Quem acompanhou pelo lado de fora uma constru��o na cidade catarinense de Tubar�o viu, em poucos dias, oito andares se erguerem, mudando a paisagem de forma radical. Na verdade, foram 20 dias para que grandes pe�as - uma esp�cie de "legos gigantes" - fossem acopladas e formassem o empreendimento. Popular no mundo, a constru��o "off-site" (ou seja, longe do local onde ficar� de forma permanente) come�a a ficar mais conhecida no Brasil, em especial porque, em tempos de covid-19, � necess�rio construir hospitais em tempo recorde.
O empreendimento de Tubar�o � o primeiro pr�dio com esse tipo de constru��o na Am�rica Latina - ele funcionar� como edif�cio corporativo. Al�m dos 20 dias para que os m�dulos fossem devidamente unidos no lugar da constru��o, foram necess�rios mais 80 dias para a finaliza��o. Para se ter uma ideia, os banheiros do empreendimento j� chegaram prontos ao local - sendo s� "montados" cada um em seu andar.
A constru��o dos m�dulos ocorreu no parque fabril da startup de constru��o Brasil ao Cubo (BR3), que tem a sider�rgica Gerdau como uma das principais acionistas. Os blocos s� saem para seu destino com instala��es hidr�ulica, el�trica e de cer�mica j� prontas.
O edif�cio pioneiro no Pa�s abrigar�, em seus �ltimos dois andares, a sede da Brasil ao Cubo. No restante haver� �rea para loca��o, servi�o de coworking, al�m de uma loja de conveni�ncia e um caf�, no t�rreo.
O presidente da Brasil ao Cubo, Ricardo Mateus, diz que o potencial desse mercado de constru��o modular � alto - ele prev� que o potencial chegue a R$ 150 bilh�es.
Apesar dessa perspectiva, a "construtech" est�, por ora, focada na constru��o dos hospitais necess�rios neste tempo de pandemia. O primeiro hospital modular foi entregue um ano atr�s, na zona sul de S�o Paulo. Desde ent�o, a demanda cresceu, e a empresa vai finalizar a s�tima unidade em Bras�lia. E diz j� ter mais dez cota��es para esse tipo de obra.
Al�m de hospitais e do pr�dio corporativo, a empresa j� entregou obras industriais, escolas, universidades e cl�nicas odontol�gicas. "D� para fazer o que quiser", garante Mateus.
No mundo, a constru��o modular tem ganhado espa�o na �ltima d�cada. Dentre os exemplos h� o Mini Sky City, um arranha-c�u de 57 andares constru�do em apenas 19 dias na China. Outro � o Clement Canopy, em Cingapura, composto de 1,8 mil m�dulos habitacionais, sendo 505 apartamentos residenciais de luxo. No Jap�o, a constru��o modular residencial j� representa mais de 30% do mercado imobili�rio, com casas sendo montadas em apenas 24 horas.
Diversifica��o
As constru��es modulares fazem parte da estrat�gia de tornar os novos neg�cios respons�veis por 20% da receita da sider�rgica Gerdau em dez anos. Para isso, a Gerdau tem trabalhado com parcerias e incubado startups do ecossistema da constru��o civil.
Foi com esse objetivo que nasceu a Gerdau Builders. Dois anos depois de ajudar a "acelerar" a Brasil ao Cubo e de trabalhar com ela na constru��o de alguns hospitais, a Gerdau comprou, em outubro de 2020 um ter�o da construtech, por R$ 60 milh�es.
O setor que engloba a Brasil ao Cubo, ligado ao aumento da produtividade da constru��o civil, � uma das cinco vertentes de novos neg�cios, �rea que nasceu h� pouco tempo e hoje j� tem um faturamento anual entre R$ 650 milh�es e R$ 1 bilh�o. "J� virou algo relevante", diz Juliano Prado, vice-presidente da Gerdau.
O coordenador do curso de Neg�cios Imobili�rios da FGV, Alberto Ajzental, afirma que, no Brasil, a constru��o civil ainda exige que a f�brica v� at� o local da obra - um modelo que n�o � eficiente. "� arcaico. O modelo modular off-site seria o equivalente de ir do artesanato para uma industrializa��o."
Segundo ele, esse tipo de constru��o, que usa muita tecnologia, tem ainda como vantagem a maior qualidade, controle de produtividade e melhora da efici�ncia. "Al�m disso, esse � um m�todo que fica livre de intemp�ries clim�ticas", diz. Ajzental acredita que a constru��o modular, se padronizada, pode ser um caminho para reduzir o alto d�ficit habitacional no Pa�s. Ele reconhece, por�m, que h� uma barreira cultural no mercado e que a alternativa poder� levar mais tempo para ser aceita por essa raz�o.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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