Parte da ind�stria puxa otimismo na retomada, diz FGV

A melhoria das perspectivas de crescimento da economia neste ano, por causa do desempenho acima do inicialmente esperado no come�o do ano, ainda � marcada pela desigualdade de desempenho entre os setores diante da pandemia. Alguns ramos industriais, como as ind�strias metal�rgica, farmac�utica e qu�mica, est�o na dianteira da retomada, indicam dados das sondagens de confian�a da Funda��o Getulio Vargas (FGV), obtidos com exclusividade pelo Estad�o/Broadcast.

Segundo Aloisio Campelo J�nior, superintendente de Estat�sticas P�blicas do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), os quatro segmentos t�m puxado o bom desempenho da confian�a empresarial, especialmente os de metalurgia e qu�mica, pelo peso relevante que t�m na atividade industrial e na economia como um todo.

Enquanto o setor farmac�utico tem expandido seus ganhos pela caracter�stica singular da crise - provocada por uma pandemia -, os demais segmentos t�m em comum a produ��o tanto de insumos quanto de bens finais para o mercado dom�stico e tamb�m internacional.

"Os produtos intermedi�rios est�o bem no mundo todo. Tem uma certa demanda, certa car�ncia, o que muita gente chama de desestrutura��o das cadeias produtivas, especialmente no in�cio da pandemia. A China come�ou a demandar muito insumo para a recupera��o deles. Existe uma antecipa��o a eventos futuros", disse.

Por outro lado, os subsetores ainda bastante prejudicados na economia s�o o com�rcio de tecidos, vestu�rio e cal�ados; outros servi�os prestados �s fam�lias, que inclui academia e sal�es de beleza; servi�os de alojamento, como o de hotelaria; servi�os de alimenta��o, entre eles os restaurantes; e outros servi�os de transportes, que inclui a avia��o (veja o quadro). "O consumo de bens j� est� em n�veis acima do pr�-pandemia, o que est� segurando � o consumo de servi�os", afirmou.

No caso do com�rcio de tecidos, vestu�rio e cal�ados, o patamar de consumo se mant�m abalado por causa do trabalho remoto e da menor circula��o de pessoas.

Menos roupa e sapato

"Ao que parece, com o home office, as pessoas ainda n�o voltaram a consumir esses produtos como consumiam antes. Gasta-se menos roupa e menos sapatos, por exemplo, porque se anda menos", afirmou Campelo J�nior.

A confian�a empresarial chegou a ser abalada nos primeiros meses deste ano pelo recrudescimento da pandemia de covid-19, especialmente em mar�o. No entanto, o choque n�o foi t�o intenso como o do in�cio da crise sanit�ria, entre mar�o e abril de 2020, e a recupera��o foi bem mais din�mica, o que sugere melhora nos pr�ximos meses, acredita o economista.

Campelo J�nior menciona que as medidas restritivas para conter a dissemina��o do novo coronav�rus n�o foram t�o rigorosas este ano, enquanto que a discuss�o sobre a reedi��o de medidas de socorro do governo �s empresas, como as voltadas �s concess�es de cr�dito e manuten��o do emprego, pode ter ajudado na recupera��o mais r�pida do otimismo empresarial.

A confian�a empresarial apurada pelo Ibre/FGV vinha perdendo f�lego gradualmente desde novembro do ano passado, at� recuar 5,6 pontos em mar�o. No entanto, em abril, houve um crescimento de 4,3 pontos, para o patamar de 89,8 pontos, apenas 6,0 pontos aqu�m do resultado de fevereiro de 2020, no pr�-pandemia.

"Como as coisas n�o v�o voltar ao normal imediatamente, os segmentos que dependem de aglomera��o v�o ter uma melhora gradual. A partir do momento que houver uma percep��o de que a maior parte da popula��o est� sendo vacinada, at� o setor de servi�os pode ter uma expans�o tempor�ria mais forte", previu Campelo J�nior, lembrando que h� um consumo represado de servi�os por parte das fam�lias.

No consumo de produtos, isso aparece na produ��o industrial do IBGE, que caiu 2,4% em mar�o ante fevereiro, depois de ter recuado 1% no m�s anterior. Pesou no resultado o tombo de 8,4% na produ��o de ve�culos, afetada pela falta de pe�as. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.