A escalada mais recente da infla��o fez o Banco Central elevar, pela terceira vez consecutiva, a taxa b�sica de juros. A decis�o anunciada na noite de quarta-feira, 16, pelo Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) foi de uma alta de 0,75 ponto porcentual, levando a Selic de 3,50% para 4,25% ao ano. Com isso, os juros no Pa�s retornaram ao patamar de fevereiro de 2020 - antes da pandemia de covid-19.
Al�m de elevar a Selic, o BC sinalizou que pretende fazer um novo aumento de 0,75 ponto porcentual no pr�ximo encontro do Copom, marcado para 3 e 4 de agosto. Alguns economistas do mercado financeiro, por�m, veem a possibilidade de uma alta de at� 1 ponto porcentual em agosto, caso a infla��o n�o d� tr�gua at� l�. O BC tamb�m passou indica��es de que o atual ciclo de alta tende a colocar a Selic em patamar mais elevado do que o previsto inicialmente.
"O comunicado (divulgado pelo Copom) foi um pouco al�m do que a gente esperava", disse o economista-chefe da Genial Investimentos, Jos� M�rcio Camargo, ao avaliar a decis�o do BC. "Se a expectativa de infla��o seguir aumentando, o pr�ximo reajuste pode ser superior a 0,75 ponto porcentual", acrescentou.
J� o economista-chefe da Ativa Investimentos, �tore Sanchez, classificou o comunicado como "hawkish" ("duro", no jarg�o do mercado financeiro). "Podemos classificar o comunicado como hawkish, uma vez que a autoridade abriu caminho para uma eleva��o de 1 ponto na pr�xima reuni�o."
O aumento do juro b�sico deve se refletir em taxas banc�rias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decis�o do BC e o encarecimento do cr�dito (geralmente, entre seis e nove meses). A eleva��o da taxa tamb�m pode afetar o consumo da popula��o e os investimentos produtivos.
Por tr�s do movimento, est� a preocupa��o do BC com o avan�o da infla��o no Pa�s nos �ltimos meses. S� em maio, a taxa bateu em 0,83% - o maior porcentual para o m�s desde 1996. No acumulado dos �ltimos 12 meses, a varia��o chega a 8,06%, puxada em grande medida pelos pre�os administrados pelo governo, como energia e combust�veis.
Nas pr�prias proje��es do BC, atualizadas ontem, a expectativa para a infla��o este ano � de 5,8%. Este porcentual j� est� acima da meta perseguida pela institui��o em 2021, inclusive se for considerada a "margem de toler�ncia". O centro da meta � de 3,75%, com margem de 1,5 ponto (ou seja, uma infla��o de at� 5,25%).
A decis�o de ontem era largamente aguardada pelo mercado financeiro. De um total de 54 institui��es consultadas pelo Proje��es Broadcast, 53 esperavam pelo aumento da Selic em 0,75 ponto, para 4,25% ao ano.
'Maior do que o esperado'
Ao justificar a decis�o de ontem, o BC afirmou que a persist�ncia da press�o inflacion�ria est� "maior que o esperado". Desde o ano passado, a institui��o vem citando os efeitos da alta de pre�os de alimentos e combust�veis como fatores para a escalada da infla��o.
Desta vez, o BC acrescentou um ingrediente ao cen�rio: a seca que atinge as hidrel�tricas e tende a elevar os pre�os da energia, como forma de compensar os gastos extras que o Pa�s ter� com a produ��o das termoel�tricas.
Na ter�a-feira, durante audi�ncia p�blica na Comiss�o de Minas e Energia da C�mara, o diretor-geral da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel), Andr� Pepitone, disse que at� o fim deste m�s vai definir os novos valores das bandeiras tarif�rias. O reajuste do patamar mais alto, a bandeira vermelha 2, deve ultrapassar os 20% previstos inicialmente pela ag�ncia.
Ao mesmo tempo, o BC teme que o avan�o da vacina��o fa�a os brasileiros consumirem mais servi�os nos pr�ximos meses - o que tamb�m pode impulsionar os pre�os neste setor da economia. Na outra ponta, a recente queda do d�lar ante o real � um fator de al�vio para a infla��o.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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