menor do que o do ano passado.
Raz�es
Al�m da quest�o sazonal de dispensa de trabalhadores tempor�rios contratados no fim do ano anterior, o mercado de trabalho tamb�m mostra impacto do recrudescimento da pandemia. Embora as medidas restritivas tenham sido mais marcantes em mar�o, Adriana Beringuy, analista da pesquisa do IBGE, lembra que em fevereiro j� havia sinaliza��o de restri��es, com o cancelamento de eventos como o carnaval. Outro elemento que contribui para a maior busca por trabalho foi a redu��o do aux�lio emergencial, com impacto na renda das fam�lias.
"Se voc� pensar que o valor que est� sendo oferecido � bem menor que o anteriormente conseguido, � natural de se esperar um crescimento de mais pessoas procurando trabalho. O que vimos em 2020 � que muitas vezes a menor procura de trabalho estava ligada �s medidas de restri��o para o combate � pandemia", disse Adriana.
A popula��o inativa - que n�o trabalha nem busca emprego - somou 76,431 milh�es de pessoas no trimestre encerrado em fevereiro, 18 mil a mais que no trimestre anterior. Em rela��o ao mesmo per�odo de 2020, a popula��o inativa aumentou em 10,494 milh�es de pessoas. Entre os inativos, houve um recorde de 5,952 milh�es de pessoas em situa��o de desalento em fevereiro - 229 mil a mais em apenas um trimestre. Esse n�mero forma o grupo de brasileiros que n�o procuram uma nova coloca��o por acreditar que n�o v�o encontrar nenhuma oportunidade. "Mais importante que falar que � o maior contingente de desalentados � dizer que � uma popula��o que n�o para de crescer", ressaltou Adriana, do IBGE.
O economista Rodolfo Margato, da XP Investimentos, acredita que a Pnad s� exibir� sinais de melhora consistente a partir do terceiro trimestre deste ano, ainda que em ritmo moderado. A popula��o ocupada total, segundo ele, deve retornar aos n�veis pr�-pandemia apenas no fim de 2022. "As categorias de emprego informal devem registrar perdas adicionais nas pr�ximas divulga��es mensais, sobretudo em mar�o e em abril, como reflexo das medidas de distanciamento social", estimou Margato. (Colaboraram Guilherme Bianchini e Tha�s Barcellos)
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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