O administrador de empresas e t�cnico do setor de petr�leo e g�s Diego de S� Pires, de 30 anos, tem hoje um d�cimo de uma lancha e tamb�m 10% de um jet-ski. Quando decide usar uma das embarca��es, verifica a disponibilidade em um aplicativo em seu celular. Na data marcada, Pires encontra a embarca��o � sua espera, pronta para uso. Todos os custos de manuten��o, assim como os de seguro, s�o divididos por dez. A promessa de quem faz a venda compartilhada de produtos de luxo � tornar esses bens acess�veis a um n�mero maior de consumidores.
"Al�m do pre�o acess�vel, � c�modo e seguro. Foi a realiza��o de um sonho", diz ele, que fez a primeira aquisi��o de uma cota de embarca��o em 2015. Como existe um mercado de revenda de cotas, o administrador de empresas j� fez a troca algumas vezes e planeja seguir com essa substitui��o por embarca��es mais novas e modernas. "Sem d�vida, a pandemia mostrou para muitas pessoas que o isolamento � necess�rio e, com certeza, n�o existe lugar melhor do que o mar para se isolar", conta.
A pandemia de covid-19 e a necessidade de isolamento social fizeram mesmo o mercado de embarca��es no Brasil dar um salto. A empresa Boatlux, que atua desde 2012 com a venda compartilhada, viu apenas no ano passado as taxas de administra��o de suas franqueadas (as marinas) subirem 50%.
"Toda a ind�stria da �rea n�utica teve crescimento muito grande no ano passado. Em 2016, eu tinha 12 embarca��es; hoje, estamos com 160 embarca��es ativas e estamos vendo uma consolida��o desse modelo de neg�cio", comenta Carlos J�nior, s�cio da Boatlux, que tem presen�a em 18 Estados brasileiros.
H� tamb�m consumidores migrando do formato tradicional para o compartilhado, como no caso de Reinaldo Bonilha, 50 anos, que trabalha com com�rcio exterior e mora em Votorantim (SP). A lancha pr�pria, que ele costuma utilizar para passeios em uma represa em sua cidade, foi comprada h� alguns anos. J� a primeira experi�ncia com compartilhamento veio em setembro de 2020. Ao adquirir um sexto de uma lancha, p�de optar por um modelo maior do que havia imaginado inicialmente. Essa embarca��o fica em Ubatuba, no litoral norte de S�o Paulo. Ele diz que a economia faz sentido: "� um equipamento de alto custo e de pouco uso".
Estilo de vida
De acordo com dados da Associa��o N�utica Brasileira (Acatmar), o ritmo de crescimento do setor dobrou no ano passado, quando a expans�o chegou a 30% - mesmo porcentual mantido no acumulado de 2021. O presidente da entidade, Leandro Ferrari, comenta que o crescimento, impulsionado pela pandemia, tamb�m ocorreu na esteira do mercado mais robusto de seminovos e pelo mercado de venda compartilhada. "Barco n�o � coisa s� para rico."
As vendas compartilhadas t�m representado uma fatia cada vez maior da venda de embarca��es pelas fabricantes - e a tend�ncia deve se intensificar, prev� Allan Triton, dono da Triton Yachts. Segundo ele, das 50 embarca��es vendidas no ano passado, sete foram pelo modo de compartilhamento.
A empresa produz 18 modelos de embarca��es, de pre�os que variam de R$ 250 mil a R$ 4 milh�es. "A procura aumentou muito. Al�m de ser uma forma de lazer de forma isolada, teve ainda a quest�o de restri��es �s viagens internacionais e a atual taxa de c�mbio, o que fez tamb�m com que a demanda crescesse", explica.
Para o principal portal de vendas do setor, o Bombarco, a economia compartilhada veio para ficar. "� uma tend�ncia mundial e est� em crescente expans�o. No Bombarco, percebemos uma procura sobre o tema 30% maior durante a pandemia", afirma Marcio Ishihara, diretor da empresa.
Acima da m�dia
J� All Flags v� o segmento de compartilhamento de embarca��es com um crescimento ainda superior ao projetado pelo resto do mercado. "Vamos vender tr�s vezes mais barcos compartilhados em 2021 do que vendemos no �ltimo ano", comenta o s�cio-diretor da empresa, Paulo Hiroshita. Segundo ele, a pandemia funcionou como um gatilho para o crescimento. "Isso fez com que a n�utica fosse op��o para esse novo estilo de vida. E, dentro da n�utica, a compra compartilhada foi uma excelente alternativa pelas facilidades que oferece."
Segundo ele, o p�blico da venda compartilhada poderia comprar uma embarca��o individualmente, ao contr�rio do que se pode imaginar, mas as facilidades do sistema de cotas acabam sendo atraentes. "Ele quer ter acesso � n�utica sem se preocupar com todas as responsabilidades e demandas que um barco gera. Percebemos que a nova gera��o est� bem alinhada com esse tipo de consumo." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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