A pandemia, que colocou boa parte dos brasileiros dentro de casa, mudou os h�bitos do consumidor, que buscou uma renova��o dos eletrodom�sticos. A Whirlpool, a maior fabricante de geladeiras, fog�es e lavadoras do Pa�s, dona das marcas Brastemp e Consul, sentiu o impacto dessa mudan�a no crescimento das vendas desde o ano passado. Mas enfrenta escassez de insumos e infla��o de mat�rias-primas. Os pre�os de a�o, resina, vidro e chip, usados na fabrica��o dos produtos, t�m subido na casa de dois d�gitos desde o final de 2020.
Apesar de o mercado continuar com vendas em alta, mesmo com as fortes press�es de custos que est�o sendo repassadas parcialmente aos pre�os dos eletrodom�sticos, Jo�o Carlos Brega, presidente da Whirlpool para a Am�rica Latina, diz que o momento n�o � para ficar feliz com esses resultados, porque h� mais de 2 mil pessoas morrendo diariamente em raz�o da pandemia.
Engajado no movimento da sociedade civil Unidos pela Vacina, Brega afirma que o foco para a solu��o da crise sanit�ria tem de ser a vacina��o. Ele questiona a efetividade da Comiss�o Parlamentar de Inqu�rito (CPI) da covid como sa�da r�pida para o fim da pandemia e frisa estar confiante nas novas lideran�as pol�ticas que est�o surgindo no Pa�s. "Que a economia vai se recuperar, eu n�o tenho d�vida. A quest�o � quando e quem estar� vivo at� l�." A seguir, principais trechos da entrevista.
Como est� o mercado de eletrodom�sticos e a produ��o da empresa na pandemia?
Houve mudan�a nos h�bitos do brasileiro, por estar mais em casa. O consumidor viu que a geladeira, o fog�o e o forno de micro-ondas eram antigos. Da�, come�ou a investir nos eletrodom�sticos e a demanda cresceu. No terceiro e no quarto trimestres de 2020, o crescimento foi de dois d�gitos. Neste ano, o mercado continua crescendo, mas a taxa � de um d�gito. No entanto, n�o � um per�odo para ficarmos felizes, porque h� entre 2 mil e 3 mil mortes por dia. N�o d� para ignorar a crise sanit�ria e precisamos resolv�-la.
Como est� o ritmo de produ��o nas f�bricas da Whirlpool hoje?
Enfrentamos dificuldades no abastecimento de mat�rias-primas, componentes como chips, e infla��o em d�lar das commodities fora de qualquer par�metro de normalidade. Quanto �s falhas nas entregas de mat�rias-primas e componentes, esperamos que se estabilize no terceiro trimestre. N�o paramos f�bricas, que operam com 85% da capacidade. Se falta algum componente, vamos para a produ��o de outro eletrodom�stico e voltamos.
A press�o de custos est� sendo repassada para o pre�o?
A magnitude da infla��o que fornecedores est�o nos impondo, n�o h� como n�o repassar para pre�os. Mas n�o estamos conseguindo repassar integralmente, nem no mesmo ritmo em que sofremos aumentos.
Qual tem sido esse aumento?
Do fim de dezembro, in�cio de janeiro, estamos com dois d�gitos de aumento nos pre�os do a�o, resinas, vidro.
Ap�s a segunda onda de covid em Manaus (AM), onde a empresa tem f�brica, a situa��o se regularizou por l�?
N�o podemos ter ilus�o: precisamos ter o povo vacinado. O cen�rio � incerto at� termos a crise sanit�ria resolvida. Que a economia vai se recuperar, eu n�o tenho d�vida. A quest�o � quando e quem estar� vivo at� l�. � preciso perguntar o que eu tenho de fazer para encarar a realidade.
O que a empresa tem feito?
A Whirlpool est� envolvida para ajudar o governo. Participamos do movimento Unidos pela Vacina. Doamos m�scaras, EPIs (equipamentos de prote��o individual).
O que o sr. acha da CPI da covid?
Se houve roubo e desvio, deve ser apurado. Sou sempre pela corre��o. Mas existem coisas importantes e urgentes. Temos uma crise sanit�ria com mais de 2 mil mortos por dia. Precisamos ter mecanismos para acelerar a vacina��o. Como conceito, a CPI est� certa, sou a favor. Agora, do ponto de vista pr�tico, n�o sei. Como se corrige o problema? Qual � a solu��o? Sinto que h� momentos em que estamos mais querendo ver o videoclipe Thriller, do Michael Jackson, com aqueles zumbis andando.
Qual a alternativa?
N�o tem her�i, super-homem. O caminho � ter uma proposta para sa�de, educa��o, tamanho do Estado, privatiza��es, reformas. Super-homem a gente j� viu que vem a criptonita e mela tudo. H� jovens capazes de se articular, de propor e ter conhecimento para ter apoio da sociedade. Tenho acompanhado alguns e acredito na nova lideran�a com proposta. Querem que a gente acredite que h� polariza��o pol�tica. N�o acredito.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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