Apesar dos sinais de recupera��o da atividade econ�mica no primeiro trimestre, a taxa de desemprego no per�odo subiu para 14,7%, ante 13,9% no fechamento de 2020, levando o total de desempregados no Pa�s a 14,805 milh�es. Tanto o �ndice quanto o contingente de desocupados s�o os maiores de todos os trimestres da s�rie hist�rica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios Cont�nua (Pnad Cont�nua) do IBGE, iniciada em 2012. S� no intervalo entre dezembro e mar�o, 880 mil pessoas a mais passaram a buscar uma vaga no mercado de trabalho.
"A Pnad retrata um mercado de trabalho enfraquecido, com taxa de desemprego nas m�ximas hist�ricas. E, olhando qualitativamente, uma s�rie de indicadores corrobora essa vis�o, com desalento tamb�m elevado. N�o h� ocupa��o suficiente para esses trabalhadores, e eles est�o perdendo o �mpeto de procurar emprego", afirma o economista s�nior do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier.
Se forem considerados todos os brasileiros que est�o subutilizados, faltou trabalho para in�ditos 33,202 milh�es no Pa�s no primeiro trimestre. Essa conta inclui quem busca emprego, quem trabalha menos horas do que gostaria e poderia e ainda os que est�o dispon�veis para trabalhar, embora n�o estejam buscando vaga - caso dos chamados desalentados. � um n�mero equivalente ao da popula��o de pa�ses como Peru ou Angola.
Para Lucas Assis, analista da Tend�ncias Consultoria Integrada, o mercado de trabalho foi afetado pela dispensa de trabalhadores tempor�rios contratados no fim do �ltimo ano, mas tamb�m pelas restri��es ao funcionamento das atividades em fun��o da pandemia. Por outro lado, as pol�ticas de isolamento social relativamente mais brandas e o fim tempor�rio do aux�lio emergencial ampliaram a oferta de m�o de obra, justificou o analista da Tend�ncias, que prev� uma taxa de desocupa��o m�dia de 14% em 2021, acima dos 13,5% registrados em 2020.
Assis reconhece o risco de poss�veis instabilidades, como uma eventual terceira onda de covid-19, mas prev� gera��o de vagas nos pr�ximos meses em decorr�ncia da maior resili�ncia da atividade econ�mica dom�stica e de pol�ticas de governo, como a renova��o do programa de manuten��o do emprego e renda.
"Aumentar a desocupa��o no primeiro trimestre de cada ano n�o � uma situa��o espec�fica deste ano de 2021, � um comportamento relativamente esperado para este momento do ano. O que a gente tem � que essa sazonalidade pode estar sendo refor�ada pelo ac�mulo que a gente vem tendo ao longo de 2020 de uma queda muito significativa de pessoas ocupadas", diz Adriana Beringuy, analista da Coordena��o de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Os que contribu�ram para o aumento na desocupa��o foram as mulheres, foram pretos e pardos e, em termos regionais, foram Norte e Nordeste do Pa�s."
Pelos dados do IBGE, a popula��o ocupada somou 85,650 milh�es de pessoas no primeiro trimestre, 529 mil a menos em um trimestre. Em rela��o a um ano antes, 6,573 milh�es de trabalhadores perderam seus empregos. Em relat�rio, a XP Investimentos afirmou esperar melhora em ritmo moderado do emprego nos pr�ximos meses, mas ainda assim prev� que a popula��o ocupada s� vai retornar aos n�veis pr�-pandemia ao fim de 2022.
Inativos
A taxa de desemprego no trimestre s� n�o foi maior porque a popula��o inativa aumentou em 225 mil pessoas no per�odo. Em rela��o ao mesmo per�odo de 2020, esse n�mero cresceu em 9,202 milh�es.
Segundo especialistas, a melhora do mercado vai depender da capacidade da economia interna de gerar postos de trabalho em quantidade suficiente para absorver toda essa m�o de obra que deve voltar a ficar dispon�vel nos pr�ximos meses. A estabilidade da chamada taxa de participa��o - que mostra a propor��o de pessoas em idade de trabalhar participando efetivamente do mercado de trabalho - foi destacada pelo economista Daniel Duque, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre-FGV). Ele j� esperava um aumento do retorno dos inativos em busca de emprego.
"(A taxa de participa��o) Est� parada desde novembro, as pessoas n�o est�o voltando ao mercado de trabalho. � algo bastante at�pico. Est� cinco pontos porcentuais abaixo do pr�-pandemia", diz ele, que espera que a taxa de desemprego ainda avance nas pr�ximas leituras da Pnad Cont�nua, encerrando o ano de 2021 com uma m�dia de 14,8%.
A taxa de desocupa��o alcan�ou patamar recorde em 12 das 27 unidades da Federa��o no primeiro trimestre: Rond�nia (11,4%), Tocantins (16,3%), Maranh�o (17,0%), Piau� (14,5%), Cear� (15,1%), Pernambuco (21,3%), Alagoas (20,0%), Sergipe (20,9%), Bahia (21,3%), Minas Gerais (13,8%), Rio de Janeiro (19,4%) e Goi�s (13,5%). No Estado de S�o Paulo, a taxa de desemprego ficou em 14,6%. (Colaboraram Guilherme Bianchini, Tha�s Barcellos, �rika Motoda, Wesley Gonsalves, Jullie Pereira da Silva e Sarah de Paula Americo)
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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